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Uma nova geopolítica dos capitais
A China não é mais somente “a fábrica do mundo”, ela tornou-se o banqueiro dos Estados Unidos. A aliança, porém, não é necessariamente ideológica: Pequim possui a maior reserva mundial de dólares, estimada em US$ 2 trilhões. Qualquer queda da moeda americana provocaria uma alta do iene
Estrangeiros para nós mesmos
Na Europa, muitos locais se tornaram depósitos de refugiados. Centenas de pessoas permanecem até 18 meses detidas, aguardando seu desterro sob coação física, psicológica e moral. São cenas surpreendentes para um continente que apregoa valores como o direito, a liberdade e a dignidade humana
América Latina solta as amarras
As diferenças entre os países latino-americanos permanecem. Entretanto, em uma hora decisiva com esta, eles se mantêm alinhados: fortalecendo os laços entre si e com o Oriente, estão cada vez menos dependentes dos Estados Unidos
O mundo privado como réu
A discriminação contra a mulher é um fator que, na maior parte das vezes, está presente e fundamenta a violência sofrida. Coloca a mulher em situação de inferioridade e de subordinação, limitando sua autonomia, seu poder de escolha e de decisão, bem como o seu reconhecimento como pessoa dotada de direitos e de igual dignidade em relação ao homem.
A prudência islâmica
Em respeito à xariá, os banqueiros do mundo árabe não participaram da ciranda da especulação financeira e hoje estão em posição mais confortável que os colegas ocidentais. Porém, para desviar-se da interdição dos juros, eles aplicaram em ativos imobiliários e em matérias-primas, setores igualmente voláteis
A Índia busca um novo lugar
Em um momento de disputas estratégicas na Ásia, a entrada dos indianos no seleto clube de países que comercializam armas nucleares é uma das maiores alterações na ordem internacional. O país, que ainda está aprendendo a lidar com o poder chinês, também começa a se tornar uma potência
Dois impérios: duas lógicas
Únicas potências a atingir dimensões globais, Grã-Bretanha e Estados Unidos guardam diferenças substanciais. Quando a era dos impérios marítimos chegou ao fim, os britânicos perceberam rapidamente as mudanças e se adaptaram mais facilmente à nova realidade. Será que os Estados Unidos compreenderão essa lição?
Novos poderes se afirmam
Foi durante o curso da expansão econômica e territorial coercitiva do Ocidente que nasceram as hierarquias internacionais, fraturando o mundo entre centros dominantes e periferias dependentes. Há, portanto, uma dimensão histórica no reequilíbrio das grandes regiões “emergentes”, Ásia e América do Sul
As gentes do Brasil
O dia de Zumbi dos Palmares deveria ser uma data para comemorar a auto-estima. Para celebrar a conquista da cidadania de cada brasileiro excluído, como os negros, os índios e os pobres. Mas, já passados 120 anos da abolição, ainda se busca estabelecer as diferenças pela cor da pele
Falta Estado e sobram armas
Durante as eleições, 28 favelas do Rio de Janeiro receberam milhares de soldados para assegurar a “normalidade” do processo. Mas será que a presença de homens, helicópteros e veículos blindados retrata alguma situação cotidiana? Ou essa tranqüilidade é apenas para quem está fora das favelas?
Julgar os crimes da ditadura
Das sombras que tentam encobrir as torturas e os assassinatos praticados por agentes do Estado durante o regime militar, surgem críticas contra a “Bolsa Ditadura”, apoiadas na atual lei de anistia e revestidas de um cinismo que só se explica pela crença na impunidade
As guerras mexicanas
Batalhas intestinas convulsionam o México, movidas pelos grandes cartéis que abastecem o vizinho Estados Unidos. A população, principal vítima, aguarda ansiosamente o desfecho dessa briga, que envolve o exército, a polícia e até o presidente do país
O que vem por aí
Dois temas fundamentais emergem desse cenário: a desconstrução de um modelo de desenvolvimento e a recuperação do sentido histórico do próprio capitalismo e de sua evolução. O que ainda permanece ausente, ou oculto, é a análise das novas relações de poder.
Viagem aos Zo’é
A situação experimentada pelo Projeto Zo’é é única: pela primeira vez conseguiu-se reverter os males de um contato inicial degradante de um povo isolado com a sociedade mais ampla. Afetuosos, acolhedores, comunicativos, eles abandonaram as roupas e voltaram à alimentação tradicional, sem bens compradosBetty Mindlin
Novas regras para muito dinheiro
Empresas transnacionais e seus porta-vozes usam a crise financeira mundial como pretexto para manter inalteradas as leis e regulamentos que as favorecem, em prejuízo do uso soberano das reservas petrolíferas da bacia de Santos para o desenvolvimento do país
O perigo mora ao lado
A exploração de minérios e a destruição de áreas de preservação se tornaram grandes riscos para os Zo’é. Tirá-los dessa situação é um desafio que exige a formulação de políticas públicas capazes de conter o avanço da fronteira econômica, levando em consideração as lições do manejo tradicional
Petróleo, desmatamento e queimadas
Se explorar corretamente os recursos do pré-sal, o Brasil terá a oportunidade única de combater sua herança de devastação ambiental. Em nenhum outro lugar o crescimento no consumo de combustíveis fósseis pode ser, em sua maioria absoluta, compensado com uma redução das emissões de gás carbônico
Por uma economia política não-mercantil
Há dez anos, diante da ameaça aos serviços públicos, o movimento antiglobalização forjou a palavra de ordem “o mundo não é mercadoria”. Até hoje, porém, não existe uma teoria capaz de fazer frente ao discurso econômico liberal criticado por eles. É preciso forjar uma ferramenta conceitual alternativa
Dane-se a realidade! A doutrina continua.
Há duas décadas louvando o sistema hoje em ruínas, os economistas continuam apegados aos seus cânones. Mas agora estão divididos em dois campos: os que, sem qualquer escrúpulo, viraram a casaca; e aqueles que, atordoados pelo choque, ainda tentam defender o indefensável
Cuidar do lixo, cuidar do planeta
A luta por um mundo sem poluição ambiental passa pelo cuidado com os resíduos. Reduzir drasticamente o uso de materiais químicos e tóxicos e reciclar toda a produção são apenas duas das muitas propostas concretas discutidas na primeira reunião da Gaia para a América Latina e Caribe, cuja declaração reproduzimos abaixo
A marcha para a multipolaridade
A crise atual do sistema financeiro só acelerou o movimento de recuo do Ocidente. Sem sombra de dúvida, os Estados Unidos continuarão sendo, por longos anos, a potência dominante. Mas a ascensão de Brasil, Rússia, Índia e China leva à formação de novos centros de poder que contestam a ordem internacional
Uso regular de trabalhadores precários
Fundamental para manter os institutos de pesquisa funcionando, a contratação temporária vai contra todas as leis trabalhistas. Sem direito a férias ou assistência social, muitos funcionários vivem 24 horas por dia à disposição dessas empresas e nunca têm certeza de sua remuneração
O declínio americano
Nos anos 1960, John Kennedy conseguiu acabar com o sentimento de inferioridade americano perante os soviéticos. Depois de décadas de altos e baixos, como a derrota no Vietnã e a vitória no Golfo, mais uma vez os EUA vivem um momento pessimista, afundados na crise econômica e na guerra iraquiana
A invisibilidade feminina
No campo, a condição serviçal das mulheres fica ainda mais evidente: além do trabalho na roça, a jornada feminina inclui também o cuidado com a casa e os filhos. Vivendo num espaço predominantemente conservador, elas precisam se organizar e consolidar estratégias para combater a opressão do dia-a-dia