Diplôs América Latina
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Esta seção especial do site é feita em parceria com as redações argentina, chilena e uruguaia do Le Monde Diplomatique. Aqui serão publicados artigos inéditos sobre a situação dos países vizinhos, sempre com uma análise profunda dos fatos. O acesso aos artigos é exclusivo para assinantes. Arte de destaque: Renato Caetano.
No olho do furacão
Minhas investigações foram discretas para não alertar Pinochet. Eu estava pensando em viajar para Londres e tomar seu depoimento, mas tudo mudou quando soube que ele pretendia deixar a capital britânica. A única possibilidade era emitir o mandado de prisão. Naquele momento, fiz o que precisava ser feito…
É possível perdoar 1973?
A celebração do quinquagésimo aniversário do golpe de 1973 no Chile traz novamente à discussão a ideia do perdão enquanto categoria moral que, quando aplicada à política, carrega conotações e efeitos que vão muito além do âmbito interpessoal e voluntário
Sergio Massa: mil táticas e nenhuma estratégia
Com um milhão de amigos no poder midiático e econômico e sua habilidade inegável de se reinventar, Sergio Massa se tornou o candidato peronista à Presidência. O ministro da Economia se sustenta na ideia de que a sociedade apoia a política de ajuste que ele encarna; uma suposição que está longe de se verificar
Extremismos dificultam o Acordo de Paz e Entendimento
A política indígena do governo Boric terá destaque com a comemoração dos duzentos anos do Parlamento de Tapihue, em 2025. Até essa data, espera-se alcançar uma solução que começará a ser desenvolvida pela “Comissão de Paz e Entendimento”, lançada pelo presidente em junho para estabelecer as bases para uma solução em questões de terras e reparação para as comunidades mapuche das regiões de Biobío, La Araucanía, Los Ríos e Los Lagos
O punhal
A vitória de Javier Milei nas primárias argentinas revela mudanças sociais que estamos apenas começando a compreender. Uma sociedade fragmentada, golpeada pela crise econômica e pela pandemia, que expressa sua raiva, mas também manifesta um desejo de refundação profunda, uma necessidade de choque
Garantir a infância
Lei de Garantias, promulgada no Chile em 2022, reconhece e protege crianças e adolescentes como sujeitos de direitos. No entanto, o reconhecimento normativo é o primeiro passo. Agora, os processos de implementação e alocação de recursos requerem atenção e urgência
O que teria acontecido se…?
No contexto do debate sobre o passado e sua falsificação, intensificado pela proximidade dos cinquenta anos do golpe de Estado no Chile, vale a pena lembrar que ainda existem perguntas a serem feitas àquele tempo, a fim de evitar o determinismo que tenta nos convencer de que o desfecho daquela história sempre esteve escrito. Hoje, ao contrário, parece mais necessário do que nunca descobrir outros passados possíveis
Milei, a coisa e as causas
A vitória de Javier Milei nas eleições primárias argentinas de 13 de agosto é explicada tanto pelos fracassos do neoliberalismo de Macri e como pelo estatismo suave da atual coalizão governista. No entanto, o candidato da extrema-direita não escapa da maldição da encruzilhada argentina, aquela que sentencia que uma vitória eleitoral não é sinônimo de capacidade de impor um projeto político
Não bastam apenas gestos
Após anos difíceis, sem um futuro coletivo à vista, é fácil cair no niilismo. Se portas forem abertas, elas devem estar carregadas de propostas, com um quadro claro do que é ou não é aceitável, da vida que é ou não é possível de viver
A “águia” do Cemitério Central
No Cemitério Central de Montevidéu, o túmulo do autor de uma das campanhas oficiais de extermínio de indígenas é apresentado sem mais explicações, além da exaltação de sua época
A democracia sob ameaça
Governo Boric e democracia chilena ameaçados pelo crime organizado, a corrupção e a violência de extrema direita
Os anos do “partido da governabilidade”
Um novo peronismo emerge entre os apelos à sensatez econômica de ex-funcionários públicos críticos e uma representação dos excluídos da economia. Se o peronismo é sempre uma versão do peronismo, ele terá que procurar fora do que já possui a chave para enfrentar o que está por vir
Extrema-direita: a verdadeira ameaça terrorista
Nas últimas décadas, o terrorismo islâmico ou jihadista começou a ceder espaço para um risco maior: o terrorismo de extrema-direita
Reagrupamento e unidade
Recuperar a iniciativa política e retomar o rumo das transformações requer unidade
“Hoje, não amanhã”
Nos cinquenta anos do golpe, somos chamadas a construir a memória como uma ponte intergeracional que permite aos povos “não esquecer” as atrocidades ocorridas na história recente de nosso país
Sobrevivendo no crédito
