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Ajuda militarizada
A operação militar montada pelos Estados Unidos após o terremoto devastador no Haiti é um exemplo de como guerra e ajuda humanitária já dividem as mesmas trincheiras na geopolítica. A tragédia foi a brecha para estadunidenses realocarem tropas no Caribe e mostrarem que podem atropelar vizinhos e as Nações Unidas

Os sistemas de saúde no mundo
Enquanto certos governos andaram (re)descobrindo as virtudes do setor público, o setor privado não pára de estender seus tentáculos. Em todo lugar, reconfigurações vêm sendo implantadas, alterando os sistemas de saúde no mundo e contribuindo para aumentar ou diminuir a incidência de algumas doenças

O terremoto da miséria
Há muito tempo o Haiti está afundando num desastre ecológico. A erosão generalizada dá ao campo um aspecto lunar, transformando toda chuvarada tropical num enxágue torrencial. A placa tectônica, que não se manifestava com essa força havia cerca de dois séculos, vem acrescentar uma dimensão apocalíptica ao caos urbano

Esplendor e miséria do jornalismo na era digital
Em vez de singularizar seus conteúdos para conseguir se diferenciar, os jornais apostam na onipresença e na rapidez. É preciso estar em todo lugar, a qualquer momento, em todas as plataformas e modos de expressão – blog, vídeo, foto, mecanismos de busca –, além de comunidades como Facebook ou Twitter

A saída para a dependência energética
A maioria das fontes de abastecimento de hidrocarbonetos para os Estados Unidos está no exterior. Suas próprias reservas, no ritmo atual de extração, se esgotarão dentro de 10 anos. Neste contexto, a Venezuela surge como um objetivo estratégico de primeira ordem para Washington

Iemanjá, a mãe poderosa
Trazida ao Brasil pelos povos de origem ioruba, desde que assumiu o reino das águas salgadas começou a ser cultuada pelos pescadores como sua padroeira. Ao mesmo tempo, quanto mais o seu papel de mãe se fortaleceu, maior foi a aproximação com a mãe dos católicos, Nossa Senhora, com a qual é sincretizada

A insistência na violação
Muito debatido no início do ano, o III Programa Nacional de Direitos Humanos é insuficiente. Segue sem resultados concretos o desafio de implantar um sistema nacional capaz de articular e orientar os instrumentos, os mecanismos, os órgãos e as ações nesse campo
O incentivo à cultura em jogo
Elaborada pelo Movimento Arte Contra a Barbárie em parceria com o Poder Legislativo municipal, a Lei de Fomento ao Teatro veio como uma reação ao modelo de privatização do Estado. Passados oito anos, a sua revisão está trazendo aos grupos de artistas inúmeros problemas, dificultando a viabilização de projetos
Enfrentar a herança maldita
Ao colocar no mesmo patamar vítimas e torturadores, o governo criou uma aberração jurídica, inadmissível num Estado democrático de direito. Ora, não há como deixar de considerar que a ditadura proibiu a existência de partidos políticos e extinguiu as eleições diretas em função da “segurança nacional”
O campo não é prioridade
Embora o III PNDH reconheça que o modelo do agronegócio é potencialmente responsável por desrespeito aos direitos humanos dos pequenos e médios agricultores, comunidades locais e povos tradicionais, ele não contém nenhuma proposta que altere de fato as causas das violações
A escolha sobre o corpo
No campo dos direitos reprodutivos, enfrentamos uma situação grave: de um lado, está uma parte da sociedade e do governo sensível ao sofrimento de milhares de mulheres obrigadas a recorrer a abortos clandestinos; e de outro lado, setores religiosos fundamentalistas que atuam em nome de uma defesa abstrata da vida
O golpe permanente
Só se passaram 20 anos desde a queda de Stroessner. Mas quando se anda por Assunção, parece que a ditadura nunca existiu. Com exceção de um modesto museu, não há nenhuma lembrança dos detidos e torturados. Os políticos, dos quais um bom número é oriundo do “antigo regime”, se calam, assim como a mídia
Argentina, 25 anos contra a impunidade
No último terço do século XX, os direitos humanos se converteram, na Argentina, em um poderoso movimento social no qual confluíram, entre outros atores decisivos, as associações de familiares de presos políticos, assassinados e desaparecidos, além de outras organizações não-governamentais
Um Ensino Superior mais inclusivo
Desde os anos 1980, a expansão de vagas nas universidades abriu novas oportunidades educacionais para estudantes de famílias de baixa renda. Entretanto, as matrículas de grupos de renda mais altos também cresceu e o resultado final acaba sendo um padrão regressivo do acesso ao ensino superior
Os guardiões da revolução
Enquanto o Irã celebra o 31° aniversário da revolução islâmica, o movimento de oposição coloca em evidência as complicadas mudanças sociais operadas a partir de 1979 e faz com que, diante da crise política, o governo hesite entre o compromisso com a sociedade e a repressão
Os povos papuásios em vias de extinção
A população da Nova Guiné Ocidental nunca aceitou bem sua anexação pela Indonésia. Entre 1963 e 1983, 150 mil habitantes teriam sido oficialmente mortos pelo Exército. Agora, diante do fortalecimento dosmovimentos separatistas na região, o Estado decidiu adotar, com violência, a estratégia do “dividir para governar”
Os exércitos mercenários
Após sua aparição, nos anos 1990, as sociedades militares privadas experimentaram um desenvolvimento rápido, e hoje elas encarnam um papel essencial nos conflitos, tanto na esfera militar quanto no âmbito econômico: o desempenho mundial nesse setor gira em torno dos 70 bilhões de euros anuais
Manu militari
A guerra declarada contra o narcotráfico e o terrorismo chega às fronteiras estadunidenses com o México, onde os volumosos recursos do Plano Mérida, destinados a prover o exército mexicano de equipamentos, treinamento e assistência, não estão sendo capazes de controlar o crescente nível de violência na região.
O “modelo de Pequim”
Em breve, uma zona comercial comparável àquela criada pelo Mercosul ou à União Europeia será alavancada pela China. Neste ano o país vai ultrapassar o Japão e se tornar a segunda maior economia do mundo. E deverá ocupar o primeiro lugar até 2026, de acordo com uma estimativa do banco americano Goldman Sachs
O narcotráfico na estratégia imperial
A “Iniciativa Mérida”, firmada com o México em 2008, as bases na Colômbia e a IV Frota estacionada no Peru não são projetos isolados, mas parte de uma arquitetura de segurança que se enquadra no que Thomas Shannon, membro da administração Bush, chamava de um “novo paradigma de cooperação regional”
Fechar a Bolsa?
Criticar o mercado financeiro revela o que o discurso empresarial se esforça para acobertar: o enriquecimento rápido. Claro, nem todos os empreendedores são afetados por essa avidez desenfreada. Mas o fato é que essa instituição conseguiu a proeza de instalar na sociedade o fantasma da fortuna-relâmpago
Na mira de Washington
Tendência do pós-guerra fria, os Estados Unidos passaram de uma estratégia de contenção do rival soviético para a busca da onipresença planetária. As novas tecnologias militares não exigem mais bases gigantescas, mas uma densa rede de pontos de apoio previamente posicionados. E é aí que entram os colombianos
África, entre a democracia e os resquícios autoritários
Após um período de euforia democrática no início dos anos 1990, que viu desaparecer um a um os regimes de partido único e a adoção de Constituições que validavam a democracia liberal, os anos 2000 se caracterizam, na realidade, por inúmeros retrocessos políticos