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Os crimes e a impunidade
A Covid-19 contaminou 38 milhões de brasileiros e matou 705 mil até hoje. Quantas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se o governo Bolsonaro não tivesse, deliberadamente, ignorado a pandemia e sabotado as iniciativas de combatê-la?
Cinismo em Lampedusa
Imigrantes se amontoam às portas do Velho Continente; a direita denuncia, aos gritos, a invasão; a esquerda se divide; em seguida, todo mundo passa a outra coisa, até a próxima “crise”. Visto da Europa, o cenário é conhecido. E visto da África?
Na Argentina, a direita faz muito barulho, mas pouco inova
Afundada na dívida externa, a Argentina enfrenta uma inflação estrutural que mergulhou grande parte da população no desemprego e na pobreza. Diante do fracasso dos peronistas, os eleitores parecem inclinados a se voltar para a direita autoritária nas eleições de 22 de outubro: seja a clássica, representada por Patricia Bullrich, ou a mais radical, personificada por Javier Milei
O ancap que pode levar a Argentina ao caos
O candidato de extrema direita que lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições de 22 de outubro encampa uma ideologia maximalista segundo a qual toda destruição das regulamentações estatais em matérias como leis trabalhistas e ambientais nunca será suficiente
Qual desenvolvimento queremos?
No Brasil, neste primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula, retoma-se a cooperação com os países do Sul global, em especial os vizinhos sul-americanos. Nesse âmbito, estão os processos de integração da região. Não se trata somente de colocar em pauta interesses comuns e problemas que requerem soluções coletivas, mas sobretudo de lançar uma estratégia de negociação em bloco
Novos rostos, antigas disputas
O segundo turno das eleições presidenciais em 15 de outubro – opondo liberalismo verde a desenvolvimentismo cinza – não deve pôr fim à tensão entre Estado e movimentos indígenas das últimas décadas
Governabilidade: uma missão quase impossível
A presidenta Dina Boluarte, que assumiu em dezembro de 2022 após a tentativa de “autogolpe” de Pedro Castillo, enfrenta falta de legitimidade enquanto procura arrefecer os conflitos internos e manter a cadeira presidencial
Labirinto de crises: os processos eleitorais e o futuro
Ainda que a oposição venha abandonando a estratégia de boicotar os processos eleitorais, isso não significa uma superação da crise político-institucional venezuelana
Um ano do “governo da mudança”
O governo de Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda da história colombiana, tem como principal desafio doméstico garantir a governabilidade para avançar as amplas reformas propostas
O fiasco Boric e a restauração pinochetista
A derrota no plebiscito da Constituinte em setembro de 2022 aprofundou o caráter iníquo do governo Boric. Esse fiasco, que frustrou profundamente as expectativas populares, permitiu uma verdadeira restauração pinochetista, agora em pleno curso e sem perspectiva de terminar
Da ultradireita ao progressismo
Os interesses nacionais e a competição estratégica com a China são os grandes organizadores da política externa dos Estados Unidos – o que muitas vezes não condiz com os interesses latino-americanos. Nas brechas, contudo, é possível encontrar pontos comuns
Para onde vai a América Latina?
No fim de 2015, a onda progressista sul-americana entrava em refluxo. Oito anos depois, o continente assiste à ascensão dessas forças em países como Bolívia, Brasil, Chile e Colômbia. Estaríamos diante de uma segunda onda progressista? Ou é a extrema direita que nos espera? Qual é o papel do imperialismo nesse contexto?
Retratos de família
As vitórias de Obrador e Petro, a derrota do fujimorismo e o regresso do PT e do MAS renovam os projetos de justiça social. Porém, a ascensão de Milei, as limitações de Boric e a permanência do entulho bolsonarista evidenciam o engrossamento das direitas na região. Diante disso, prever o ritmo e a amplitude das marés políticas é impossível; resta-nos buscar compreendê-las
Quando o Sul se afirma
Quem administrará os negócios do mundo no século XXI? O Ocidente e sobretudo os Estados Unidos, que ocupam uma posição dominante desde o fim da Segunda Guerra Mundial? Ou os países do Sul, China e Índia à frente, que exigem uma reorganização do sistema internacional? A ampliação dos Brics é uma etapa importante no reequilíbrio planetário, mas esse objetivo ainda está distante
Em busca do sonho chinês
Como os intelectuais da China vivenciaram o rigoroso confinamento imposto por três anos e, principalmente, a caótica saída da política de “zero Covid”? David Ownby, profundo conhecedor do pensamento chinês e dos debates que o envolvem, encontrou-se com esses pesquisadores peculiares – nem dissidentes nem submissos ao poder – e compartilha a seguir seu diário de viagem
Fissuras no bloco midiático?