A persistência da alta inflação não afeta apenas o consumo e promove cortes de despesas e privações; também leva as pessoas a aguçar a inventividade por meio de aplicativos, cartões de crédito, descontos e outras estratégias financeiras, resgatando um costume muito presente na memória dos argentinos
Vencer não é convencer
Mensagem aos constituintes chilenos eleitos pelo Partido Republicano de José Antonio Kast, de extrema direita. Grupo conforma a maior bancada conselho que está redigindo a nova Carta Magna do país, com 22 dos 50 membros do órgão
O trabalho na era das plataformas
Plataformas – de delivery, transporte, logística – são empresas monopolistas baseadas em algoritmos programados para maximizar a lucratividade. Em um contexto no qual elas cada vez mais gerenciam nossas vidas, é necessário construir uma agenda para os trabalhadores que considere a possibilidade de ficar desconectado, a garantia de tempo livre e os direitos trabalhistas
Os 50 anos do golpe no Uruguai
Sempre houve resistência durante os onze anos da ditadura civil-militar
Chile terá uma nova Constituição neoliberal
Pouco se menciona a responsabilidade que o modelo democrático neoliberal chileno e sua voracidade tiveram na derrota da proposta constitucional no plebiscito de saída, realizado em setembro de 2022
O papel da América Latina na era do Chat GPT
Qual posição a América Latina pode ocupar na nova ordem mundial da inteligência artificial (IA)? Como será seu impacto no emprego, na vida cotidiana e na diversidade cultural? Uma declaração feita por pesquisadores debate de forma crítica o uso, a regulação e o desenvolvimento da IA em nível regional
As armas de fogo no centro da campanha argentina
Pela primeira vez na história da Argentina, o tema do porte de armas irrompeu na campanha eleitoral como resultado da crise de segurança em Rosário e da proposta de Javier Milei de liberar a posse. A experiência internacional demonstra que esse tipo de ideia apenas contribui para agravar o problema
O peso de um metal leve
Em 20 de abril, o presidente do Chile Gabriel Boric nacionalizou o lítio. Em 2022, as vendas chilenas desse mineral, usado na fabricação de baterias de telefones e carros elétricos, aumentaram seis vezes e renderam ao Estado US$ 5 bilhões. O Triângulo do Lítio (Argentina, Bolívia e Chile) concentra 68% das reservas mundiais e, em razão da grande influência chinesa nas jazidas, preocupa os Estados Unidos
A encruzilhada do movimento sindical chileno
Sempre que o movimento sindical depositou sua confiança de que as mudanças viriam do Estado, ele acabou sendo usado como moeda de troca nas negociações entre governo e oposição
Sociologia do massacre, 50 anos após o golpe no Chile
Parte significativa do uso da violência teve um caráter íntimo: aqueles que usaram a violência de forma indireta, por exemplo, por meio do processo de denúncia e delação, geralmente conheciam suas vítimas, e é por conhecê-las que transformaram seu desejo de causar dano em uma possibilidade que se tornou plausível
Os problemas com a dolarização da economia argentina
Embora possa contribuir para estabilizar a economia no curto prazo, as consequências da dolarização são negativas: valorização da taxa de câmbio, estrangulamento da estrutura produtiva, um Estado incapaz de manobrar em crises e, a longo prazo, a adoção de “quase-moedas”
O lítio por e para o Chile
Governo de Gabriel Boric anuncia nova Estratégia Nacional do Lítio prometendo distribuir as riquezas e desenvolver a cadeia produtiva do mineral, insumo essencial para a produção de baterias de carros elétricos
As mil flores libertárias
O aumento da adesão a Javier Milei, especialmente entre os jovens, não pode ser analisado sob a ótica de uma sociologia que ainda se move com base em parâmetros antigos. Para compreendê-lo, é preciso focar nas trajetórias pessoais e familiares, na crise do progressismo e nos novos significados atribuídos a noções como Estado, liberdade ou peronismo
O lítio e o machado
O Triângulo do Lítio (Argentina, Bolívia e Chile), detentor das maiores reservas mundiais desse mineral estratégico para as baterias de telefones e automóveis, precisa estar alerta
Milei é um desejo de choque
Diante da “impotência de Estado” da coalizão governista, o candidato da extrema direita Javier Milei promete, usando a expressão canônica, um exercício de vontade. Sua ascensão também é resultado do fracasso do gradualismo
A memória do futuro
Confira trecho do novo livro do filósofo Pierre Dardot, La memoria del futuro: Chile 2019-2022, lançado em abril deste ano pela editorial Gedisa
Reduzir a política a uma disputa sobre a criminalidade
O controle da agenda pública por meio do discurso em torno da segurança pública
Para onde vai a economia chilena?
