Observatório de Educação – Ensino Médio e Gestão
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Este especial é uma parceria entre Le Monde Diplomatique Brasil e Observatório de Educação: Ensino Médio e Gestão, do Instituto Unibanco. Todo conteúdo produzido tem como base o material disponível no site do Observatório, uma plataforma que organiza e disponibiliza dados como estatísticas, teses, artigos e análises de maneira dinâmica com objetivo de provocar discussões e reflexões sobre o assunto.
É hora de o Brasil semear novas lideranças políticas
É preciso criar espaço para políticos sem velhos vícios e com ideias modernas, vitalidade e disposição para fazer do Brasil um país diferente do que é hoje, socialmente mais justo, economicamente mais forte, e com desenvolvimento crescente e sustentável
Os 34 anos do ECA e a distância entre a lei e o financiamento das políticas
A gestão financeira do governo federal no primeiro semestre de 2024
A justiça climática e a taxação dos bilionários
Esther Duflo, ganhadora do Prêmio Nobel de economia, fala sobre a crise climática causada pelos super ricos e as consequências sofridas pelos mais pobres ao redor do mundo
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Washington e Pequim brincam com fogo
O que queria Nancy Pelosi quando foi para Taipei no início de agosto? Apenas um golpe publicitário? Ou ela gostaria de provocar Pequim, forçando Joe Biden e seu governo a acelerar na região uma mudança da histórica política dos Estados Unidos? Esta combina o reconhecimento de “uma única China” com certa proteção a Taiwan
A estagnação econômica brasileira à luz da prosperidade sul-coreana
Enquanto o Brasil se digladia no populismo entre direita e esquerda, o leste asiático, principalmente em seu expoente sul-coreano, se concentra em alavancar seu PIB.
As serpentes continuam matando
Flagelo de países pobres, as picadas de cobra são uma das doenças tropicais mais negligenciadas. Na Índia, elas matam mais que em qualquer outra parte do mundo. As serpentes, contudo, poderiam ter o poder de curar, mas para isso seria necessário superar obstáculos industriais, logísticos e culturais impostos à produção de soros
A negligência para salvar vidas constatada pela CPI
O aprofundamento das investigações acerca das negociações envolvendo a compra de vacinas é o que motivou a prorrogação da CPI da Covid-19
Democracia leitora, leitura democrata
Excluir de parte da população seus direitos em prol de uma suposta política tributária que deveria ser distributiva não é aceitável. Tirar de alguém a possibilidade, já escassa, de ter acesso ao conhecimento ou de exercer sua cidadania cultural é contrário à Constituição
Esboço de análise sobre o Projeto de Lei do Future-se
Como o Future-se está inserido no bojo da estratégia da ‘guerra cultural’ , é, também, indispensável analisar o PL à luz das versões anteriores, buscando identificar o que permanece como veio profundo, e o que foi abandonado
E o governo decidiu confinar também as liberdades…
A contínua erosão das liberdades individuais observada desde o 11 de Setembro de 2001 conheceu, na França, uma aceleração brutal com o confinamento da população e o estado de emergência sanitária. Na ausência de contrapoderes, os direitos fundamentais sucumbirão diante de um vírus?
Agadèz, o muro anti-imigração da Europa
Situada às portas do Saara, Agadèz tornou-se um posto de controle dos movimentos populacionais em direção ao norte da África e ao Mediterrâneo. Sob pressão da União Europeia, que instalou uma força militar na região, o Níger proibiu a ajuda à imigração, afundando a economia local no caos
“A qualidade do alimento orgânico é igual ao alimento convencional”
Manifesto Comunista em quadrinhos
Marx e Engels espreitam esse inferno ora sussurrando, ora gritando trechos do manifesto de libertação. Embaladas pelo espectro fantasmagórico da fúria dos oprimidos, suas palavras assombram os opressores. Décadas depois, o mesmo espírito do Manifesto Comunista impulsionaria inúmeras revoluções mundo afora durante o século XX.
Venenos na agricultura: quem ganha com isso e como diminuir?
“O agronegócio é que produz comida”
“Alimento orgânico é uma questão de esquerda e é inacessível para a maior parte da população”
Sobre o espólio do mal: o nazismo é de esquerda?
Nem mesmo as flagrantes evidências que o nazismo se firma pela ojeriza ao comunismo (termo inequivocamente de esquerda) demovem os conservadores de atribuírem de algum modo o nazismo à esquerda porque o interesse deles não é pelo debate histórico, mas pela afirmação fantasmática de que os problemas – na sua totalidade – da humanidade estão nas ideias socialistas.
Sob as Leis do não-índio
O objetivo do Estado brasileiro, sob o governo que passou a exercer a administração do país a partir de janeiro de 2019, é permitir o acesso de terceiros particulares, especialmente mineradoras, fazendeiros, o agronegócio etc, às referidas terras, para sua exploração
Ditadura militar e Bolsonarismo: política doméstica e relações internacionais
O populista, que tanto critica o “viés ideológico” de seus opositores, chancela uma política externa subalterna e ideologicamente afinada aos interesses dos EUA, que não coincidem com os interesses nacionais. Tal modalidade de inserção internacional tem contribuído para o enfraquecimento do Mercosul,
Os educadores – Bolsonaro, 100 dias
Contra o ensino público e contra educação crítica e emancipadora, as iniciativas do novo governo federal apontam para a destruição das estruturas existentes, sem clareza do que pode substituí-las. Na prática, a posição se resume em duas palavras: é contra
Os cientistas – Bolsonaro,100 dias
Sob Bolsonaro, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações aprofunda o desmonte do sistema de financiamento à pesquisa iniciado por Temer: o país que rumava em direção à internacionalização da pesquisa terá que recuar ao provincianismo de outrora
As políticas culturais – Bolsonaro, 100 dias
Fundado em 1985, logo após a redemocratização, o Ministério da Cultura morreu, ressuscitou, resistiu e morreu novamente. Mas, apesar de sua ausência, manifestações culturais e artísticas continuarão buscando espaço e autonomia
Revoltas na periferia da Europa
Desde 8 de dezembro, milhares de sérvios se manifestam todo fim de semana contra o regime de Aleksandar Vučić. Na Albânia, estudantes fazem tremer o governo social-democrata de Edi Rama, enquanto a cólera aumenta na Hungria de Viktor Orbán. Para além das diferenças nacionais, as populações da Europa Central se mobilizam contra as mesmas políticas
Chegar ao fundo do poço… e continuar cavando?
Paris voltou a se pôr a reboque da Casa Branca e deu seu aval ao que, aparentemente, não passa de um golpe de Estado
Quão obscurantista é o emplasto filosófico de Olavo de Carvalho?
Na aula sobre o texto “O que é a Ilustração” são tantos os absurdos ditos por Olavo de Carvalho sobre Kant, que chega a ser difícil comentar. Seu objetivo: atacar a democracia, a liberdade e a diversidade.
Pulp fiction: tempos de Bolsonaro
Os personagens do governo bolsonarista tentam apresentar suas opiniões, ressentimentos, teorias conspiratórias; sua incompetência combinada com nepotismo, sua violência, ganância e exploração da fé alheia como se fossem atitudes cândidas
Brasil: o desenvolvimento interditado
Ao adotar uma estratégia de desenvolvimento completamente baseada no mercado, abrindo mão de políticas e investimentos públicos voltados para motivar a pesquisa, a inovação e a produção de bens de alta tecnologia, o Brasil tem caminhado em direção oposta às estratégias adotadas pela União Europeia, a China, os Estados Unidos, entre outros países.
Sobre Damares Alves, o bode expiatório de Bolsonaro
A infância violada fez nascer uma mulher adulta incapaz de acreditar que mulheres e homens podem sim viver em relações de igualdade. Assim, a ministra tornou-se um instrumento nas mãos de um presidente misógino
Chile e Argentina selam pacto contra o novo “inimigo interno”
O povo mapuche vem sendo apontado como inimigo interno por ambos países, alinhados com a doutrina das “novas ameaças” ou “ameaças assimétricas” que pautam a crescente militarização no Cone Sul. A articulação entre os Estados visa aplanar o caminho para a integração desses territórios, fronteira dinâmica de avanço das cadeias produtivo-extrativas na região
COP24: Os povos indígenas em um apelo global
Representantes indígenas foram à Conferência do Clima, na Polônia, pedir apoio internacional para evitar os retrocessos socioambientais anunciados pelo governo eleito no Brasil.
Nova Constituição de Cuba
O que se debate agora em todo o país não é uma reforma do texto constitucional vigente, mas a aprovação de um novo texto que visa a introduzir mudanças profundas na estrutura do Estado e ampliar o leque de direitos de cidadania, sem prejuízo do caráter socialista da Revolução.
A democracia do amor
Nos ajustamos à solidão contemporânea e deixamos o universo fluir, à deriva, como se não fizéssemos parte dele. Concordamos que amor é necessário para nos fazer pessoas melhores, no entanto, estamos quase impotentes frente aos desafios de andar sobre essa navalha lírico-passional
Mídia, Justiça e empresários do Brasil, uma fábrica de demagogos
A situação geral demonstra o que as elites norte-americanas, britânicas e europeias, traumatizadas com a eleição de Trump e com o Brexit, sempre se negam a admitir: o autoritarismo não nasce do nada. A aposta da elite brasileira está condenada ao fracasso e acelera a chegada ao poder de um personagem que encarna uma verdadeira ameaça
A cultura sobrevive!
