Outubro 2009
Edição 27

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Editorial
Bem-vindas as novas ideias
A doutrina neoliberal, que se apresentava como representação e norma da sociedade e da política, está desmoralizada. Aliás, é esse o papel da ideologia: reafirmar aquilo que é sempre idêntico, ignorar os processos históricos, ignorar que o social e o político estão sempre sendo recriados pelas práticas da cidadania

Pós-neoliberalismo
Um novo Estado desenvolvimentista?
No Brasil de 1950, 1960 e 1970 havia sinergia entre o investimento público, comandado pelas estatais, e o privado. O neoliberalismo, porém, deixou isso escapar, perdendo a oportunidade de criar grupos nacionais comprometidos com o desenvolvimento do país. Talvez essa possa ser uma das diretrizes políticas do pré-sal

Pós-liberalismo
Política e economia, outra vez articuladas
No poder, Lula novamente identificou como crucial o planejamento das atividades econômicas e sociais. O PAC implementa o que os críticos ao neoliberalismo exigiam há muito tempo – investimento em infraestrutura produtiva e social – e algumas das empresas brasileiras se tornaram importantes global players

Pós-neoliberalismo
De volta para o futuro
Está em pauta o desafio de definir princípios-chaves de uma “agenda positiva” para estratégias de desenvolvimento, sem ceder à tentação do modelo único. São propostas que podem ser incorporadas na agenda de cada país, de acordo com questões relacionadas à economia, à política e à cultura política

Novos paradigmas
Mudar mentalidades e práticas: um imperativo
Precisamos pôr em questão a medida de valor da riqueza comumente usada. Afinal, o Produto Interno Bruto é uma degradação, uma elegia à destruição ambiental e social que a mercantilização de tudo provoca. Exclui quem não está no mercado e aquilo que não tem propósitos comerciais

Terceirização da saúde
É essa reforma que queremos?
No Estado de São Paulo, a transferência de todo o sistema público de saúde para organizações sociais terceirizadas vai na contramão de um valor crucial à humanidade: a preservação da vida, que não pode ser regido pela lógica da iniciativa privada, sempre em busca do lucro

A nova ordem mundial
O multilateralismo em questão
O G20, que se reuniu em Pittsburgh, Estados Unidos, nos dias 24 e 25 de setembro, ambiciona ser a nova diretoria do planeta. Contudo, ele não dispõe nem da legitimidade necessária para tanto, nem de um projeto alternativo para um modelo de organização mundial que fracassou

Seguridade em crise
Na Dinamarca, a social-democracia à prova
O milagroso sistema social dinamarquês, que equilibrava o país entre a flexibilidade para o empregador e a seguridade para o assalariado, não consegue se sustentar diante da pior recessão econômica desde 1930. Desemprego, restrição de direitos trabalhistas e discursos anti-imigrantes formam o conturbado quadro nacional

Política / América Latina
El Salvador: uma esquerda conciliadora
Inspirado em Lula e Obama, o presidente Mauricio Funes completa agora cem dias de mandato. Com uma herança econômica difícil, ele reafirma que seu governo será de “união nacional” e lança um novo chamado para a construção de um país “menos injusto”, tentando mediar os conflitos entre seu partido e o empresariado

Economia africana
A joia russa na Guiné
As preciosas minas de bauxita guineenses agora pertencem à empresa Russkij Aluminij segunda maior companhia mundial do setor. O negócio foi adquirido a um preço pífio por Oleg Deripaska, detentor da décima fortuna da Rússia e amigo Vladimir Putin, e mantém-se às custas da má remuneração de seus funcionários

Conflito no Oriente Médio
Iêmen dividido
Unificado em 1990, o país continua sofrendo com conflitos internos que ameaçam a sua estabilidade. Em Saada, intensifica-se uma luta de insurreição cujos líderes afirmam ser apoiados pelo Irã

Novo Governo japonês
Eleições viram a mesa da direita
Depois da vitória histórica do Partido Democrata nas eleições legislativas de agosto passado, o novo primeiro-ministro Hatoyama Yukio já deu indícios de como será seu governo: nomeou uma equipe contrária à privatização do serviço postal japonês, símbolo das reformas da antiga administração liberal

15 anos de zapatismo
Distante, mas ainda organizados
Insurgidos em 1994 em nome de “democracia, liberdade e justiça”, os zapatistas certamente não chegarão a refundar a Constituição ou democratizar o país. Depois de um longo período de luta, eles estão mais restritos à região de Chiapas, mas continuam exercendo pressão contra um México muito aberto à economia globalizada

Eleições no Uruguai
Em pauta, a “reinvenção do capitalismo”
No cenário mais provável das eleições convocadas para o próximo 25 de outubro, cerca de 30 mil uruguaios pouco ou nada interessados por política concentrarão um injusto poder de decisão. Deles dependerá a vitória, em primeiro turno, de José Mujica, o ex-tupamaro que faz promessas de mudanças sociais profundas

Nanotecnologia
Bits, genes, átomos: o futuro chegou
A manipulação da matéria em escala atômica permitiu conceber nanoestruturas dotadas de propriedades radicalmente novas. A revolução, porém, tem seus prós e contras: se por um lado essa tecnologia pode ajudar no avanço dos tratamentos médicos, por outro criará armas poderosas de destruição em massa

Imprensa
Nossa luta
Há alguns anos, a indústria da imprensa vem declinando. Neste momento, muitos diretores de jornais imploram a ajuda financeira ao Estado, que em outras circunstâncias desprezaram. Mas o Le Monde Diplomatique, para continuar a defender uma concepção do jornalismo diferente, recorre em primeiro lugar aos seus leitores

Entrevista / Tom Zé
“Hoje a tecnologia dita minha música”
É impossível entrevistar Tom Zé. Nós, pelo menos, não conseguimos. Entre uma frase e outra, um olhar pela janela e a inquietação evidente, foi o músico quem conduziu a longa e instigante conversa, sem necessariamente responder a todas as perguntas que fizemos

Música
Revolução da viola: do culto à vanguarda
Pesquisadores e músicos indicam que a viola vive seu período mais fértil. Ligada às tradições populares, ela tem seu auge com um sem-número de instrumentistas, compositores e mestres. Deixou de ser som de acompanhamento de cantores para abrir, entre roças e cidades, uma nova fronteira melódica e harmônica

Esporte
Vale tudo?
Exceção feita a morder e arrancar os olhos do adversário, no Ultimate Fighting tudo é permitido: socos e chutes, mesmo quando o adversário está caído e sem defesa, sufocamento, puxão de cabelo, chaves, cotoveladas e cabeçadas. O único resultado possível é o nocaute ou a desistência