A economia chilena apresenta um crescimento em declínio no século XXI, com a paradoxal exceção dos últimos três anos. Os serviços estão cada vez mais predominantes, sendo responsáveis pela maioria dos empregos. Destes, 27% são informais, enquanto a distribuição de renda não melhora. Já a abordagem ortodoxa que persiste na política monetária e, em parte, na política fiscal não sugere perspectivas positivas para os próximos anos
O ethos extraviado da administração Boric
O governo chileno está à beira de se identificar com o príncipe do “Gatopardo”, que cunhou a famosa frase “se queremos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude”, para explicar que, mesmo que ocorram mudanças na sociedade e na política, as elites sempre permanecerão no poder
Pequim acelera em direção ao futuro
Lar da maior cobertura de internet no planeta e na vanguarda do consumo digital, grande parte da China já vive em um mundo futurista, povoado por robôs e inteligência artificial. A velocidade com que o país se digitalizou mostra a centralidade política que Pequim atribui ao desenvolvimento tecnológico
Um raio-X do Congresso chileno em razão da rejeição sem debate da reforma tributária
É evidente que o sistema político está sendo alvo de um processo sistemático de demolição de imagem. A pergunta que surge, então, é: esse é um processo espontâneo, aleatório, resultado da superficialidade desses novos tempos e lideranças? Ou é um projeto deliberado, planejado e premeditado?
O Estado no mercado de drogas ilegalizadas
O mercado de drogas ilegais não é uma realidade paralela situada ao lado do Estado, mas sim parte da ordem estatal e das relações sociais. Compreender que tudo faz parte de uma mesma estrutura complexa, um “regime de impunidade”, é crucial para enfrentar situações dramáticas como as que Rosario, reduto do narcotráfico argentino, atravessa atualmente
Cinquenta anos da derrubada do governo da Unidade Popular
O golpe militar de cinquenta anos atrás iniciou o processo que acabou por roubar e desacreditar o debate político na educação chilena
Uma terça-feira, 11: o bombardeio do Chile
Em 11 de setembro de 2023 completam-se cinquenta anos do violento golpe de Estado que derrubou o presidente chileno Salvador Allende e o governo da Unidade Popular
Rosario, rota do dinheiro e impotência do Estado
Por causa da sua localização estratégica, atravessada por estradas nacionais e por uma hidrovia e sede de um dos principais nós de exportação de produtos agrícolas do mundo, Rosário é um forte reduto do tráfico de drogas na Argentina. Lá, a polícia não regula o negócio, participa dele diretamente. Até que ponto o narcotráfico penetra na política, na justiça e nas finanças?
