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A tirania da benevolência
A gestão da crise sanitária apoia-se na obrigação de cada um se proteger e proteger os demais, especialmente os “mais vulneráveis”. O governo francês apela ao altruísmo e, em caso de negligência, a punições. Mas esse chamado à responsabilidade revela uma incitação virtuosa ou um empreendimento de redefinição do cidadão?
As ilusões do decrescimento
Para alguns ecologistas, a crise ambiental atingiu um nível tal que uma única solução se impõe: o decrescimento. Segundo eles, as mudanças climáticas não provêm de um modo de produção guiado pelo mercado e, portanto, irracional: elas decorrem do crescimento, que infla a demanda energética e trava o objetivo de descarbonizar a economia. Como a redução da produção de bens produziria o efeito inverso, seria conveniente cortar a atividade. Uma análise coberta de dificuldades
O desastre. E depois?
O Centro Nacional da Música, na França, acaba de ser aberto. Encarregado especialmente de colocar em prática uma política de apoio à criação não diretamente “rentável”, ele terá de enfrentar a devastação promovida pela crise sanitária e, a longo prazo, as pressões dos interesses comerciais
Quem vai parar a máquina repressiva?
Apoiado pelos principais sindicatos de policiais, o projeto de lei sobre segurança global foi votado pela Assembleia Nacional francesa em 24 de novembro. Ele estende uma tendência repressiva que, da luta contra o terrorismo ao estado de emergência sanitário, vincula a segurança à restrição de liberdades. E se essa estratégia se mostrasse contraprodutiva?
A capa de toureiro da liberdade universitária
Se a liberdade de ensino e de pesquisa não é submetida a nenhuma forma de censura, ela necessita também que o conjunto da comunidade universitária possa trabalhar com serenidade. A batalha da liberdade universitária é tanto uma questão de interesse financeiro como de grandes princípios
A indestronável monarquia britânica
Depois da Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales, o norte da Inglaterra experimenta um movimento político em favor da independência. Tensões nacionalistas, caos parlamentar por ocasião do Brexit, fiasco na luta contra a Covid-19: a tempestade parece estar varrendo tudo no Reino Unido. Tudo exceto a Coroa, que continua a proporcionar um senso de coesão à maioria dos britânicos
Fantasmas em torno de uma “ofensiva chinesa” nas Nações Unidas
Na esteira de Donald Trump, diversos comentaristas estimam que a China está no rumo de fagocitar a ONU. Se é difícil medir uma influência difusa, os dados objetivos mostram que a realidade está longe de corresponder à fantasia. Por ora, com objetivos comerciais ou para legitimar suas ações, Pequim visa apenas comandar algumas agências
A lua de mel entre os países do Golfo e Israel
Rompendo com a política de isolamento e boicote a Israel que prevalecia na região havia mais de cinquenta anos, os Emirados Árabes e o Bahrein assinaram um acordo de reconhecimento mútuo com Tel Aviv no dia 15 de setembro. Enquanto a Arábia Saudita reluta em dar esse passo, outros países árabes estão sendo encorajados pelos Estados Unidos a também se envolver na normalização
A emergência de uma indústria farmacêutica africana
A África do Sul, ao lado da Índia, pediu à Organização Mundial do Comércio (OMC) que suspendesse a propriedade intelectual de vacinas e medicamentos durante a pandemia. Trata-se de garantir à população o acesso a tratamentos mais baratos. Apesar do surgimento de uma indústria local, a África continua dependente de grupos farmacêuticos estrangeiros
As redes “feministas” das maiores empresas cotadas na Bolsa de Paris
Tão discreta quanto eficaz, a atuação de redes patronais permitiu a adoção em 2011 de uma lei que impõe a quase paridade entre os gêneros nos conselhos de administração das grandes corporações francesas. No entanto, a influência das mulheres de negócios sobre o governo afasta as associações feministas, enquanto seu ativismo permite a multinacionais pouco preocupadas com os direitos trabalhistas dourar sua imagem
A vingança do campo
Uma casa com jardim, protegida do estresse das grandes cidades… A ideia seduziu muitos habitantes urbanos castigados pela crise sanitária. Entretanto, a qual “vingança do campo” assistimos atualmente?
Periferias de São Paulo: conjuntura e pós-pandemia
O Brasil entrará em 2021 com aproximadamente 180 mil mortes ocasionadas pela Covid-19, a maioria nas periferias. Até novembro de 2020, entre 15 mil e 20 mil pessoas haviam morrido por causa da doença nas periferias paulistanas. Há um evidente entrelaçamento entre cidade, sociedade e pandemia. Pensar a cidade que queremos levando em conta o caos em que estamos é o desafio imediato que se coloca para os setores progressistas da sociedade e para moradoras e moradores das periferias
Emergência climática e o futuro das cidades
Tempestades, ciclones e outros eventos meteorológicos extremos têm causado enormes prejuízos às vidas e à economia urbana. São muitas as consequências, e não se pode mais dizer, como anos atrás, que as mudanças climáticas são uma ameaça silenciosa. São, ao contrário, uma ruidosa realidade do tempo presente
Um trumpismo sem Donald Trump
Joe Biden promete promover uma restauração em Washington, no que seria uma espécie de terceiro mandato de Barack Obama. Porém, mesmo esse objetivo pouco ambicioso parece distante. Os apoiadores de Trump contestam apaixonadamente o resultado das eleições e contam com um Partido Republicano cujo poder permanece intacto
O grande desfile de lágrimas
Chorar é o suficiente para dizer a verdade? Essa questão poderia explicar por que, em um período em que a mentira domina a vida política e as redes sociais norte-americanas, as lágrimas tenham inundado a cena
A amarga vitória democrata
As primeiras escolhas de Joe Biden para postos-chave de sua administração (Relações Exteriores, Finanças, Meio Ambiente) ameaçam decepcionar quem espera mudanças profundas na Casa Branca. Entretanto, mesmo uma política pouco ambiciosa enfrentará muita resistência de um Partido Republicano que não sofreu a derrota que se esperava
A implosão do sistema político
É voz corrente que o desencanto e a frustração marcam o momento histórico que vivemos. O sistema político do país é mal avaliado pelos brasileiros e brasileiras, mas essas posturas podem estar mudando se olharmos para os resultados das eleições municipais deste ano.