Em seu difícil cotidiano como produtores culturais, artistas buscam programas de incentivo, novas formas de qualificação, valorização e reconhecimento de seu trabalho
O que resta da democracia: Ampliação da justiça militar e a impunidade no Brasil.
A chacina ocorrida no complexo do Salgueiro, Rio de Janeiro, no final de 2017, tornou-se denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos e tem todos os ingredientes para entender o funcionamento da violência estatal: brutalidade policial e do Exército, rede criminosa violenta operando na região.
Brasil é vice-líder mundial em reestatização da água
A baixa qualidade de serviços prestados pelas empresas e os parcos investimentos na administração dos recursos hídricos colocaram o Brasil em segundo lugar em reestatização da água no mundo
“A intervenção é uma farsa, assim como a UPP”
Nascida e criada no Morro do Preventório, em Niterói (RJ), a funkeira MC Carol, de 24 anos, falou ao Le Monde Diplomatique Brasil sobre feminismo, violência, racismo, política e música
A intervenção civil-militar e o cerco à democracia
Sem alarmes e com expressivo protagonismo civil, as Forças Armadas assumem o governo da segurança pública do Rio de Janeiro enquanto avança a militarização da política brasileira
Criminalização da política e criminalidade violenta
Na sociedade de mercado, que opera com a ideologia de que todos tem como projeto de vida o sucesso material, mas que não leva em conta a igualdade de oportunidades, torna-se muito propensa à expansão da criminalidade. Com a decisão de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, que acaba de ser tomada, a situação chega ao seu estertor.
As cidades serão o palco da renovação política no Brasil
A agenda da renovação está sendo gestada fora dos partidos políticos. Em grupos, coletivos e movimentos sociais bastante atuantes e engajados. Na prática, isso significa que a forma pela qual todo esse anseio pelo “novo” se relacionará com os partidos políticos pode ser uma variável determinante nessa história
Parque Bixiga, patrimônio de São Paulo
Mais do que um desentendimento envolvendo duas figuras conhecidas do público, Silvio Santos e Zé Celso Martinez, o imbróglio sobre o entorno do Teatro Oficina aponta para necessidade de preservação de um importante espaço histórico e cultural protegido pelo IPHAN e debate sobre modelo de cidade
Entrevista com Manuela d’Ávila
Em seu quarto drops, o podcast Trepa Muleke entrevista a pré-candidata pelo PCdoB. Participam da conversa os jornalistas Daniel Magalhães, Ju Jodas, Letícia Canelas, Luis Brasilino, Paulo Lara e Tiago Soares.
E agora?
Se as eleições de 2018 ainda são um importante marco dessa disputa, é preciso olhar para um horizonte mais amplo, organizar a resistência e entender que a construção de um pensamento hegemônico se faz no dia a dia
Último dia do nosso crowdfunding
Aproveite o último dia da nossa campanha de financiamento coletivo com promoções nas assinaturas, livros e algumas das obras que estamparam nossas capas.
Uma fábrica do consentimento
O Estado francês planeja enterrar os dejetos mais perigosos da cadeia nuclear na comuna de Bure, no nordeste do país. No laboratório subterrâneo, cientistas e engenheiros testam as propriedades do confinamento em argila. Na superfície, os especialistas em relações públicas preparam a opinião local
Um sobrevivente do inferno
Em entrevista exclusiva ao Le Monde Diplomatique Brasil, rapper analisa carreira e as transformações sociais do Brasil nos últimos trinta anos: “Vejo muitos negros querendo falar de outras coisas. O branco vai entender isso também, mas vai demorar um pouco”
Árvores de dinheiro
Na era digital, dados genealógicos como coleções fotográficas passam do status de patrimônio histórico comum ao de capital econômico possuído por algumas empresas. Assim, a própria noção de um patrimônio como bem comum universal tem de ser reinventada
2017, o ano das bruxas em ação
Se há um Brasil que caminha célere para as trevas, é ali mesmo onde há cinzas que os movimentos feministas atuam, resistem, existem. É nesse sentido que se pode tomar a política feminista como a mais forte manifestação ao contra-ataque conservador que tem varrido a política brasileira
Our Revolution
O Our Revolution está enviando uma mensagem à classe dos bilionários: “Vocês não podem ter tudo. Não podem ter enormes isenções de impostos, enquanto crianças neste país passam fome. Não podem continuar enviando empregos para a China, enquanto milhões de norte-americanos estão à procura de trabalho. Não podem esconder seus lucros nas Ilhas Cayman e em outros paraísos fiscais, enquanto existem enormes necessidades não satisfeitas em todos os cantos desta nação. Sua ganância tem de acabar. Vocês não podem aproveitar todos os benefícios da América e se recusar a aceitar suas responsabilidades como norte-americanos”.
Seleção de estágio para estudantes de jornalismo
As inscrições para o estágio estarão abertas até o dia 19 de janeiro de 2018.
Um ano de menos segurança e menos desenvolvimento no Brasil
Este ano, o Brasil caiu 2 pontos no critério direitos pessoais segundo o Social Progress Index e 2.9 pontos no Fragile States Index – ambos índices que olham tanto para segurança, quanto para desenvolvimento. De potência emergente, o País agora é visto como frágil ou fragilizado aos olhos de fora
Ensino mercantil e demissão em massa de professores no ensino superior privado
Em busca do lucro, as instituições modificaram currículos, suprimiram disciplinas e rearranjaram turmas, tais medidas foram forjadas sob olhar complacente do MEC. Mesmo olhar que hoje o autoriza, diante das demissões em massa no ensino superior
América do Sul: a nova roupagem da Operação Condor
Se um simples bater de asas de uma borboleta pode causar um terremoto em alguma parte distante do mundo, um cenário global repleto de situações imprevistas faz estragos em toda parte, mas em nenhuma parte do planeta as mudanças têm sido tão determinantes quanto na América do Sul.
Dias de luta e fúria popular contra a OMC e a Reforma da Previdência na Argentina
Um relato sobre os movimentos de revolta popular “Fuera OMC” e contra a Reforma da Previdência que sacudiu a cidade Buenos Aires
Saúde mental: uma canetada não apaga 30 anos de luta
Sem direito a contraditório e a manifestação dos Conselhos Nacionais de Saúde e de Direitos Humanos, o Governo Temer deu mais um passo na direção de desconfigurar a Política Nacional de Saúde Mental. Política que resistiu a governos de matrizes ideológicas diversas e que é reconhecida internacionalmente como referência.
Evasão fiscal, desigualdades tributárias e a desilusão com os processos democráticos
Uma das funções primordiais do Estado repousa em prover uma rede de segurança, a proteção social, para os cidadãos . Trata-se de preservar a coesão social, assegurando que as pessoas e as famílias estejam protegidas contra os riscos e as oscilações que são inerentes ao sistema capitalista de produção. Contudo, a grande influência dos poderes econômicos nos processos democráticos criou um quadro legal que protege as grandes corporações
E se, em vez de votar, os eleitores dessem notas aos candidatos?
“Jean-Luc Mélenchon é o vencedor da eleição presidencial francesa!” Eis o que poderia ter acontecido se os eleitores tivessem atribuído notas a cada candidato em vez de escolherem um único. Emmanuel Macron teria vencido mesmo com outros tipos de votação. Além desses resultados surpreendentes, pesquisadores têm interesse em levar melhor em consideração os desejos dos eleitores
Banco Mundial ataca outra vez: as universidades públicas devem ser pagas
Documento do Bird ignora e despreza a realidade do sistema público de universidades federais, maquiando e manipulando tendenciosamente informações. A intenção é clara: destruir a universidade pública, gratuita e democrática, socialmente referenciada; uma instituição que foi construída pela sociedade brasileira com o objetivo de alcançar a autonomia e independência econômica e política do país
Os trópicos de Caetano Veloso
Leia um trecho da conversa com o compositor. Íntegra da entrevista estará na edição de janeiro de 2018 do Le Monde Diplomatique Brasil
Armadilhas que caímos e discursos que compramos
Para ofertar serviços públicos como os de países ricos teríamos que arrecadar duas ou três vezes mais impostos per capita. O Brasil, para isso, teria que ter uma carga tributária de mais de 100% do PIB. Isso mesmo
Ars Poetica das mídias na conjuntura argentina
A catástrofe social que sofremos é a contraface de um modo de produção que não consegue se reproduzir sem destruir porções cada vez maiores de humanidade e natureza. Esta tragédia não se apresenta como um armagedom, momento único de destruição total, mas se acumula como ondas sobrepostas de catástrofe.
A liberdade de expressão e a democracia
Diante dos recentes ataques contra museus, peças de teatro e palestras ocorridos no Brasil, o Le Monde Diplomatique Brasil entrevistou o filósofo Renato Janine Ribeiro, professor de Ética e Filosofia da USP e ex-ministro da Educação (2015). Na pauta, a importância da liberdade de expressão e o combate ao clima de ódio instaurado no país
Vencer o racismo na mídia e na esquerda: uma etapa necessária?