O helicóptero das Franças
Há uma perspectiva faltando. A perspectiva esquecida de classe. Aquela que Francia Márquez trouxe para o centro da política colombiana
Rosário na geopolítica do narcotráfico
Com a taxa mais alta de homicídios na Argentina, Rosário é o reduto do narcotráfico no país
Construir o futuro
As mobilizações de 2011 não aconteceram por acaso, nem porque um dia grupos de estudantes autoconvocados fizeram assembleias para sair às ruas sem outro guia senão o próprio mal-estar. Aconteceram porque houve organização. Ou no plural: existiam organizações
A silenciosa erosão da democracia
A democracia silenciosamente tende a se erodir e a minar seus princípios básicos. E a ascensão da extrema direita representa um desafio para os sistemas democráticos não em termos do surgimento ou não de tendências neofascistas, mas sim em termos de se a classe política estará à altura da tarefa de isolá-los e removê-los dos postos de tomada de decisão
Uruguai, a regulamentação da maconha e seus limites
A experiência do Uruguai, país pioneiro na legalização da maconha, exibe o nascimento de um novo setor econômico produtor e exportador. No entanto, falhas regulatórias – como a criação de um “mercado cinza” – e os vaivéns políticos impedem um desenvolvimento mais dinâmico
O que esperar do novo processo constituinte chileno?
As bases do segundo processo constituinte permitem uma leitura otimista, mas também é capaz que se imponha uma leitura restritiva e antidemocrática. Nessa disputa, algumas lutas são centrais
A cannabis como alavanca do desenvolvimento
A importância para o setor agroindustrial, o potencial de usos múltiplos da planta e o crescimento do mercado regional auguram um futuro promissor para a cannabis na Argentina. No entanto, será necessário avançar na regulamentação da lei sancionada em 2022 e gerar normas que permitam o registro dos produtos que hoje são desenvolvidos
Papa Francisco em um mundo não binário
Completados dez anos do papado de Francisco, que se seguiu à renúncia de Bento XVI, falecido em 31 de dezembro, é possível fazer um balanço (parcial), em perspectiva histórica e sociológica, de seu governo à frente do Estado do Vaticano e como líder carismático da maior instituição sociorreligiosa do planeta
Nicaráguas
De que Nicarágua estamos falando? Da que se livrou da ditadura em 1979 ou da que votou contra os sandinistas em 1990? Da que voltou a vestir-se de vermelho e preto com o retorno ao governo de Daniel Ortega em 2007 ou da que foi testemunha da mutação de Ortega em tirano?
O Chile na guerra comercial entre EUA e China
Nos últimos dez anos, país asiático se consolidou como o maior destino das exportações latino-americanas
Maconha: mercados, regulações e impostos
A legalização progressiva da cannabis para uso medicinal e recreativo está criando um novo mercado legal. Embora as possibilidades de crescimento sejam grandes, ele não foge da lógica que rege outras realidades do capitalismo: as flutuações financeiras e o risco de ser capturado por um punhado de grandes empresas dos países mais ricos
O “evidente” na política chilena
Os acontecimentos políticos não respondem nem se encaminham para um destino predeterminado
Entre o fujimorismo econômico e as mobilizações sociais
A persistência do modelo neoliberal estabelecido por Alberto Fujimori é a chave para explicar a instabilidade política peruana. Embora a coalizão de esquerda liderada por Pedro Castillo tenha fracassado, a tentativa do atual governo de recriar uma aliança conservadora ao estilo dos anos 1990 está em xeque em razão das mobilizações sociais sem precedentes que ocorrem no país desde dezembro
América Latina: novos riscos, velhas ameaças
O principal risco para as democracias latino-americanas é a concentração de poder que leva ao enfraquecimento das eleições como mecanismo competitivo para escolher representantes. Embora as causas sejam múltiplas, duas se destacam: atores desleais e a falta de inserção social dos partidos políticos
Memórias em espera
Toda tentativa de apagar a história recente, de implementar dispositivos de amnésia, carrega em seu próprio coração o rastro daquilo que deseja apagar, a sombra de uma memória eclipsada
Democracias à beira de um ataque de nervos
As democracias latino-americanas encontram-se ameaçadas pela insatisfação social, pela intervenção militar dissimulada e pela sua deterioração