Como “resistir” e “vencer” quando os grandes jornais dos Estados Unidos e o próprio Zelensky admitem a estagnação da contraofensiva ucraniana e a impotência das sanções ocidentais? Um conjunto de leitores preparado desde 2022 para os sucessos militares de Kiev em função dos armamentos norte-americanos poderia ficar desorientado. Para tranquilizá-lo, existem diversas soluções
Os militares da Guiné na grande disputa africana
Diferentemente de outros golpistas da África Ocidental, o coronel guineense Mamadi Doumbouya viajou para a Assembleia Geral das Nações Unidas em 21 de setembro. Desde sua ascensão ao poder, em 2021, ele tem realizado uma série de reuniões oficiais e não oficiais, construindo sua rede diplomática enquanto exerce um controle autoritário sobre os recursos minerais de seu país
O peso cada vez maior das milícias no Iraque
Reunindo em seu seio diversas milícias, o grupo Hachd al-Chaabi [Mobilização Popular] ocupa hoje uma posição preponderante na cena política iraquiana. Fundada no modelo da Guarda Revolucionária do Irã para lutar contra o Estado Islâmico, essa coalizão paramilitar se permite cobrar o governo, e suas facções já não hesitam em participar de disputas eleitorais
Protestos históricos contra a reforma do Judiciário em Israel
Determinado a mudar o regime com a reforma do sistema judicial, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta uma contestação popular que não esmorece. Os manifestantes afirmam defender a democracia israelense contra o autoritarismo da coligação de extrema direita no poder. A discórdia não poupa o Exército, enquanto a Questão Palestina continua dividindo os israelenses
“Uma nova visão do Camboja”
Antes de entregar o cargo ao filho, o ex-primeiro-ministro do Camboja Hun Sen redesenhou à força a capital Phnom Penh, com empresários cuidadosamente selecionados. A cidade outrora chamada de “pérola da Ásia” foi remodelada para a glória do autocrata no poder durante quase quarenta anos. As classes médias adaptaram-se o melhor que puderam; já os mais pobres…
Na França, um Exército em busca de sentido
O fim da Guerra Fria, assim como a eficácia da dissuasão nuclear, durante muito tempo justificou a redução dos recursos humanos e materiais das Forças Armadas francesas. No entanto, a invasão da Ucrânia mudou significativamente a situação. Será que acompanhar o amplo rearmamento da Europa, ao mesmo tempo que se destacam as virtudes educativas da vida nas instalações militares para a juventude, é suficiente para dotar a França de uma ambição geopolítica?
Na Espanha, a esquerda e o moinho de vento da identidade
Depois das eleições legislativas que não deram maioria a nenhum partido, em julho de 2023, os socialistas espanhóis esperavam contar com a sorte de o líder dos conservadores, Alberto Núñez Feijóo, não conseguir formar um governo – uma ambição que depende do apoio de grupos preocupados com a explosiva questão identitária. A que preço?
A culpa é da União Europeia e dos mercados?
Diversas reformas empreendidas pelo governo francês têm por motivação oficial as exigências da Comissão Europeia ou ainda a necessidade de tranquilizar os mercados. Na realidade, um conclave oficioso tecnocrático e financeiro esboça, finaliza e impõe decisões que nem os parlamentos nem os debates públicos podem contrariar
Miscelânea
Confira as resenhas dos livros “Marina” (Marco Lucchesi), “Filho de Jesus” (Denis Johnson) e “A mulher do padre” (Carol Rodrigues)