“Como os veículos de comunicação de esquerda têm dado espaço para esse debate? Estão preocupados em abrir espaço para os negros exigirem igualdade?”, questionam Frei David dos Santos e Irapuã Santana do Nascimento da Silva, da Educafro, no sexto artigo da série especial “Racismo na mídia e na esquerda”
O preço do inestimável
Um pequeno quadro atribuído a Leonardo da Vinci vendido por 385 milhões de euros em novembro; As mulheres de Alger, de Pablo Picasso, negociado por 160 milhões de euros: especuladores invadiram o domínio da arte. Longe dos projetores, milhares de obras “ordinárias” são vendidas por ano. É um mercado que obedece a regras bastante particulares
O que as abelhas murmuram aos humanos
As abelhas estão longe de desaparecer, e sua extinção não ameaçaria necessariamente toda a agricultura alimentar. Acabar com essas crenças alarmistas permitiria um melhor entendimento do que revelam as perdas sem precedentes sofridas por apicultores em certas regiões do mundo e os perigos que significam as mutações profundas dos sistemas agrícolas
Chega de lutas defensivas
Por toda parte, as conquistas sociais dos últimos dois séculos apresentam a mesma limitação: se, em princípio, as pessoas decidem seu destino político, não há nenhuma soberania popular sobre a economia. Solucionar essa hemiplegia implica, para os progressistas, fazer uma mudança de perspectiva: não apenas se opor às reformas, mas também promover outro modelo
O invisível caráter insalubre do trabalho feminino
Para reduzir a idade de aposentadoria, o governo francês precedente prometeu a criação de uma conta pessoal de insalubridade, estabelecendo um rol de atividades penosas, possibilitando assim uma partida mais precoce. Não somente os critérios foram reduzidos pela atual equipe, como também a maior parte foi estabelecida em função do trabalho masculino
Carta aberta a um desempregado sobre o direito à alimentação de verdade
Não é pouca coisa, não é? E é fruto de um trabalho sério, desses raros que reúnem técnicos capacitados, discutindo com a população, e que por isso tem legitimidade incontestável.
Precisamos falar da fé de Leonardo
Leonardo Martins da Silva, de 46 anos, é preto. Ele é o pai de Leonardo Junior, um dos mortos no Dia da Consciência Negra, na Cidade de Deus. Leonardo, o pai, ao saber da possibilidade de o filho estar morto, saiu em busca do corpo, em uma área de mata na Cidade de Deus.
Como o Estado chinês soube se beneficiar da globalização
Em encontro com Donald Trump durante o Fórum de Davos, em janeiro, o presidente chinês, Xi Jinping, refinou seu discurso sobre as virtudes do livre-comércio, enquanto seu homólogo parecia defender o “America first” e o protecionismo. Graças a um Estado desenvolvimentista, Pequim abraçou a globalização para retomar seu lugar no mundo, mas sem se dissolver
O lento avanço de Israel na África
Há muito tempo, a causa palestina constituía uma divergência insuperável entre Israel e a África. Porém, Tel Aviv soube tornar-se útil a vários regimes, especialmente em termos de segurança. Ligações discretas, mas concretas, com certos Estados-chave lhe permitem esperar construir relações econômicas e políticas cada vez mais próximas
O voo da esquerda radical no Kosovo
Autoproclamando-se de esquerda enquanto cultiva um exacerbado nacionalismo albanês, considerado hostil pelos sérvios, o movimento Vetëvendosje cresceu nas eleições legislativas de junho e, desde o pleito municipal de novembro, dirige as duas maiores cidades do Kosovo
O jihadismo segundo os especialistas
Há um fosso entre a imagem dos jihadistas construída pela mídia e aquela concebida pelos especialistas. Para a primeira, o fenômeno é comandado essencialmente pela influência do islamismo salafista. Já para os segundos não existe uma causa única capaz de explicar as ações dos milhares de jovens franceses recrutados, sendo necessário explorar a diversidade de suas motivações
A singular amizade entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita
Excessivamente virulento aos olhos de Riad durante a campanha eleitoral de 2016, o presidente Donald Trump consegue cada vez mais se aproveitar das riquezas do reino – uma trajetória interesseira que não leva em conta as dificuldades estruturais de um país engajado em incertas reformas econômicas e sociais
Ingerência russa, obsessão e paranoia
Uma ingerência de Moscou poderia alterar o resultado da última eleição norte-americana? A hipótese, que obceca a imprensa, é tratada com tanta paixão quanto uma guerra. Do Brexit ao referendo catalão, agora cada votação relevante comporta sua própria versão de uma pilantragem russa. Quanto às provas, bom, é preciso aguardar mais um pouco…
Crise brasileira reanima as direitas radicais
“Que se vayan todos!” Quinze anos depois dos argentinos confrontados com o caos econômico, o grito percorre um Brasil sacudido pelos escândalos de corrupção. Enquanto nenhuma formação tradicional escapa do descrédito, uma direita radical, por vezes ligada aos militares, emerge, prometendo limpar os estábulos de Aúgias
Orçamento 2018, uma carta de intenções aos pobres do Brasil
Parece que, na lógica da atual gestão, é preciso tirar de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais e pobres urbanos para manter os ganhos de quem sempre concentrou a riqueza
A solidariedade entre nós – II
Para conquistar essa nova sociedade é preciso enfrentar os poderes controlados pelas elites, e o único caminho é a reapropriação da política pelo cidadão comum. Isso significa investir na construção de novos atores coletivos, fortalecer redes e fóruns, debater a radicalização da democracia, propor profundas mudanças nas instituições e a criação de novas formas de participação e controle social na gestão pública e na política.
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A direita saiu do armário; a esquerda entrou
Somos, hoje, uma esquerda envergonhada. A corrupção nos atingiu e abateu a nossa moral. Ficamos calados perante o ajuste fiscal proposto pelo governo Dilma. Trocamos um projeto de nação por um projeto de poder. Não cuidamos da alfabetização política do nosso povo. Não criamos uma mídia capaz de se contrapor à versão da direita.
Das ruínas de Belo Monte aos sertões do Xingu
Belo Monte é a denominação geográfica que marca dois momentos de resistência da história brasileira. Separados por 120 anos, a destruição promovida pelo Estado brasileiro selou o destino de comunidades no sertão baiano de Canudos e na Volta Grande do Xingu.
A assustadora atualidade de Blade Runner 2049
Sem dúvida, a maior contribuição de Blade Runner 2049 é a sua assustadora atualidade – mesmo vislumbrando como seria o mundo daqui a 32 anos. As suas propostas – desde a continuação da história do filme original até as novas e geniais criações de plot e arco dramático – constituem, a meu ver, um dos pontos principais do filme.
Quando o Ministério Público não fiscaliza a atividade policial
Um estudo realizado em 2015, aponta que dos 899 promotores e procuradores de MPs federal e estaduais entrevistados, 88% não veem o controle externo da polícia como prioridade da entidade. Desde 1999, ex-promotores e procuradores do Ministério Público ocupam a cadeira de secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Entre eles estão Alexandre de Moraes, atual ministro do STF, Fernando Grella, Antônio Ferreira Pinto, Ronaldo Marzagão, Saulo de Castro, atual secretário de Governo, e Vinicio Petrelluzzi.
Lançamento – Do corpo ao pó
Lançado pela editora Elefante, “Do corpo ao pó: crônicas da territorialidade kaiowá e guarani nas adjacências da morte” aborda os temas morte, terra e violência entre os Guarani Kaiowá
Sem espaço para otimismo na educação
Nosso sistema educacional não está respondendo às necessidades do país. Por ser desigual e excludente, ele projeta para o futuro as enormes desigualdades na distribuição de renda que temos hoje
Encontro com os pioneiros do “africapitalismo”
Com o crescimento econômico, o setor privado africano, especialmente o anglófono, constituiu fortunas. Inflando o mito liberal do sucesso individual, os atores do black business querem reduzir as abissais desigualdades do continente por meio da filantropia. Da Etiópia à África do Sul, eles associam negócios e caridade, tomando do capitalismo virtudes que ele jamais exibiu
Grandes cidades, bons sentimentos
De Paris a Londres, de Sydney a Montreal, de Amsterdã a Nova York, todas as metrópoles se querem dinâmicas, inclusivas, inovadoras, sustentáveis, criativas, conectadas… Esperam, assim, atrair “talentos”, jovens diplomados com alto poder de compra que, como em Seattle, fazem a alegria das empresas e do setor imobiliário
Alguns votam, outros roubam votos
Os mexicanos elegerão um novo presidente em julho de 2018. Se o voto é obrigatório no país, sua utilidade permanece como motivo de precaução: a maior parte dos escrutínios é marcada por um alto nível de fraudes. Vítima frequente dessas irregularidades, amplamente documentadas, o candidato de esquerda Andrés Manuel López Obrador
No México, a imprensa a serviço de uma tirania invisível
Historicamente limitados à propaganda governamental, os grandes grupos midiáticos mexicanos pouco a pouco passaram a construir e desconstruir poderosos. Levado ao poder pelas emissoras privadas, o presidente Enrique Peña Nieto prometeu limitar o monopólio das gigantes da comunicação – o que até agora não saiu do papel
Profundas mudanças nas regras do jogo trabalhista entram em vigor
A reforma trabalhista no Brasil faz parte de uma estratégia global do capital e da oportunidade que agentes econômicos e políticos encontraram para fragilizar o movimento sindical e a força dos trabalhadores. É preciso superar a perplexidade e não acreditar em milagres. Se não forem enfrentados com determinação e inteligência, os efeitos da mudança poderão ser nefastos
A revolta das domésticas na Índia
Elas trabalham para bilionários, mas também para as florescentes camadas médias. Vindas do campo e destituídas de direitos reais, as empregadas domésticas são cada vez mais numerosas na Índia. Raras são as revoltas. Contudo, em uma noite de julho, elas ousaram confrontar os patrões…
A penosa emancipação das israelenses
Apesar dos avanços legislativos conquistados durante a década de 1990, as desigualdades entre homens e mulheres permanecem significativas em Israel. O machismo e o militarismo impostos à sociedade desde o nascimento do Estado, a obsessão com a segurança e o peso da religião atrapalham a luta pela emancipação feminina
O avanço da esquerda radical belga
Minúsculo poucos anos atrás, o Partido do Trabalho da Bélgica (PTB) estaria a ponto de se tornar a principal formação política da Valônia? Criado em 1979, este partido de inspiração marxista-leninista por muito tempo permaneceu confinado a resultados minúsculos durante as eleições nacionais, incapaz de ultrapassar 1% dos votos.