Recuperar a esperança após a derrota no plebiscito
No Chile, diante do cenário de aparente derrota, um dos caminhos possíveis é resgatar a esperança como questão antropológica, ético-política e cidadã
O vaso de tecido de Brasília
O que há na multidão do 8 de janeiro é a destruição fascista de toda possibilidade de algo novo, para preservar violentamente os privilégios do velho
A tempestade perfeita
A destituição de Pedro Castillo abriu um novo capítulo na crise política peruana. A fragmentação do sistema partidário e o comportamento antidemocrático da oposição somaram-se à inexperiência do presidente. Nada indica que a convocação de novas eleições devolverá a estabilidade perdida há uma década
Lendo a política: processos sociais e linguagem literária
Queríamos que a Constituição garantisse os direitos de todos e todas e, coletivamente, escrevemos uma carta pioneira para o Chile
Razões para ter esperança em um novo processo constituinte
No Chile, manter viva a esperança de uma Constituição Política democrática elaborada em democracia ainda é razoável. Não é um otimismo iludido ou uma rendição após a derrota de setembro
Um castelo feito de torrões
A série de eventos iniciada em 7 de dezembro de 2022, em razão do autogolpe fracassado de Pedro Castillo, sua destituição imediata, prisão e posterior repressão aos protestos populares que se produziram, foi algo que começou muito antes
Há cinquenta anos…
No início dos anos 1970, o governo de Salvador Allende também tentava aprovar uma nova Constituição para o Chile. O ex-presidente tinha claro que a democracia só poderia ser salva com mais democracia
O dia em que o peronismo perdeu a juventude
A juventude kirchnerista tornou-se protagonista permanente da vida pública e hoje senta-se à mesa das grandes decisões. O paradoxo é que esse crescimento institucional e territorial não conseguiu impedir que os jovens se afastassem progressivamente do peronismo. Da política em geral, mas sobretudo do peronismo. Como explicar isso?
Novos tempos, novas estratégias
Após o plebiscito que rejeitou a nova Constituição, fomos invadidos pelo desânimo marcado por uma inexplicável decisão popular, tomada contra seus próprios interesses. Algo mudou o rumo e esse “algo” afeta as deliberações como um fator decisivo
Uma rápida ideia para enfrentar a inflação na Argentina
Com inflação próxima de 100%, a Argentina vive uma situação crítica. Enfrentar a alta de preços exige deixar de lado preconceitos e traçar um plano integral que combine políticas ortodoxas (desvalorização, aumento de tarifas, taxas de juros positivas) com outras heterodoxas (impostos sobre exportação, aumentos salariais). É o único caminho
Argentina: vantagens e riscos de um plano de choque
Os economistas concordam que certos níveis de inflação podem ser tratados com programas gradualistas, mas que a inflação persistentemente alta requer um plano de choque. O problema é que sua realização demanda um forte poder disciplinador do Estado ou um consenso político, condições que não se veem atualmente
Massa, gradualismo ou morte
Tendo descartado um plano de estabilização pelos motivos mencionados, o ministro da Economia argentino Sergio Massa segue o gradualismo de cobrir buraco após buraco
Frear o golpe contra a democracia
Impedir as revoltas violentas contra o governo e, em última análise, contra a democracia não é tarefa apenas de quem está no La Moneda, é também dos movimentos sociais
Sem participação, Chile não terá nova Constituição
O principal dever político neste momento, inevitável na busca da nova Constituição, consiste em resistir à tendência de confundir as próprias convicções ideológicas com uma condição de superioridade moral
Lula (com Petro) e o sentido
O sentido democrático recuperado por Lula, para o Brasil e para a região, seria, se Petro não existisse, apenas um sentido para uma “democracia de baixa intensidade”
Chile: paz e compreensão no sul?
Na construção de uma fórmula política para resolver o conflito do Estado com o povo mapuche, o caminho passa por uma ação simultânea das etapas descritas: comissão, investimentos sociais, Congresso, Ministério Indígena, mesa entre silvicultores-governo e autoridades ancestrais e, paralelamente, uma política de ações para enfrentar as diversas formas de violência que atingem alguns municípios das regiões do sul do Chile
Como parar o fascismo?
