R$ 24,00
Gangues, acordeão e política
No Lesoto – o país mais mortífero do continente africano –, a música e a criminalidade andam de mãos dadas. Aos confrontos entre gangues soma-se o conluio entre músicos e as elites dirigentes. Entretanto, uma nova geração de artistas deseja se distanciar das rixas de sangue
A África através do espelho distorcido das mídias francesas
Ignorância? Oficialismo acrítico? Patriotismo equivocado? A mídia francesa abraça facilmente o discurso oficial quando se trata da África. As intervenções militares seriam assim “úteis” e “desinteressadas”. Esse tratamento tendencioso torna compreensível o fracasso de operações como Barkhane ou a crescente impopularidade de Paris no continente
Está aberta a caça aos oligarcas russos
Principais beneficiários da liberalização econômica empreendida pela Rússia na virada dos anos 1990, os oligarcas construíram fortunas que agora estão na mira das sanções. Acusada pelas potências ocidentais de proximidade com Vladimir Putin ou por Moscou de traição, essa casta de magnata não mais desfruta da tolerância que encontrava no Ocidente
Uma voluptuosa lavagem cerebral
Em resumo, ainda que a associação não tenha observado “neutralidade” alguma entre o agressor e o agredido, ela errou. Porque toda informação suscetível de frear a mobilização em favor de um país que, como repetem os oficiais franceses, “bate-se por valores que partilhamos” deve ser desacreditada pelo fato de que ela faria “o jogo de Putin”.
Viagem ao Donbass ocupado
Jornalistas ocidentais raramente entram no Donbass, exceto por algumas viagens de imprensa organizadas. Nosso enviado especial pôde ir até lá no fim da primavera e circular sem escolta. De Donetsk, sob fogo ucraniano, a Mariupol, desfigurada pelos bombardeios russos, acompanhe a história da guerra deste lado do front
Ucrânia, a guerra a todo custo
Enquanto a lógica das armas continua a prevalecer, a Rússia procura retirar da Ucrânia qualquer valor estratégico. A perspectiva de uma anexação de novos territórios por Moscou diminui ainda mais a esperança de uma trégua negociada entre os beligerantes. Por sua vez, os aliados ocidentais de Kiev continuam vagos sobre seus objetivos e sem solução para a crise
Armações em torno da madeira romena
A economia paralela representaria cerca de um terço da produção de riqueza na Romênia. Classificado entre os mais atingidos pelos desvios de dinheiro público na Europa, o país – que entrou para a União Europeia em 2007 – acumula escândalos, a despeito das alternâncias no poder. O exemplo da madeira permite apreender o caráter sistêmico da corrupção
Washington e Pequim brincam com fogo
O que queria Nancy Pelosi quando foi para Taipei no início de agosto? Apenas um golpe publicitário? Ou ela gostaria de provocar Pequim, forçando Joe Biden e seu governo a acelerar na região uma mudança da histórica política dos Estados Unidos? Esta combina o reconhecimento de “uma única China” com certa proteção a Taiwan
Para onde vão as contrarrevoluções árabes?
O bloqueio das instituições liderado há um ano pelo presidente tunisiano, Kaïs Saïed, parece ter fechado simbolicamente o parêntese democrático iniciado no Magreb e no Maxerreque em 2011. Esse congelamento é definitivo? Sem uma doutrina ideológica clara e projetos econômicos viáveis, as autocracias do mundo árabe mais cedo ou mais tarde sofrerão novos protestos de massa
O retorno do clã Marcos nas Filipinas
Símbolo, nos anos 1970-1980, da opressão do povo filipino, da corrupção e do luxo ostensivo, o casal Marcos cativava o Ocidente: quem não tinha ouvido falar dos milhares de pares de sapatos de Imelda? No entanto, 36 anos após a derrubada da ditadura familiar, o filho Ferdinand “Bong Bong” Marcos Jr. retomou o poder, democraticamente
Como será a Constituição do Chile?
Tendo por muito tempo feito o papel de vitrine do neoliberalismo, o Chile não para de decepcionar seus admiradores de outrora: em poucos anos, esse campeão das desigualdades retomou as mobilizações populares, elegeu um presidente de esquerda e embarcou em um processo de redação de uma nova Constituição, que vai substituir o texto herdado da ditadura
Por que Lula girou ao centro?
O PT e seu candidato decidiram por concluir um giro ao centro, calculando que essa política multiplicaria as chances de vitória, até mesmo no primeiro turno
A política da fome
Passados mais de três anos, o cenário consegue superar qualquer previsão. Se indícios demonstravam o desastre que estava por vir, o presente escancara a fome e as demais manifestações de insegurança alimentar em patamares jamais vistos no país
A decadência socioambiental do Brasil
O governo possibilitou a impunidade dos que praticam crimes ambientais, acabou com a participação nos conselhos de acompanhamento das políticas socioambientais e enviou vários projetos de lei ao Congresso para fragilizar o Código Florestal, viabilizar a grilagem, inundar o país de agrotóxicos, enfraquecer o licenciamento ambiental e permitir a predação das terras indígenas
Ataque, asfixia e confusão nas instituições de fomento à ciência
A intervenção nas agências de fomento tem trazido sérias consequências para as instituições de pesquisa nacionais. Sem recursos suficientes, vários trabalhos são interrompidos, levando os pesquisadores a mudar de país ou de área profissional
Um legado de perdas e danos
Além de todo o desmonte orçamentário, nos últimos quatro anos a educação, a ciência e a tecnologia sofrem com ataques e perseguições aos professores, técnicos, estudantes e reitores, bem como aos diferentes pensamentos
Os descaminhos do combate à corrupção
A verdade é que o arcabouço institucional de controle e combate à corrupção foi enfraquecido ao longo destes quase quatro anos de governo Bolsonaro, mitigando o fenômeno. O presidente sabe que, quando se trata de corrupção, o tapete é a serventia da casa
Que democracia reconstruir?
Embora a derrota de Bolsonaro seja obviamente uma prioridade absoluta, a fim de frear a destruição do país hoje em curso, ela não basta para garantir a efetiva redemocratização do país
Dos crimes e discursos de ódio no contexto eleitoral
A estigmatização, a desumanização e a fabricação de inimigos e bodes expiatórios são técnicas discursivas conhecidas dos regimes nazistas e fascistas, os quais assumiram o poder pelo voto. Atribuir as causas de todas as mazelas a determinadas pessoas é muito mais fácil do que chamar para si a responsabilidade e dedicar-se ao estudo das causas de problemas complexos
O futuro está em jogo
Mas quem vai decidir a eleição são os mais pobres, a maioria do povo brasileiro. E é aí que se concentra a campanha eleitoral na qual a extrema direita assume a mentira como arma de guerra e não tem restrições em falsear a verdade e tentar destruir a reputação de seus adversários, tratados como inimigos a serem eliminados.
Até onde, até quando?
Seis meses depois de ter invadido a Ucrânia, a Rússia pensa em anexar uma parte do território que ocupa. Por sua vez, os países ocidentais fornecem ao país agredido armas cada vez mais sofisticadas e, ao mesmo tempo, enviam pelotões de “conselheiros militares”.