A crise na Catalunha nasceu em Madri
Adversários em relação à independência da Catalunha, os dirigentes de Barcelona e Madri são parecidos: eles esperam que sua intransigência provoque o esquecimento dos escândalos de corrupção em que estão envolvidos. Uma solução para o conflito passa, ao contrário, pelo aprofundamento do estudo sobre as raízes da crise
O conservadorismo moral como reinvenção da marca MBL
Percebendo o fracasso da defesa das ideias neoliberais no país, o MBL realizou um redirecionamento. Agindo de acordo com a lógica de mercado, fizeram algo próximo do que no marketing se denomina rebranding. A aposta foi no velho conservadorismo brasileiro. Daí a tentativa de censurar exposições de arte, como velhos beatos com tochas na mão
Nos modernos jardins da eloquência conservadora
Desde 2013, movimentos da direita brasileira ganham espaço com sua retórica antiesquerdista e conservadora. Na internet, encontram terreno fértil para discursar muito e discutir pouco. Nessa prática, revelam as rupturas e as permanências da direita no país
Think tanks ultraliberais e a nova direita brasileira
Contando com pouco financiamento proveniente de empresários nacionais, a maior parte das organizações ultraliberais angaria recursos por meio de editais disponibilizados nos sites de fundações e think tanks libertarianos estrangeiros, como as norte-americanas Cato e Atlas, e a alemã Friedrich Naumann
Os militares na política
Em verdade, essa ascensão dos militares pode ser ilustrativa de uma saída da política que nunca existiu. Apesar de contarmos 32 anos sem intervenção direta, as Forças Armadas jamais recuaram do controle do instrumento de dominação social e política por excelência do Estado moderno
Uma vitória para chamar de sua
Quando expomos os mecanismos do poder, a situação internacional também nos alerta para os perigos da indignação desenfreada, da “oposição que contenta os descontentes”, da caixa de ressonância da mídia e das redes sociais que isola e, não raro, embrutece. Desde a eleição de Donald Trump, praticamente não se passa uma hora sem que a maioria da imprensa ocidental esmiúce as patetices, torpezas e malfeitos do ocupante da Casa Branca.
O casamento gay aterrissa na Ásia
Ilha independente de facto desde 1949 e “província da China” segundo as autoridades de Pequim, até 2019 Taiwan deve se tornar o primeiro país asiático a legalizar a união de casais do mesmo sexo. A população está fortemente dividida com relação ao assunto. A sociedade continua alicerçada em tradições culturais confucionistas, como a piedade filial e a estabilidade da família
As duas faces da crise venezuelana
Profunda, sangrenta, a crise Venezuela apaixona. Na mídia grande, ela serve a uma obsessão: criticar Jean-Luc Mélenchon na França, Jeremy Corbyn no Reino Unido e Pablo Iglesias na Espanha. Mas a crise interpela também os progressistas, mergulhados na desordem. Como interpretar os acontecimentos? O que fazer? Qual será o resultado?
Profissionais do sexo que estão detendo o HIV
Em Moçambique, profissionais do sexo estão oferecendo apoio à população que vive à margem da sociedade. Elas enfrentam desafios políticos e financeiros, mas mesmo assim conseguem ajudar milhares de pessoas Jules Montagne
A jogada por trás dos sites caça-cliques
A grave crise da imprensa iniciada nos anos 2000 se encerrou, ao menos no plano econômico. De um lado, os grupos tradicionais que apostaram nas assinaturas e na informação on-line paga se recuperam. De outro, emergem dezenas de sites de variedades inteiramente dependentes da publicidade – e do número de páginas visitadas
Sophie Eustache e Jessica Trochet
A nova imprensa da extrema direita alemã
Impor sua agenda no debate público, levar a batalha cultural paralelamente ao combate político: na Alemanha, como em outros lugares, as formações nacional-conservadoras se aplicam em preencher essa dupla tarefa. Isso passa pela criação de revistas, editoras e jornais. É o caso do Junge Freiheit, semanário que conheceu um crescimento fulgurante nos últimos anos Rachel Knaebel
Barbárie: compartilhar
Longe do silenciamento das massas promovido pela TV ou o rádio, a internet autoriza a fala, o julgamento, a expressão emotiva e, nessa permissão codificada, deles nos dispensa, desacostuma, até que, sem a menor necessidade de censura, os atrofia. Se o automatismo resultante é mais palpável na operação oca de “curtir”, este se torna menos evidente nos espaços destinados à escrita
Silvia Viana
Vidas matáveis, morte em vida e morte de fato
Drogas, tortura, encarceramento feminino, entre outros, serão temas da série “Prisões, a barbárie contemporânea”, que começa a ser publicada nesta edição. Confira análise do sistema prisional como mecanismo que transforma os detentos em vidas matáveis, gerando morte em vida por maus-tratos extremos ou morte de fato
O caos penitenciário brasileiro
Em janeiro, enfrentamentos entre as organizações criminosas provocaram a morte de 56 detentos em Manaus e de outros 33 em Roraima. A população carcerária do Brasil foi multiplicada por sete em vinte anos. Sem conduzir a avanços em segurança ou na “guerra às drogas”, a política fortaleceu gangues que regem tanto a vida na prisão quanto o retorno à liberdade Anne Vigna
O que fazer do “brasil”?
Hoje, no “brasil”, aparentemente perdemos, no Estado e na sociedade, as referências a esse pacto civilizatório mínimo que constituiu a nação. Perdemos o reconhecimento da alteridade como parte de uma humanidade comum. Informados pela mídia e/ou pelas redes sociais, temos acompanhado microcenas de horror e barbárie que vêm compondo um enredo perverso
Márcia Pereira Leite
O adeus às armas?
Em 24 de junho, a Frente de Libertação Nacional da Córsega anunciou a decisão unilateral de iniciar o processo de desmilitarização e sair da clandestinidade. Após o adeus às armas do IRA e do ETA, esse anúncio assinala o fim das três últimas lutas armadas da Europa Ocidental. As soluções políticas ainda são incertas Pierre Poggioli
Como entrevistar Adolf Hitler?
A história da mídia tem seus mitos. O do grande repórter pronto a desafiar os poderosos ocupa nela um lugar de destaque. A realidade, porém, se mostra menos romântica, principalmente quando nos debruçamos sobre os anos 1930. As condições nas quais Adolf Hitler foi entrevistado por dez vezes pelos enviados especiais franceses antes da guerra expõem o grau de servilismo de um certo jornalismo
Dominique Pinsolle
Direito ou gentrificação?
A substituição das populações originais por outras de maior renda contribuirá para a radicalização do “modelo” centro versus periferia, que tem por base o preço da localização e pressupõe que os mais pobres devam ocupar dispersamente as margens da cidade, em locais sem infraestrutura e equipamentos sociais Manoel Ribeiro
Maioridade penal: mitos e fatos
Diante de tantos fatos e evidências a esclarecer o engodo em que consiste a apresentação da redução da maioridade penal e do aumento do tempo de internação de adolescentes infratores como fórmulas eficazes para diminuir a criminalidade e a violência, cabe aos cidadãos e eleitores exigir que se eleve o nível do debate Rubens Naves
“Redução da maioridade vai gerar mais crimes e violência”
Para debater os efeitos da proposta de redução da maioridade penal, entrevistamos o advogado Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condeca-SP). Ele analisa a estrutura atual de atendimento a jovens infratores no Brasil e alerta: a redução vai gerar mais crimes Luís Brasilino
Sobre um pano azul com doze estrelas amarelas
Ninguém poderia prever que, no início dessa odisseia fracassada, a Europa central e a oriental se tornassem, desde sua libertação, uma pequena América do Leste, onde sex-shops e McDonald’s substituiriam as livrarias e tabernas, onde o Pentágono se apressaria a instalar seus consultores e a CIA, suas prisões clandestinas
Régis Debray
A guerra racial de alta letalidade
Denúncias contra o Estado brasileiro na ONU, na Organização dos Estados Americanos ou na Comissão Interamericana de Direitos humanos crescem proporcionalmente ao fortalecimento do laboratório da guerra racial de alta letalidade, que significa investimento em aparatos jurídicos e armamentos sofisticados em conexão com a ideologia da crise da segurança pública e da guerra às drogas
Avançamos e levamos porrada ao mesmo tempo
Em entrevista, Klecius Borges, psicólogo especialista em terapia afirmativa para gays, lésbicas, bissexuais e seus familiares, celebra conquistas dos homossexuais, como o aumento da visibilidade e da tolerância, mas destaca que ainda há um longo caminho para que os LGBT´s sejam plenamente aceitos na sociedade
A armadilha dos 99%
Em 2011, o movimento Occupy Wall Street se construiu em torno de uma ideia, um slogan: “Temos em comum o fato de sermos os 99% que não toleram mais a avidez e a corrupção do 1% restante”. Diversos estudos acabavam de demonstrar que a quase totalidade dos ganhos da recuperação econômica tinha beneficiado o 1% dos norte-americanos mais ricos. (escute o artigo na versão original)
Estratégias da violência se fundam no genocídio de negros, pobres e mulheres
Com a combinação do jogo do medo com a percepção de uma força acima das leis, a segurança pública em prática no país demonstra que o aparato institucional é insuficiente para proteger os cidadãos, demandando o acionamento do autoritário e violento para conter o “outro” perigoso
As três batalhas de Raduan Nassar
Aos 81 anos, Raduan Nassar, paulista de Pindorama, norte do estado, possui uma trajetória de inquietude. Abandonou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco no quinto ano, já fisgado pela literatura. A filosofia e o jornalismo foram casas temporárias de um homem que aprendeu, na adolescência, a gostar de palavras, então aluno de uma de suas irmãs, professoras de português. O pendor pela palavra desembocou em Lavoura arcaica (1975), Um copo de cólera (1978) e uma coletânea de contos publicados de maneira esparsa ao longo dos anos, incluindo Menina a caminho, O ventre seco, Hoje de madrugada e outros.