Até agora, as pessoas não votaram pelo fascismo ou pela privação de direitos sociais, mas pelo desejo de combater a insegurança e proteger a frágil precariedade alcançada
As interpretações políticas do “estallido”
O discurso do presidente Gabriel Boric em 18 de outubro deste ano abriu um desafio às interpretações que têm sido feitas sobre o “estallido” chileno de 2019, reclamando visões mais complexas e abrangentes que superem as unilateralidades e os reducionismos das leituras feitas até agora
O processo constituinte e os povos originários
Os governos do Chile pós-ditadura não têm conseguido canalizar, por diversas razões, os direitos dos povos originários ao modelo democrático do país. Após a vitória do Rejeito no plebiscito da nova Constituição, o discurso de ódio se consolidou em alguns setores políticos, principalmente os vinculados ao Partido Republicano.
A administração Boric e seus dilemas
Durante as últimas semanas tive a oportunidade de conversar com dois grupos diferentes de acadêmicos latino-americanos que vieram ao Chile e queriam ouvir uma explicação sobre o estado em que se encontra o diálogo do governo com a oposição sobre o futuro da Constituição. Neste artigo, interessa-me ordenar os componentes a respeito do consenso constitucional que hoje se busca, mas também deixar um espaço aberto para um melhor funcionamento do processo democrático no país
Por que Alfonsín está retornando?
O regresso a Alfonsín pode ser uma tentativa de retorno a um líder com vocação progressista e profundamente transformadora, mais limpo que as lideranças atuais e melhor intencionado
Lula no (novo) mundo
Os presidentes que retornam ao poder em geral repetem suas políticas, especialmente se foram bem-sucedidas. Entretanto, Lula não precisa apenas reconstruir a imagem internacional do Brasil, destruída por Jair Bolsonaro, mas deve fazê-lo em um mundo mais conflituoso e com menos oportunidades para a autonomia e a diversificação
O impacto da psicometria nas eleições chilenas
A cada campanha eleitoral, fica cada vez mais evidente a importância das redes sociais como canais de informação, de conexão e até de mobilização para milhões de pessoas
Chile: o triunfo do “Rejeito” e a questão constitucional
Aproximar-se do entendimento da derrota no referendo requer uma análise multivariada, ou seja, a compreensão de que não há uma causa única que explique a ampla margem com que a rejeição foi imposta
No Chile, o difícil caminho para uma nova Constituição
Temos um importante desafio para as próximas etapas do processo constituinte, a fim de sustentar práticas políticas e sociais que nos permitam superar a subjetividade herdada da ditadura e ter um desenho estratégico que nos permita derrotar seu legado
O retorno da inteligência militar
Não surpreende que algumas das hipóteses que explicam a rebelião que se espalhou pelo Chile em 2019 se baseassem na suposta participação de agentes estrangeiros, principalmente chavistas venezuelanos e colombianos, coordenados por cubanos
A portada
Sobre o mecanismo preciso do novo processo constituinte, a coalizão de direita Chile Vamos não definiu uma única posição sobre um possível novo plebiscito de entrada para definir os redatores do novo texto. Parece evidente que com essas demandas o que se instalou é uma portada na cara de um novo texto verdadeiramente elaborado a partir da lógica de um processo constituinte
A era do complô
Os complôs são tão antigos quanto a humanidade. A novidade, sustenta Ignacio Ramonet neste artigo que antecipa seu próximo livro, é a forma como a frustração social, as redes sociais e a falta de escrúpulos de líderes como Donald Trump instrumentalizam as teorias da conspiração para fins políticos
Argentina universal
A Argentina exibe uma vocação para a transcendência expressa em heróis como Borges e Maradona, e – o que é muito mais notável – também foi capaz de dar origem a iniciativas coletivas de alcance universal
Apartheid de cimento
A situação das mulheres tornou-se o catalisador da agitação social no Irã. As ruas e o cinema refletem um país onde, como indica o relator das Nações Unidas, são “cidadãs de segunda classe”. O futebol, pela visibilidade de suas estrelas e pela discriminação das mulheres nas arquibancadas, é mais um dos cenários da luta por equidade
