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“Tem que trabalhar, senhora”
Em 2008, o Subsídio a Pais Solteiros passou a integrar o serviço de Renda de Solidariedade Ativa na França. Desde então, a administração pressiona mulheres que criam seus filhos sozinhas a entrar para o mercado de trabalho. Enquanto o número de empregos assistidos diminui, as subsidiadas sofrem uma pressão à qual não conseguem resistir, sem a liberação da obrigação de serem “boas mães”
No Equador, o banqueiro, o iogue e a esperança
Em 7 de fevereiro acontece o primeiro turno das eleições presidenciais equatorianas. O chefe de Estado em fim de mandato, Lenín Moreno, fez de tudo para destruir a herança da esquerda, da qual, no entanto, é oriundo. A crise de seu governo constitui um revés para os conservadores e intelectuais desnorteados que ele logrou seduzir. A esperança voltará ao país?
Como o chimarrão argentino resiste à Covid-19
Se a Covid-19 mata, ela tem também outro impacto, provocando incontornáveis transformações radicais no cotidiano diante da débil capacidade de reação à pandemia. Na Argentina, o dia é pontuado pelo compartilhamento – em família, no trabalho, entre amigos – de uma infusão, o chimarrão, um ritual que a doença ameaçou. Só por um tempo…
Na Índia, a maior greve do mundo
Em plena crise sanitária, o governo indiano promulgou três decretos para uma brutal desregulamentação do sistema público alimentar e agrícola. Desde sua aprovação pelo Parlamento, em meados de setembro de 2020, essas leis suscitaram um movimento de protesto inédito em todo o país, marcando o fim de um pacto moral entre governo e campesinato
Sangue e lágrimas nas luvas malaias
Agora que o uso de luvas de látex ou nitrilo explode com a pandemia de Covid-19, os industriais da Malásia, maiores produtores mundiais, exploram uma mão de obra barata proveniente dos países vizinhos. A armadilha da dívida então se fecha sobre os imigrantes, obrigados a pedir empréstimos para ter o direito de trabalhar
Praça Tahrir, um símbolo sitiado
Epicentro da revolução egípcia há dez anos, a Praça Tahrir, no Cairo, esteve no coração dos confrontos e da mobilização que levaram à queda do presidente Hosni Mubarak em 11 de fevereiro de 2011. Desde o golpe de Estado militar perpetrado em 3 de julho de 2013, o regime se reapropriou do lugar, limpando-o de qualquer vestígio da revolta popular
Após os anos de “desordem”, o governo egípcio procura recuperar a influência
Enquanto crescem as violações dos direitos humanos, o presidente Al-Sisi tenta colocar o Egito de volta ao centro do jogo diplomático regional. Ele quer fortalecer suas relações com a Arábia Saudita e evitar tensões com o novo governo dos Estados Unidos. O Egito não descarta intervir na Líbia e busca aliados para impedir o projeto da barragem etíope nas nascentes do Nilo
Pequenas poupanças arruinadas na Ucrânia
Desde 2014, a Ucrânia expurgou de seu sistema bancário mais de uma centena de estabelecimentos. Essa guerra econômica, que passou despercebida em razão dos enfrentamentos armados em Donbass, foi feita em nome da luta contra a corrupção. Mas ela arruinou milhares de pessoas que tinham pequenas economias e apenas embaralhou as cartas dentro da oligarquia –sem fazê-la vacilar
A Escócia sonha com a independência
O Reino Unido às vezes parece um jogo de varetas no qual a retirada da vareta “União Europeia” ameaça o todo com um colapso geral. Com a entrada em vigor do Brexit, no início de 2021, Edimburgo retoma as esperanças de autonomia em relação ao Reino Unido. A Escócia continua presa entre um futuro britânico que não deseja mais e a independência que ainda não pode reivindicar
O enigma do La Coubre
Em março de 2021 completam-se 61 anos da dupla explosão no Porto de Havana que provocou a morte de setenta pessoas. Acidente, sabotagem ou atentado? Os revolucionários, que um ano antes haviam derrubado o ditador Fulgencio Batista, conduzem a investigação. Documentos recentemente revelados lançam uma nova luz sobre o caso
A corrida infernal dos pequenos produtores do campo
Todos os dias, um agricultor comete suicídio, o que faz dessa categoria socioprofissional a maior vítima do flagelo dos suicídios na França. Forçados a uma corrida desenfreada pela produção, a fim de compensar os preços miseráveis, os produtores de leite se imaginam “empresários”, mas vivem como escravos dos grandes grupos para os quais trabalham
Paranoias norte-americanas
Novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden afirmou logo de início sua vontade de reconciliar um país dilacerado, rompendo ostensivamente com a herança de seu predecessor. Concretizar esses dois objetivos será delicado, pois republicanos e democratas se odeiam e a amargura paranoica de uns conforta as tentações disciplinadoras de outros
A unidade em torno da política social neoliberal e regressiva de Paulo Guedes
A unidade prevalece na relação da classe dominante com o governo Bolsonaro, mas não exclui conflitos secundários e de curto alcance. Estes são de dois tipos: conflitos entre as diferentes frações burguesas diante da política econômica e conflitos de uma ou mais dessas frações com o movimento bolsonarista que não é burguês. Esse segundo tipo de conflito se dá, principalmente, nas áreas de política externa, política democrática e política de costumes
A frente neocolonial
O bolsonarismo se apoia na burguesia comercial improdutiva, na burguesia industrial dependente e importadora, no setor extrativo atrasado e ilegal, no agronegócio desregulado e em uma infinidade de “pequenos empreendedores”, uberizados e precarizados. O setor financeiro foi conquistado a posteriori, no segundo turno da eleição presidencial, com o aval do ultraliberalismo de Paulo Guedes
As classes dominantes e o governo Bolsonaro
Acima dos interesses particulares das distintas frações do capital e da burguesia, deve-se reconhecer a existência de um amplo consenso entre todas elas, qual seja: a defesa e a execução das reformas e políticas econômico-sociais neoliberais, com a destruição dos direitos sociais e trabalhistas conquistados desde os anos 1930 e ampliados na Constituinte de 1988
Rumo ao Quinto Mundo?
Ainda não chegamos ao fundo do poço. Ou seja, a situação ainda pode piorar, e muito! Esse cenário desolador e de barbárie, no entanto, não pode ser atribuído somente aos criminosos que estão no governo. Aprendemos com a história quem são os verdadeiros donos do poder neste país.
“Calem a boca!”
No entanto, quando os direitistas norte-americanos se indignam com isso, sentimo-nos quase tentados a perguntar-lhes: não foram vocês e seus pensadores de Chicago os responsáveis pela ideia de que o poder público não deve reprimir o poderio das empresas nem a fortuna de seus proprietários, legitimados a seu ver pela livre escolha dos consumidores? Pois bem, hoje vocês próprios se tornaram vítimas desse “populismo de mercado”.