A desorientação da social-democracia alemã
As eleições legislativas de 24 de setembro não anunciam bons presságios para o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). Para além das decepções nos últimos escrutínios regionais e das alianças acrobáticas, o núcleo de sua ideologia parece ter se desintegrado. Nas administrações locais, militantes desconcertados procuram em vão por uma linha mais bem definida
Crises em cadeia
Há dez anos eclodia a crise financeira mais grave desde 1929. Os banqueiros retomaram seus negócios habituais, mas a onda de choque continua. Ela tornou caducos certos modelos de crescimento e provocou o descrédito maciço do mundo político. A essas duas crises soma-se outra, ecológica, que ameaça o planeta em si. Como os pensadores críticos articulam essas três dimensões?
Golpes democráticos
Nunca na história do voto universal na França uma eleição legislativa mobilizou tão pouca gente (mais de 56% de abstenção, contra 16% em 1978…). Esse placar pífio, no estilo norte-americano, concluiu uma campanha nacional quase ausente, com ritmo ditado por “casos” com frequência secundários.
Patriarcado e a cultura do estupro no Brasil
A cultura do estupro é, em termos gerais, a banalização e normalização desse crime pela sociedade que compactua e estimula essa cultura de diversas maneiras, por exemplo, quando objetifica as mulheres nos meios de comunicação
Um assalariado sem submissão é possível
Na esperança de persuadir os opositores da reforma trabalhista, o governo francês agendou mais de oitenta reuniões com sindicatos daqui até setembro. Mas consultar não é negociar, muito menos coescrever a lei. Não seria a hora de trilhar o caminho para pôr fim às relações de subordinação próprias do contrato de trabalho, reforçando os direitos sociais?
Os governos e as ruas
A polarização do último ano de governo Dilma perdura. Mesmo se houvesse pauta comum, o fosso que separou famílias, amigos, colegas de trabalho em dois continentes políticos é profundo. Alguém será capaz de lançar uma ponte?
A temível influência saudita nos EUA
Mornas durante o mandato de Barack Obama, as relações entre Arábia Saudita e Estados Unidos voltaram a esquentar com a ascensão de Donald Trump. Uma evolução surpreendente quando lembramos a virulência deste contra a monarquia wahabita antes das eleições, mas compreensível se considerarmos a eficiência do lobby pró-saudita norte-americano
A democracia no Brasil ou a (des)esperança equilibrista
A “democracia” brasileira encontra-se na “corda bamba equilibrista”: de um lado, o autoritarismo enevoado pelas formalidades legais falsamente democráticas, desestruturadoras dos direitos políticos, sociais e trabalhistas; de outro, a luta dos trabalhadores e dos pobres em busca destes
Somos todos mutantes
É preciso modificar seres vivos transformando as informações que os organismos transmitem de uma geração a outra? Dispomos cada vez mais de ferramentas que permitem interferir nos genomas de maneira dirigida e precisa, o que a natureza faz aleatoriamente. Antes do êxtase ou do pavor, a perspectiva reclama uma reflexão racional: por que e para que fazer isso?
Irmãos inimigos no Sudão do Sul
Seis anos após a independência, o Sudão do Sul é devastado pela guerra civil. Mediadores dirigem-se, desordenadamente, para o pequeno país petroleiro da África central. Mas não é possível vislumbrar nenhuma paz sustentável sem afastar as simplificações midiáticas: o conflito não é “étnico”, é político. E suas raízes remontam à colonização britânica
Para a África, produtos adulterados
A força de um sistema econômico agarra-se à sua capacidade de participar dos menores detalhes da existência e, em particular, de nossos pratos. Uma banal lata de extrato de tomate contém, assim, dois séculos de história do capitalismo. Jean-Baptiste Malet apresenta aqui uma pesquisa feita nos quatro continentes: uma geopolítica da junk food
Quando a justiça dilui o eleitorado
A justiça da União Europeia tornou-se um novo terreno de confronto para empresas e governos, tendo como pano de fundo a construção do Mercado Comum. Desse modo, elaborou-se toda uma jurisprudência que contribui para deslegitimar a UE. Contudo, desde os anos 1970, a Corte Constitucional alemã detectou tal déficit democrático
Para quem a Belo Sun mente?
Apesar de o processo estar atualmente suspenso na justiça federal, o fato é que não existe manifestação inequívoca do poder público sobre os limites da capacidade de suporte da região da Volta Grande do Xingu para segurar simultaneamente a terceira maior hidrelétrica do planeta e a maior mineradora de ouro a céu aberto do Brasil
Profissão: deputado
Adeptos do acúmulo de mandatos e da contratação de aliados como assistentes, os parlamentares franceses simbolizam a “casta” de políticos profissionais que Emmanuel Macron promete renovar. Mas em que consiste essa profissionalização? Traçando as trajetórias dos deputados desde os anos 1970, uma investigação esclarece a questão
Árabes na América Latina
Existe racismo na América Latina. Ele atinge com mais frequência os negros, assim como imigrantes bolivianos, peruanos e colombianos. As comunidades árabes, contudo, raramente sofrem com os estigmas que frequentemente lhes são impostos na Europa. Para explicar o fenômeno é preciso analisar como foi a chegada dessas pessoas à região e a posição social que ocupam
Os limites da democracia brasileira
Com o golpe da cleptocracia e a tal “agenda de reformas”, o impasse entre direitos e mercado está sendo de algum modo resolvido, mudando a Constituição para bem pior. Ou seja, estamos num momento em que está sendo mandado às favas aquele pacto democrático capenga que, bem ou mal, nos dava alegrias cidadãs
O destino da garota desconhecida
Ken Loach abre o percurso. Sempre engajado, o cineasta se incumbiu do destino crepuscular dos trabalhadores britânicos. Daniel Blake é o exemplar dessa classe que viveu seus tempos heroicos. Envelhecido e adoentado, a grande façanha do hábil carpinteiro se resume a enfrentar os meandros das agências oficiais para obter o auxílio-doença.
Na Guiana Francesa, a corrida do ouro… e da Bíblia
Em 25 anos, a Guiana Francesa viu sua população dobrar. Ela se sente negligenciada pela metrópole, da qual depende para tudo, ou quase, e permanece economicamente isolada de seus vizinhos. Mas a porosidade de sua fronteira a torna permeável tanto ao tráfico de ouro como ao proselitismo evangélico. Na linha de frente, os indígenas apostam seu futuro como povo
Reencontrar o riso de Bertolt Brecht
Uma vez que propunha ao espectador o prazer de se libertar das falsas verdades que escondem a ordem vigente, Bertolt Brecht abriu a representação teatral a um campo totalmente novo, tanto na forma como nos objetivos. Essa agitação foi celebrada durante sua descoberta na França, mas pouco a pouco neutralizada. Seu tímido retorno assinala a audácia de pensar com alegria
Último salto rumo à seleção humana
Recentemente, assistiu-se ao surgimento de tecnologias genéticas complexas, cujos poderes fascinantes e temíveis foram popularizados pelos meios de comunicação: o CRISPR-Cas9, “tesoura genética”, e o gene drive, ou “forçagem genética”. Um primeiro teste chinês que usou a tecnologia CRISPR em 2015 para reparar embriões humanos anormais acelerou a autorização de projetos de pesquisa em vários outros países, entre os quais Reino Unido e Estados Unidos
Hollywood e a liberdade norte-americana
A liberdade chegou a um nível jamais atingido, mas não sabemos o que fazer com ela. Uns até a condenam. Ronda o ódio à democracia. Por que não reivindicar uma democracia mais real? O que vemos são pessoas reclamando de ela ser real demais. Ledo engano. O que não podemos é defender uma democracia disforme, que se desdobra para atender aos interesses capitalistas – a que Hollywood reproduz com excessiva confusão de efeitos especiais e cenas românticas
Neofascismos e crise política no Brasil
Enquanto a instabilidade política parece não dar sinais de abrandamento, movimentos neofascistas procuram espaço como alternativa aos desgastados partidos. O hate rock, vertente musical que funciona como ferramenta de difusão ideológica para seus militantes.