A raiz radical que fortalece o bolsonarismo
Confira reportagem da edição uruguaia do Le Monde Diplomatique sobre as eleições brasileiras
Novas lutas para uma nova sociedade
No Chile, o plebiscito de saída, apesar de seu resultado adverso ao processo de mudança, é um novo marco para pôr fim a essa eterna transição que já dura mais de trinta anos. A proposta constitucional, embora tenha sido finalmente rejeitada, constitui em si uma conquista da soberania popular e estabelece um padrão sobre a forma como o povo deve resolver os assuntos que lhe dizem respeito
O nadador que não queria flutuar
Mikhail Gorbatchov morreu em 30 de agosto, aos 91 anos, em um ano em que o medo da guerra global retorna. Os obituários viajam pelo mundo. Palavras como estadista, democrata e traidor são intercaladas. Nenhuma das três é inteiramente verdadeira, embora ele tivesse algo de cada uma delas
Chile: o reflexo
Em uma imagem invertida do plebiscito que deu início ao processo de reforma constitucional, uma esmagadora maioria expressou seu desacordo com uma proposta específica de nova Carta Magna. Embora se mantenha o consenso em mudar a Constituição de 1980, herdada da ditadura de Augusto Pinochet, a luta pelo como fazer isso já começou
Decrescer em três faixas
“Precisamos exigir que, no quadro da geopolítica global, os outros países também comecem a decrescer em seus modelos econômicos […] Desse decrescimento depende nosso sucesso em atingir um equilíbrio maior e que os impactos das mudanças climáticas nos afetem menos”, disse a ministra de Minas e Energia da Colômbia, Irene Vélez, na abertura do Congresso Nacional da Mineração. E a fábrica de memes começou a funcionar…
O momento histórico do que pôde ser
A retumbante derrota sofrida em 4 de setembro no plebiscito sobre a Constituinte chilena nos convida a refletir sobre o motivo desse revés e os cenários que se abrem. A classe política terá a responsabilidade de continuar o processo constitucional aberto em 25 de outubro de 2020 com o plebiscito de entrada e seus significativos 80% de votos a favor de uma nova carta. Não podemos negar a frustração da derrota e também não podemos esquecer as 4.860.093 pessoas que confiaram e acreditaram que outro Chile era possível
Por um modelo de justiça social
Sabemos que no atual modelo privado de água, os conflitos socioambientais continuarão crescendo no Chile, assim como a resistência das comunidades. Por quê? É simples, porque é a vida que está em jogo.
Jogar o jogo: nove parágrafos para uma nova força transformadora
A luta pelas identidades estourou e quebrou a perspectiva da esquerda do século XX. Somente uma “força” de novo tipo pode combinar diferentes vetores sociais em uma sociedade tão desigual como a chilena
No Chile, o futuro que nos escapou
As condições que incubaram a derrota no plebiscito foram pré-definidas no momento da eleição constituinte, em 15 e 16 de maio de 2021. Não é de estranhar que, quanto mais corajoso, ambicioso e abrangente o texto fosse, mais demônios ele despertaria
A democracia continua
Ainda na noite do plebiscito, as forças que apoiam o governo começaram a procurar as causas do fracasso, um processo de autocrítica que levará tempo
Como evitar o desaparecimento do peso
A moeda é uma criação longa e complexa que, em última análise, revela a capacidade de um Estado de orientar o ciclo econômico, moldar o comportamento de seus agentes e impulsionar o crescimento. Na Argentina, o peso vem se enfraquecendo há duas décadas: recuperá-lo e evitar a dolarização é o caminho para o país não mergulhar na desigualdade
Shoppings cheios, geladeiras vazias
Nem uma cópia em papel-carbono dos acontecimentos ocorridos na reta final do alfonsinismo, em 1989, nem da fratura de 2001 que explodiu o Rio da Prata. Mas esta, a terceira grande crise econômica e social que a Argentina vive desde o fim da ditadura, tem algo daquelas…
Argentina e seu destino latino-americano
O consumo por vezes desenfreado da classe média e a diminuição do desemprego convivem com a crise de setores menos favorecidos e com um novo fenômeno: o trabalhador pobre. Um quadro social que aproxima a Argentina de outros países da região, com subemprego, trabalhadores que buscam outra ocupação e alta informalidade
Uma viagem ao bestiário político do “Rejeito” no Chile
