R$ 24,00
Deslocamento europeu
O Velho Continente escreve seu futuro ampliando seus erros passados: a exploração da mão de obra barata, um sentimento de insegurança econômica crescente nas classes populares das nações do oeste e uma sensação de subordinação, de colonização que não diz seu nome, no leste
Cadê as TVs?
Por que não podemos acessar as TVs dos nossos países vizinhos? O fortalecimento dos laços regionais tem um amplo campo de oportunidades com uma maior abertura cultural
O que queremos com uma reforma tributária?
No Brasil, enquanto os 10% mais pobres pagam o equivalente a 26,4% de sua renda em impostos, os 10% mais ricos pagam 19,2%. Obviamente, os grupos sociais com amplo acesso aos grandes meios de comunicação influenciam a manutenção desse quadro. Para a maioria da população, contudo, um sistema tributário desejável deve ser aquele no qual a tributação direta seja muito maior, e a indireta, muito menor
Por um sistema tributário a favor do Brasil
A estrutura tributária brasileira afeta desproporcionalmente os mais pobres por causa do alto peso dos impostos indiretos. A classe média também sofre com a regressividade. Por outro lado, os mais ricos se beneficiam significativamente do sistema tributário, dotado de instrumentos que isentam as altas rendas e parcelas relevantes das rendas de capital de tributação
Entre a esperança e a realidade
A reforma tributária brasileira é apresentada como uma estratégia para impulsionar o crescimento econômico, gerar empregos, reduzir desigualdades e simplificar nosso complexo sistema tributário. Resta saber se, na prática, a teoria será tão bonita quanto no papel
Impostos, conjuntura e mudanças climáticas
A reforma tributária permite algumas mudanças, mesmo que limitadas, nas políticas econômicas que trouxeram o Brasil à posição nada gloriosa de sétimo maior poluidor mundial. Contudo, em um presidencialismo de coalizão, não se faz uma reforma que vem sendo adiada por décadas sem negociações
A Argentina e Milei sob as sombras do século XIX
O que o presidente recém-eleito Javier Milei pretende ao remontar um passado idealizado da Argentina? Ele explicitamente ignora as reivindicações sociais e as lutas políticas dos próprios imigrantes que impulsionaram a economia no século XIX. E defende uma reinserção subalterna ao que agora se chama de cadeias globais de produção. No entanto, as conjunturas de 130 anos atrás não voltam mais
O refluxo da “segunda onda progressista” na Argentina
Gastando perto de 2% do PIB na campanha por meio de isenção de impostos e concessão de benefícios temporários aos setores empobrecidos, movendo a máquina eleitoral a todo vapor e promovendo uma estratégia internacionalizada de marketing de causar inveja, Massa teve de reconhecer que o triunfo do primeiro turno não passou de uma vitória de Pirro
Como o Equador desceu ao inferno
Até meados da década de 2010, o Equador apresentava níveis de homicídios singularmente baixos. Agora, o pequeno país andino é um dos mais perigosos da América do Sul. Impulsionada pelo retorno dos conservadores ao poder em 2017, essa virada para a violência favoreceu seu candidato no segundo turno das eleições presidenciais de outubro. Como explicar esse paradoxo?
Quando o computador ajuda o juiz a prender
É preciso colocar um acusado em prisão preventiva? Qual pena impor a um condenado? Para responder a essas perguntas, alguns juízes norte-americanos utilizam algoritmos que analisam milhares de casos anteriores e calculam a probabilidade de reincidência para cada réu. Oficialmente, o método visa reduzir o recurso a fianças e aliviar a superlotação nas prisões. No entanto, ele não está livre de problemas…
E por que não um Estado binacional?
O que acontecerá com os habitantes de Gaza? Após décadas de domínio israelense, vislumbra-se a perspectiva de uma nova Nakba (catástrofe), a expulsão das populações civis. Ao contrário da solidariedade expressa pelas nações latino-americanas, a maioria dos países ocidentais, incluindo a Alemanha, mostra pouca disposição para moderar a fúria vingativa de Tel Aviv após os massacres cometidos pelo Hamas. Essa tolerância se explica, em parte, pela instrumentalização da memória do Holocausto e dos crimes antissemitas. O antigo sonho de um Estado binacional para judeus e árabes, outrora alimentado por uma facção do movimento sionista, agora parece ser uma utopia
Uma implacável lógica de expulsão
As retaliações cegas de Israel em resposta aos massacres cometidos pelo Hamas em seu território devastaram Gaza. Além dos milhares de mortos e feridos, agora há o risco de um deslocamento em massa dos palestinos para o Egito
A Alemanha joga sua culpa nos ombros dos palestinos
Aliada indefectível de Israel por razões históricas facilmente compreensíveis, a Alemanha adotou desde 7 de outubro uma posição de apoio incondicional ao governo de extrema direita de Tel Aviv. Nesse processo, o país reprime as populações muçulmanas em nome da luta contra o antissemitismo
A instrumentalização do antissemitismo
O temor do ressurgimento de uma judeofobia violenta enfrenta o de uma repetição da Nakba de 1948. Mesmo que seja necessário levar em consideração essas duas angústias para pensar a paz, é preciso não se esquecer de que, nessa guerra, os palestinos são os mais fracos e os menos protegidos
Uma América Latina ao lado de Gaza
“A história não perdoará os indiferentes”, alertou o presidente cubano Miguel Díaz-Canel sobre as operações militares realizadas por Israel contra Gaza. Quase 10 mil quilômetros separam as costas latino-americanas das terras palestinas, mas, de Havana a Santiago, o ressurgimento da violência no Oriente Médio provoca posições que são tão mais fortes quanto mais raras se mostram pelo mundo
Bulgária: a terra da segurança privada
Nascidas entre as ruínas da ordem pública comunista, as empresas de segurança privada da Bulgária têm hoje quase tantos efetivos quanto as da França, em uma população dez vezes menor. E não se limitam a garantir a proteção da propriedade, servindo também como um substituto dos serviços públicos e prosperando no cruzamento de múltiplos interesses entre a vida política, os círculos criminosos e os poderes financeiros
Geopolítica dos abismos
A atividade de mineração se apropriará dos grandes abismos marinhos? Além das dificuldades técnicas para extrair metais e terras-raras, a legislação internacional tenta conter essa atividade, mesmo que seu desenvolvimento pareça inevitável. Diante da relutância de muitos países europeus, a China e os países em desenvolvimento estão decididos a tirar partido das futuras explorações
O cenário impossível de +4 graus e como se proteger contra ele
A cidade futurista ultraclimatizada de Dubai sedia em dezembro a 28ª Conferência do Clima da ONU. Este ano, o principal objetivo dos signatários dos Acordos de Paris de 2015 é encontrar meios de financiar mais adequadamente a adaptação aos desequilíbrios em curso. A França também quer discutir o acompanhamento necessário para um cenário de mais 4 graus até ao fim do século. Um pesadelo
Fogo no direito de guerra
Depois de semanas de bombardeios, em 22 de novembro Israel e Hamas concordaram com uma trégua. No entanto, esse alívio está longe de atender às necessidades dos habitantes de Gaza. O cerco ao enclave, bombardeado por uma potência ocupante que bloqueia a ajuda humanitária e a liberdade da imprensa, constitui uma violação extrema do direito internacional pós-1945
Miscelânea
Confira as resenhas dos livros “A militarização da política no Brasil contemporâneo”, “Eu, você e a quimera em movimento” e “Escova de dentes”