A agricultura orgânica ameaçada pela indústria do “orgânico”
Esforço virtuoso em prol do emprego, do uso dos recursos e da saúde pública, a agricultura orgânica progride rapidamente na França. A tal ponto que a indústria agroalimentar e os grandes supermercados pretendem se apossar do negócio, com o risco de apagar seus fundamentos por meio da pressão pela redução das exigências de qualidade
O que não se aprendeu com a tragédia no Rio Doce
Apesar dos riscos e da tragédia da Samarco, o licenciamento ambiental de barragens de rejeito vem sendo feito de forma pouco rigorosa no Brasil. Entre os problemas estão o subdimensionamento das áreas de influência, a desconsideração dos potenciais danos a comunidades e a avaliação insuficiente de alternativas tecnológicas
Novo massacre indígena no Maranhão
O deputado federal Aluísio Mendes (PTN/Podemos) participa de ato que incitou a população de Viana (MA) a atacar indígenas que, horas antes, haviam ocupado sítio na região. O saldo é de 22 gamela feridos, dos quais cinco a bala e dois com a mão amputada. “Depois que viam que não se mexia mais, partiam para cima de outro”, relata indígena
O desprezo pelo povo
Enquanto o populismo de direita vai de vento em popa nos Estados Unidos, uma onda de desprezo pela classe trabalhadora cresce na oposição. Progressistas desmoralizados pela derrota nas eleições presidenciais de 2016 lambem suas feridas se enganando com ilusões de superioridade metafísica. Nem sempre de forma consciente, eles revivem uma antiga ideia
A história do capitalismo contada pelo ketchup
A força de um sistema econômico agarra-se à sua capacidade de participar dos menores detalhes da existência e, em particular, de nossos pratos. Uma banal lata de extrato de tomate contém, assim, dois séculos de história do capitalismo. Jean-Baptiste Malet apresenta aqui uma pesquisa feita nos quatro continentes: uma geopolítica da junk food
Em Chiapas, a revolução continua
No início dos anos 1990, o levante zapatista encarnou uma opção estratégica: mudar o mundo sem tomar o poder. A chegada ao governo de forças de esquerda na América Latina, alguns anos depois, parecia tirar-lhes a razão. Mas, da Venezuela ao Brasil, as dificuldades das administrações progressistas levantam uma questão: como está Chiapas?
Golpe de toga
A demolição do edifício político abriu espaço para tentações fascistas. Entre o velho que se dissolveu e o novo que ainda não se impôs emergiram formas mórbidas, como diria Gramsci. Pela primeira vez na história brasileira uma candidatura fascista apresentou altos índices de intenção de voto em 2017
No Arizona, o muro de Trump já existe
De acordo com Donald Trump, a fronteira entre Estados Unidos e México seria uma peneira que somente a construção de um “grande e belo muro”, de 3,2 mil quilômetros, poderia tampar. Contudo, os norte-americanos não esperaram o novo presidente para caçar imigrantes clandestinos. No Arizona, o deserto, as patrulhas policiais e as milícias já cuidam desse serviço
O ar-condicionado ao assalto do mundo
Quem nunca sonhou, quando o calor se torna insuportável, em ligar o ar-condicionado para desfrutar uma brisa refrescante? Alimentada por ondas de calor em sequência, essa tentação não é desprovida de consequência: o climatizador transforma o modo de vida dos países onde se instala
Os invisíveis geram medo
São mais de 160 pessoas assassinadas por dia. Na Síria, por exemplo, em quatro anos de guerra morreram 256 mil pessoas. No Brasil, no mesmo período, quase 279 mil.2 Não é uma guerra civil declarada, mas este é o país em que os policiais mais matam e mais morrem no mundo. Se de um lado estão os policiais e o Estado, do outro lado quem é o inimigo?
O governo Temer na economia: conjuntura, estrutura e “fracasso”
Diante dos resultados negativos em todas essas frentes e das perspectivas no mínimo modestas para 2017 e 2018, seria correto afirmar que o governo Temer é um fracasso na economia? A hipótese deste artigo é a de que não, e um sinal claro é a enorme condescendência com que sua performance é noticiada e comentada até aqui
A grandeza perdida da malha ferroviária argentina
Curioso paradoxo das estradas de ferro na América Latina: inicialmente a serviço das metrópoles europeias ávidas por matéria-prima, elas atualmente encarnam uma perspectiva de soberania nacional por meio da integração dos territórios. Só falta deixá-las prontas após longos períodos de gestão privada, sinônimo da deterioração dos equipamentos
Quem matou Samora Machel?
Enquanto Moçambique, sacudido por escândalos e enfraquecido pela queda do preço das matérias-primas, atravessa uma das mais graves crises de sua história, a morte misteriosa do presidente Samora Machel, ocorrida em 1986, assombra o debate público. Com o tempo, as línguas se afrouxam e a verdade começa a emergir…
Casamentos desastrosos no Tadjiquistão
Na Ásia central pós-soviética, a profusão inédita de recursos financeiros e o acesso a novos modos de consumo reforçam a tradição dos casamentos caríssimos. As primeiras vítimas são as camadas populares, que acabam por se endividar para assumir a obrigação de gastar publicamente seu dinheiro
Na periferia, um prefeito contra os moradores
Em um distrito popular como Sarcelles, 68% dos eleitores abstiveram-se nas eleições legislativas francesas de junho. Há tempos, a política, e a disputa de projetos, foi substituída por um clientelismo municipal cheio de hostilidade em relação aos habitantes. As palavras vazias sobre convivência não conseguem mais dissimular o peso político das convicções religiosas
A racionalidade de Pyongyang
As ameaças e o embargo norte-americanos respondem às provocações e aos testes militares norte-coreanos. Depois de ter enviado um porta-aviões ao Mar do Japão, Trump exige um comprometimento mais firme da China. Mesmo que Pequim endureça as sanções contra Pyongyang, é pouco provável que os líderes coreanos renunciem ao programa nuclear, que se tornou seu seguro de vida
FOME.DOC – as desigualdades sociais em suas diversas faces
Além de músicas, citações de autores acadêmicos e da literatura ficcional, trechos de reportagens, mapas, poesias, documentários, provérbios e discursos são pinçados oportunamente para compor a dramaturgia documental do espetáculo Fome.doc – Ensaio sobre a necessidade e a liberdade, o projeto mais recente da Kiwi Companhia de Teatro. Fundada em 1996, tem em seu currículo quinze montagens e alguns prêmios, além de ter sido agraciada cinco vezes com o Fomento ao Teatro na cidade de São Paulo.
É preciso falar de Rafael Braga Vieira
Mais do que isso, a raça como construto social e invenção que estrutura a colonialidade do poder sempre exerceu centralidade nas políticas de contenção e repressão no continente latino-americano, funcionando como um potente marcador social de desigualdades
Uma estrela chamada Clarice Lispector
Apelidada na França de “princesa da língua portuguesa”, Clarice Lispector escrevia como se pudesse salvar a vida de uma pessoa e aproximá-la da beleza silenciosa do mundo. Grande figura da literatura brasileira, por muito tempo permaneceu desconhecida na França. A recente publicação de suas cartas deve contribuir para sua difusão
Refugiados, um bom negócio
Os desastres humanitários não são catastróficos para todos. Escritórios de auditoria, vendedores de cartões de débito ou grandes fabricantes de móveis: assim que um campo é aberto, empresas correm em direção a uma “indústria da ajuda”, cujo volume anual ultrapassa 25 bilhões de euros
Entre o medo, o desdém e a cólera: o avanço da extrema direita no Brasil
A extrema direita tem uma função útil para o mercado e para o governo golpista: usar os seus seguidores para “criminalizar” e estigmatizar toda a esquerda e transformar, por conseguinte, a luta por liberdade e justiça social em uma falácia. É lógico que se aproveitam das condições sócio-históricas da democracia atual, onde uma massa de cidadãos desencantados, desorientados e descontentes, não sabem a quem ser leais.
Jovens negras do Brasil e a transmissão geracional do racismo e da desigualdade
O alto risco que se impõe diariamente sobre a vida das jovens mulheres negras aparece como uma condição que tem rebatimentos negativos diretos sobre a democracia brasileira, já que tal situação deve ser entendida como resultado histórico de condutas coletivas socialmente perversas.
A exaustão da Nova República
Para as classes subalternas, a deficiência da Nova República manifesta-se no caráter impermeável do Estado brasileiro às demandas democratizantes da população. A convicção de que “todos os políticos são iguais” decorre da constatação prática de que, no final das contas, os imperativos do capital sempre acabam prevalecendo. Para as classes dominantes, é o oposto.
Crime e reformas nas Filipinas
O ano de 2016 foi marcado pela eleição, nas Filipinas, do presidente Rodrigo Duterte. Seu programa de combate às drogas e à criminalidade chamou atenção da mídia internacional por causa dos milhares de mortes provocadas. Contudo, paradoxalmente, o novo homem forte de Manila pretende pôr em prática numerosas reformas sociais, econômicas e políticas
Há lógica no aumento dos impostos sobre combustíveis?