Uma eventual derrota da nova Constituição chilena no plebiscito deste domingo, dia 4 de setembro, longe de gerar um apaziguamento das posições, vai tirar do caminho os atores que hoje em dia ponderam milimetricamente os prós e contras da mudança constitucional e abrirá caminho para um cenário cada vez mais polarizado
Aprovar a Constituição da esperança
A Constituição de 2022 é um marco político-jurídico que inclui e protege os setores mais negligenciados, redistribui o poder, desconcentra decisões que hoje em dia são altamente centralizadas e incorpora as regiões, nações e povos originários no exercício da participação
Chile: agora é quando
Os últimos anos no Chile passaram de forma vertiginosa. Um após o outro, acontecimentos políticos e sociais de enorme magnitude se sucederam. Entretanto, eles ainda não foram capazes de traçar uma tendência estável, apesar de continuarem a se desenrolar em meio a uma disputa aberta. Nas vésperas do plebiscito que definirá a possibilidade de uma nova Constituição para o Chile, a vitória do Aprovo (Apruebo) se apresenta como tarefa incontornável de todos os setores políticos comprometidos com a democratização do país
Saúde mental e educação: intersecção de direitos
Apesar de se observar um aumento dos recursos públicos destinados à saúde mental na última década, é evidente que esta não tem tido o mesmo nível de importância que a saúde física
O fenômeno Milei: o que é isso?
O líder da extrema direita Javier Milei não é apenas uma figura política em ascensão, é um discurso que se impõe, o sintoma de uma época. É a manifestação de uma tendência global (a emergência de uma direita radical), mas também reflexo da direitização da sociedade argentina. Sua presença diária nas telas fortalece seu caminho para as eleições presidenciais de 2023
Um novo pacto entre os Rapa Nui e o Estado chileno
O que temos tentado realizar é a adaptação da legislação chilena aos padrões internacionais em matéria de direitos humanos, fazendo com que esta deixe de ser uma das poucas leis do mundo que nega a existência de diversos povos e nações sob a égide de um único Estado. Em palavras simples, defendemos a igualdade de tratamento e oportunidades para os povos de um mesmo país
O “populismo da liberdade” como experiência
A atração das multidões pelo líder de extrema direita argentino Javier Milei não se explica apenas analisando sua figura ou seu discurso, mas também compreendendo as experiências concretas de pessoas empurradas, desde antes da pandemia, para as inclemências de uma “vida neoliberal”: precisam ter esperança e são elas que alimentam um fenômeno político-social que muitos analistas se recusam a ver
Surto inflacionário agrava a crise alimentar
Em abril, o Índice de Preços do Consumidor (IPC) saltou 1,4% em relação ao mês anterior e 10,5% em doze meses. Um nível dessa magnitude não era visto desde agosto de 1994
Isso não pode acontecer aqui…
Uma figura como Javier Milei deveria necessariamente ser uma figura de voo curto. Mas o clima social mudou. A Argentina mudou. O país de 2022 não é o mesmo de 2020, antes da pandemia, nem o de 2015, antes do triunfo de Mauricio Macri. A sociedade está quebrada. Os indicadores de confiança interpessoal, individualismo e “niilismo político” registrados pela Flacso vêm apresentando deterioração sistemática. Politicamente, os argentinos acabam de punir nas urnas o kirchnerismo (em 2015), o macrismo (em 2019) e o albertismo (em 2021), e podem pensar que chegou a hora de provar uma outra opção
Direita lança uma nova frente contra a Constituição democrática
Agora que as tentativas de emplacar novas alternativas no plebiscito fracassaram e com a suposta desvantagem do Rejeito, abre-se uma nova frente de batalha que questiona a legitimidade da votação de 4 de setembro e procura envolver o governo e seus ministros em uma suposta intervenção eleitoral
Petro e o desafio de um centro escorregadio
Depois de liderar o primeiro turno das eleições presidenciais, com 40% dos votos, Gustavo Petro procura reverter as acusações de seus rivais e colocar-se como o candidato das certezas programáticas contra o “Trump colombiano”. A caminho do decisivo dia 19 de junho, ele ressignificou a pergunta sobre se a Colômbia está pronta ou não para um presidente de esquerda