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No Congo, o candidato derrotado… é eleito
Organizadas com dois anos de atraso, as eleições na República Democrática do Congo resultaram em um arranjo político sem relação com a realidade das urnas. Esse epílogo suscitou divisões inéditas na África. Eclipsando as habituais reações da “comunidade internacional”, tais fraturas lançam luz sobre as transformações políticas do continente
“Sociedade brasileira é hipócrita e preconceituosa”, diz Ney Matogrosso
Aos 77 anos, ícone da cultura nacional fala ao Le Monde Diplomatique Brasil sobre momento político do país, relação com as drogas e religião
A educação nas Forças Armadas
Na maioria das escolas, a educação militar segue divorciada do restante da educação do país, o que afasta as Forças das demais instituições públicas e contribui para a instabilidade das relações entre civis, militares e Estado
Estratégia europeia para a esquerda
Mais do que sobre os problemas comuns da União Europeia, as eleições de maio do bloco justapõem 27 votações sobre política interna. Na maioria dos Estados, os eleitores pronunciam-se sobretudo contra ou a favor do governo local. Mas a margem de manobra desses poderes é bastante reduzida pelos tratados continentais. Nessas condições, o que fazer? E para a esquerda, como escapar?
Viagem nas falsas verdades
Se “atraso”, “reforma” e “abertura” constituíram as palavras-chave do pensamento dominante dos últimos trinta anos, as fake news parecem resumir sua obsessão atual. Um fio vermelho une, aliás, os dois períodos: apenas as notícias falsas que visam ao partido da reforma e da abertura deixam indignados os jornalistas profissionais e os líderes liberais. Nos Estados Unidos, na Alemanha e na França, estes últimos estão elevando a luta contra esse tipo de notícia ao status de prioridade política. “A ascensão das notícias falsas”, explicou Emmanuel Macron em sua fala à imprensa em janeiro passado, “hoje é totalmente gêmea desse fascínio nada liberal.” Durante esse tempo, a desinformação tradicional prosperou. Seu eco repercutido o tempo todo lhe confere um caráter de verdade – sem estimular o ardor das agências de checagem.
A filosofia do desprezo
Desde sua posse, o presidente francês, Emmanuel Macron, associou diversas vezes as classes populares a um grupo de preguiçosos incultos e chorões. Assim, ele rompe com a duplicidade dos últimos chefes de Estado em relação aos menos favorecidos: compreendê-los no discurso, mas negligenciar suas reivindicações, e, sobretudo, ignorar a dominação estrutural de que são objeto
Revoltas na periferia da Europa
Desde 8 de dezembro, milhares de sérvios se manifestam todo fim de semana contra o regime de Aleksandar Vučić. Na Albânia, estudantes fazem tremer o governo social-democrata de Edi Rama, enquanto a cólera aumenta na Hungria de Viktor Orbán. Para além das diferenças nacionais, as populações da Europa Central se mobilizam contra as mesmas políticas
Na Índia, os “bons dias” vão ter de esperar
Entre abril e maio, 850 milhões de indianos irão às urnas escolher os membros da Câmara, que por sua vez designará o próximo primeiro-ministro. Ninguém arrisca qual será o impacto eleitoral das greves gerais que sacudiram o país em janeiro, uma das mais poderosas manifestações populares dos últimos anos
Políticas da morte e seus fantasmas
As economias e as dinâmicas de massacre concreto e simbólico que atravessam o mundo contemporâneo e, de modo muito especial, o contexto brasileiro deixam em seu rastro muitos corpos insepultos e uma esteira de silêncios e apagamentos de variadas ordens. Confira o segundo artigo do dossiê “Estado de choque”, série de seis análises que publicaremos até julho de 2019
O pacote de Moro nasce velho
Moro sugeriu que juízes possam extinguir penas de policiais que alegarem que mataram por estarem submetidos a “violenta emoção, escusável medo ou surpresa”. Pergunto: se o cabo que matou Hélio justificasse que atirou porque se sentiu surpreendido, seria justo que ele não fosse responsabilizado?
O que quer a oposição na Venezuela?
Golpe de Estado, locaute, boicote das eleições… A ala radical da oposição venezuelana tentou de tudo para derrubar Hugo Chávez e depois Nicolás Maduro. Agora que o caos social e político a favorece, ela sabotou as tentativas de diálogo com o poder em 2018 e conta cada vez mais com uma intervenção norte-americana para atingir seus objetivos
A sombria carreira do enviado especial norte-americano à Venezuela
Há alguns anos, o cáustico Elliott Abrams amava apresentar-se como um velho sábio, um expert em diplomacia sempre preocupado em dar sua opinião informada. Encarregado por Donald Trump de “restaurar a democracia na Venezuela”, ele voltou aos negócios. Olhando sua ficha, os habitantes que vivem onde será sua missão podem começar a se preocupar…
Retrato do intelectual como soldado
Desde a invasão do Iraque em 2003, o Exército norte-americano vem financiando novas tecnologias para detectar “insurgentes”. Baseadas nas ciências sociais e na coleta de dados digitais em massa, essas ferramentas encontram aplicações muito além das zonas de guerra
A repressão contra os uigures no controlado mundo do “sonho chinês”
Se é difícil avaliar o número de uigures presos ou que passaram pelos centros de reeducação – fala-se em 1 milhão –, é certo que um sistema de vigilância sem precedentes persegue os muçulmanos do Xinjiang, punidos não pelo que fizeram, mas pelo que podem fazer. Xi Jinping promove essa política de repressão como um modelo de segurança
Somente para meus olhos
Há uma dificuldade institucional e corporativa das Forças Armadas no Brasil em compreender e aceitar a subordinação ao poder civil. Isso se reflete no histórico engajamento político de militares e na relutância em conectar os serviços de inteligência do país aos três poderes, o que enfraquece nossas experiências democráticas
Notas para entender os militares brasileiros na atualidade
Ao dar de ombros a formas menos ortodoxas de compor um ministério e ao ignorar em larga medida o funcionamento do “presidencialismo de coalizão” e o mundo da política, o novo governo lançou uma proposta arriscada e suscitou na cabeça de muitos a questão “O que pensam os militares brasileiros hoje?”
A guerra contra os diferentes
Se a votação expressou que o povo não queria mais do mesmo, que há uma rejeição ao sistema político como um todo, como fica agora que a alternativa de apostar em Bolsonaro se revela um desastre?
Chegar ao fundo do poço… e continuar cavando?
Paris voltou a se pôr a reboque da Casa Branca e deu seu aval ao que, aparentemente, não passa de um golpe de Estado
Por uma “Primavera Europeia” em maio
A eleição do próximo Parlamento Europeu acontece entre os dias 23 e 26 de maio. O quadro geral é sombrio: as condições do Brexit permanecem confusas, a relação com os Estados Unidos é marcada pelas humilhações deliberadas de Washington, a extrema direita vai de vento em popa e a esquerda não chega a um acordo sobre um projeto europeu
A justiça transfigurada pelas vítimas
Desde sempre, a intensidade dramática de certos casos criminais desafia a serenidade da justiça. Essa tensão própria do processo penal cresce com a deificação contemporânea das vítimas. O tribunal não precisa mais simplesmente punir um culpado, ele deve reparar os sofrimentos. Assim, vítimas tornam-se procuradores, e as penas ficam mais pesadas