O mito das “contas que não fecham”, sem dizer por quê, ou colocando a culpa em uma irresponsabilidade abstrata de governos anteriores, é o instrumento subjetivo que pacifica o povo diante de tamanha extorsão em favor de poucos privilegiados que já detém fortunas inimagináveis.
Unila: por uma integração dos povos latinocaribenhos
A Unila nasce deste entroncamento entre a crise estrutural do neoliberalismo e o protagonismo de novos atores em cena na política regional, a partir das lutas sociais e políticas que delimitaram a chegada no poder de líderes sociais indígenas, sindicais e de movimentos sociais. Deste entroncamento fica explícito que a Unila aparecia como resposta política à histórica desigualdade estrutural da região, capitaneada pelo subimperialismo brasileiro no continente.
É chegada a hora de pressionar por uma política de economia solidária
A Economia Solidária é também uma atividade que estimula a cidadania ao fomentar valores como solidariedade, cooperação, diálogo e democracia, define o parecer à CCJ de autoria da deputada Maria do Rosário.
Direitos individuais no século da geolocalização
A globalização se retroalimenta do Big Data e das ferramentas geoespaciais. Pessoas se georreferenciam voluntariamente em redes sociais; o Estado georreferencia os cidadãos para efeitos tributários, criminais e até de espionagem; há políticas públicas que envolvem a prevenção de catástrofes naturais, a urbanização de favelas, o planejamento ambiental, a viabilização de infraestruturas e a gestão de detentos por tornozeleiras eletrônicas; empresas se utilizam do geomarketing para diversas finalidades econômicas; chega-se ao ponto de se criar a expressão geoslavery (geoescravo, em tradução livre) para alertar sobre invasões de privacidade devido à expansão desenfreada de serviços baseados em geolocalização.
SÉRIE ESPECIAL: Cracolândia SP
Para debater as ações desencadeadas pelo governo estadual e pela Prefeitura de São Paulo a partir do dia 20 de maio na região conhecida como cracolândia, no centro da capital paulista, lançamos neste momento mais uma série especial do Le Monde Diplomatique Brasil, exclusiva para versão digital. Com olhares sob diferentes pontos de vista – jurídico, urbano, habitacional, da saúde mental, dos movimentos sociais e do patrimônio histórico –, o objetivo é traçar um diagnóstico da situação, avaliar as políticas adotadas e, quando possível, apontar caminhos ou soluções
Greve Geral faz 100 anos e coletivos celebram as lutas com cortejo, intervenções e filme
No próximo sábado, 15 de julho, coletivos de São Paulo apresentam “Cortejo de 100 anos da greve geral de 1917”, uma homenagem à história de todas as pessoas que se ergueram em defesa de uma vida mais digna e pela construção da história dos trabalhadores e de outra sociedade.
Antonio Candido e a era da incerteza
Vale lembrar que, junto à sutileza, Antonio Candido prezava também pela clareza da escrita, em consonância com suas convicções políticas e com o papel que a crítica, segundo acreditava, deveria assumir no esforço de transformação social
A península coreana na mira do império
A política internacional da Guerra Fria modulou desde o início as relações entre as duas Coreias. Segundo Bruce Cumings, em seu North Korea: Another Country (2004), já logo após o armistício em 1953, os Estados Unidos introduziram armas nucleares na Coreia do Sul e, desde então e nas décadas seguintes, sempre tiveram presente fazer uso delas já no início de uma eventual nova guerra na península
Santa Efigênia, Luz e Campos Elíseos: a Prefeitura derruba
Menos de seis meses após assumir a Prefeitura de São Paulo, em 2017, o prefeito João Dória Jr. e o governador Geraldo Alckmin desencadeiam uma ação policial para dispersão dos usuários de crack, agora concentrados no bairro de Campos Elíseos. As ações de dispersão seguem o mesmo roteiro das estratégias adotadas na gestão José Serra/ Gilberto Kassab: o protagonismo da Polícia; a lacração de estabelecimentos comerciais; apreensões, prisões. E, assim como Kassab, João Dória comemora as demolições e declara o fim da Cracolândia.
Fazer sumir: políticas de combate à Cracolândia
É política concreta de “arrasa quarteirão”, que, com rapidez, eficácia, legalidade duvidosa e estratégia militarizada, visa erradicar essa famigerada territorialidade, abrindo espaço para acionar práticas de fazer sumir os que conflitam com o projeto de cidade limpa, moderna e parceira da iniciativa privada
UERJ não está normal, não é por acaso e tem algo a dizer
A UERJ se orgulha de ser protagonista no sistema de cotas, de possuir um grande programa de extensão universitária junto à sociedade e unidades em cidades do interior com projetos de expansão. Já em termos da produtividade e qualidade da pesquisa, inclusive foi considerada a 5ª melhor universidade do Brasil, no entanto o atual governo estadual está sistematicamente desfinanciado a UERJ aponto de prejudicar a contratação de fornecedores e reter de forma dolosa o salário de seus funcionários
Vamos falar de populismo
Em sua definição, que é ambígua, o populismo é caracterizado como um modo de fazer política. O populismo propicia a construção de um sujeito político – o povo – por meio da identificação antagônica de um outro: aquele que o oprime, que seria causa de suas desventuras.
O trabalho doméstico na crise econômica: uma dinâmica anticíclica
No período dos governos petistas o trabalho doméstico foi perdendo centralidade. Está aí a sua característica anticíclica. Quando todas as ocupações crescem e a economia retoma o dinamismo e o crescimento, o emprego doméstico tende a perder participação. Nas manifestações pró Impeachment, não raras vezes se erguiam cartazes denunciando o alto custo do trabalho doméstico
A Polarização do Golfo e seus recentes desdobramentos na Era Trump
Um novo capítulo de tensão e polarização desenha-se no Oriente Médio. Acusando o governo catari de apoiar grupos terroristas, os governos da Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Egito cortaram relações diplomáticas com o Catar. Nestes países já é legalmente proibido declarar qualquer tipo de solidariedade aos vizinhos cataris, e a punição pode chegar a 15 anos de prisão. Os sinais da emissora de TV Al Jazeera também foram interrompidos.
Déficit de Legitimidade
Nos governos de FHC, Lula e Dilma, ocorreram reduções nos direitos previdenciários dos trabalhadores brasileiros, no entanto todos contaram com a legitimidade do voto popular para propor e implementar mudanças nas políticas públicas. Não é este definitivamente o caso do Governo Temer, cujo déficit de legitimidade é infinitamente maior do que o suposto déficit previdenciário que pretende combater.
Será que todo mundo evaporou?
Expulsos pela construção da usina de Belo Monte para uma área de Altamira distante do rio, os ribeirinhos lutam para ter seus direitos garantidos e, principalmente, voltar para a beira do Xingu. Em um processo de intensa articulação, foi criado, em novembro de 2016, o Conselho Ribeirinho
Austeridade fiscal permanente do fundo público
Com seus primeiros passos nos anos 1980, materialidade na década de 1990, continuidade na primeira década do novo milênio e agora constitucionalmente definido até 2036, pode-se dizer que o ajuste fiscal do fundo público, que é seletivo por castigar a população pobre, além de permanente, tornou-se constitucional
Uma barreira também pode esconder outra
“Nosso sistema” persegue um duplo objetivo. De um lado, reorganizar a paisagem ideológica em torno de uma divisão entre liberais-atlantistas e todos os outros – ambição que converge, aliás, com a da FN (“patriotas contra globalistas”).
O habitar precário e invisível: conflitos e disputas da política habitacional no território da Cracolândia
Confira quinto artigo da série do Le Monde Diplomatique Brasil sobre a cracolândia paulistana, exclusiva para versão digital. Com diferentes olhares – jurídico, urbano, saúde mental, dos movimentos sociais e do patrimônio histórico –, o objetivo do especial é traçar um diagnóstico da situação, avaliar as políticas adotadas e, quando possível, apontar caminhos ou soluções. Neste texto, Simone Gatti, professora de planejamento urbano e pós-doutoranda na FAU USP, fala da perspectiva habitacional
Os devedores do Código Florestal
Novos números revelam o tamanho da anistia, do passivo e apontam os maiores devedores do Código Florestal. O Código liberou 41 milhões de hectares para a produção, mesmo sabendo que a intensificação da produção nas áreas é essencial para a conservação dos recursos naturais, para o equilíbrio climático, para a vida de populações tradicionais e indígenas e para os compromissos internacionais do Brasil
A droga da exclusão
Confira o quarto artigo da série do Le Monde Diplomatique Brasil sobre a cracolândia paulistana, exclusiva para versão digital. Com diferentes olhares – jurídico, urbano, habitacional, dos movimentos sociais e do patrimônio histórico –, o objetivo do especial é traçar um diagnóstico da situação, avaliar as políticas adotadas e, quando possível, apontar caminhos ou soluções. Neste texto, Leon Garcia, psiquiatra do Hospital das Clínicas da USP e do CAPS Álcool e Drogas da Sé, fala sobre o ponto de vista da saúde mental
À beira do precipício, Temer se agarra às reformas trabalhista e previdenciária
Os congressistas começam a refletir sobre as próximas eleições e consideram abandonar o náufrago. Há, no entanto, um pagamento do qual Temer e seus asseclas não querem, ou não podem fugir, que é o preço a ser pago pelo impeachment da presidenta Dilma.
“Little Seul” e “Nova Luz”: cidades mundiais e a globalização de políticas urbanas municipais
A cidade global promovida por propostas como a de vincular o título de “Little Seul” ao bairro do Bom Retiro não só transforma um conceito reflexivo em marca publicitária, como também abre a gestão urbana para capitais financeiros internacionais
Na Síria, uma investigação interminável da ONU
O governo francês acusa formalmente o regime de Bashar al-Assad pelo ataque químico contra uma cidade da província de Idlib. Segundo o chefe da diplomacia francesa Jean-Marc Ayrault, essa responsabilidade é comprovada por um relatório dos serviços de inteligência que asseguram que Damasco ainda mantinha agentes químicos bélicos. De seu lado, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) classifica como “irrefutáveis” as evidência de emprego de gás sarin nesse bombardeio. Em colaboração com a ONU, essa instância continua a investigar a Síria, sem contudo, apontar um culpado
O Acordo de Paris, Mr. T e Bob Marley
Não me surpreendi com o anúncio nem com a encenação de aplausos dos poucos subalternos que faziam parte do teatro montado na Casa Branca para a ocasião. Em se tratando de Mr. T., sabia que a arrogância, a ignorância e o egocentrismo midiático prevaleceriam
Fissuras na renovação urbana da área central de São Paulo: do crack às PPPs na dinâmica imobiliária e urbana da região da Luz
Para debater as ações desencadeadas pelo governo estadual e pela Prefeitura de São Paulo a partir do dia 21 de maio na região conhecida como cracolândia, no centro da capital paulista, o Le Monde Diplomatique Brasil publica mais uma série, desta vez exclusiva para versão digital. Com diferentes olhares – jurídico, urbano, habitacional, da saúde mental, dos movimentos sociais e do patrimônio histórico –, o objetivo do especial é traçar um diagnóstico da situação, avaliar as políticas adotadas e, quando possível, apontar caminhos ou soluções. No terceiro artigo, Guilherme Moreira Petrella, professor de projeto de arquitetura na Escola da Cidade e na Universidade São Judas Tadeu, descreve a participação de um complexo imobiliário-financeiro na formação da região onde está a cracolândia.
Região da Luz em disputa: mapeamento dos processos em curso
Para debater as ações desencadeadas pelo governo estadual e pela Prefeitura de São Paulo a partir do dia 20 de maio na região conhecida como cracolândia, no centro da capital paulista, lançamos neste momento mais uma série especial do Le Monde Diplomatique Brasil, exclusiva para versão digital. Com olhares sob diferentes pontos de vista – jurídico, urbano, habitacional, da saúde mental, dos movimentos sociais e do patrimônio histórico –, o objetivo é traçar um diagnóstico da situação, avaliar as políticas adotadas e, quando possível, apontar caminhos ou soluções. Na abertura, Pedro Mendonça, Pedro Lima, Isabel Martin, Gisele Brito e Raquel Rolnik traçam um panorama da questão urbana na região da Luz no século XXI
O crack não existe
Para debater as ações desencadeadas pelo governo estadual e pela Prefeitura de São Paulo a partir do dia 21 de maio na região conhecida como cracolândia, no centro da capital paulista, o Le Monde Diplomatique Brasil publica mais uma série especial, desta vez exclusiva para versão digital. Com diferentes olhares – jurídico, urbano, habitacional, da saúde mental, dos movimentos sociais e do patrimônio histórico
A Nova Rota da Seda e o Brasil
A China já é o principal parceiro comercial do Brasil. O Obor, embora tenha origem no país asiático, ultrapassa os limites do continente. No mínimo, é fundamental que atores brasileiros acompanhem de perto os debates e as iniciativas associadas
Povos indígenas na mira de um governo ilegítimo
A distância entre o clima de normalidade propagado internacionalmente pelo governo e a realidade vivida no país vai se descortinando. Nesse esforço diplomático, a audiência na Corte Interamericana de Direitos Humanos revelou, menos que um evento fora da curva, uma tendência nesses tempos sombrios
Precisamos de desenvolvimento?
A história não se repete, nem como farsa. Contudo, alguns dilemas parecem permanentes. A questão de como garantir o desenvolvimento econômico constante e ascendente é um deles, especialmente para os blocos de poder que se sucedem à frente do Estado brasileiro
Patologias da democracia
O funcionamento do governo do povo, para o povo, suscita cada vez mais críticas, quando não dúvidas. As análises dos limites e descaminhos da democracia definem como principal responsável a impotência do político ou a incapacidade do próprio povo. Estaremos, portanto, condenados à oligarquia ou ao populismo?
Água e agronegócio: uma relação a ser mais bem examinada
Quando se analisa o aumento no volume das exportações brasileiras de soja, carne e açúcar e, consequentemente, constata-se o aumento do volume de água embutido nessa produção, conclui-se que é necessário pensar sobre os possíveis impactos ambientais que a exportação de produtos primários e semimanufaturados pode estar tendo sobre nossos recursos hídricos
No Reino Unido, eleições, sanduíches e buracos no asfalto
O atentado de 22 de maio em Manchester interrompeu a campanha das eleições legislativas antecipadas no Reino Unido. Mas a votação de 8 de junho continua decisiva: ainda que alguns eleitores priorizem questões locais, o resultado nacional determinará as margens de manobra de Downing Street para negociar a saída da União Europeia
O mito da ascensão social por meio do basquete norte-americano
Com cerca de 30 milhões de jogadores ocasionais, o basquete está entre os esportes mais populares dos Estados Unidos. De acordo com o local em que é praticado – no ginásio do Chicago Bulls, nas ruas de um gueto negro ou em um colégio de uma pequena cidade de Indiana –, o jogo desempenha funções sociais bem distintas
TV a serviço da tecnologia do racismo
“Os serviçais negros, sempre pacíficos, embora ignorantes e desprovidos de cultura e bons modos brancos, são um exemplo comum dessa técnica de manutenção do lugar criado para o sujeito negro exercido pela televisão”, observa Joice Berth, colunista do site Justificando/Carta Capital, no quinto artigo da série especial “Racismo na mídia e na esquerda”
Em busca de uma alternativa
O que precisa mudar é o sistema político como um todo, desvinculá-lo da tutela do poder econômico, torná-lo muito mais aberto às intervenções da cidadania, instituir e reforçar mecanismos de controle sobre as ações de parlamentares e governantes, submeter as políticas públicas ao crivo dos seus beneficiários, a população, utilizando os referendos e plebiscitos, entre outras iniciativas.
Um pedido de desculpas oportunista
Joesley eximiu-se parcialmente da culpa, acusando o sistema brasileiro de não facilitar o progresso do empreendedor
A revolução dos professores
Ao recusarem a reforma educacional de Adriano Naves de Brito, professores municipais de Porto Alegre fazem seu primeiro ato de desobediência e acendem o debate sobre o uso cultural do tempo e a democracia na escola.
O que está por trás das denúncias da Globo contra Michel Temer e seus prováveis desdobramentos
Nos últimos 65 anos, a Rede Globo ocupou o espaço de um dos principais atores políticos, sempre participando com grande poder de decisão em momentos-chaves. Com o fim do regime militar, por exemplo, teve início a luta pelas “Diretas Já” e a Globo impediu que as imagens de comícios nas ruas fossem exibidas na TV, nos seus jornais e rádios
Do céu ao (buraco do) inferno
Em sua primeira viagem internacional, o presidente dos EUA, Donald Trump, negocia a paz e dá um empurrão na OTAN. Enquanto Trump era recebido na quarta-feira pelo premiê belga Charles Michel e pelo rei Felipe da Bélgica, cerca de 9 mil pessoas protestavam sob o slogan e tendência no Twitter #TrumpNotWelcome
Fim dos direitos no campo?
4 milhões de trabalhadores assalariados rurais, dos quais apenas 40% têm carteira de trabalho assinada e os outros 60% vivem na informalidade, podem perder seus direitos básicos caso seja aprovado o Projeto de Lei 6442/2016. A extensão da jornada para 12 horas diárias e o já previsto aumento dos anos de contribuição para a Previdência Social devem acarretar uma sobrecarga de trabalho, sobretudo, para as mulheres do meio rural
13 pontos para embasar qualquer análise de conjuntura
O complexo financeiro-empresarial não tem opção partidária, não veste nenhuma camisa na política, nem defende pessoas. Sua intenção é tornar as leis e a administração do país totalmente favoráveis para suas metas de maximização dos lucros.
Poderes desequilibrados, democracia frágil
O historiador, membro da Academia Brasileira de Letras e professor da Universidade Federal de Minas Gerais, José Murilo de Carvalho, analisa atuação do Ministério Público e da Polícia Federal contra a corrupção, o desequilíbrio entre Executivo, Legislativo e Judiciário, e a desigualdade social como entrave à democracia
As reformas, os direitos e a economia: o que sobrará depois?
Com a possibilidade de eleições indiretas em uma sucessão que provavelmente seguirá a mesma linha de Temer, as medidas que estão sendo impostas são sistematicamente rejeitadas pela ampla maioria da sociedade e derivam do acordo explícito entre um Executivo ilegítimo, um Legislativo não representativo e confederações patronais.
“Não somos uma colônia dos Estados Unidos”
As proposições injuriosas do presidente Donald Trump em relação ao México aceleraram a campanha presidencial no país latino-americano. As eleições serão apenas em julho de 2018, mas um candidato já se destaca: Andrés Manuel López Obrador, que encarna as esperanças da esquerda
O que significa a prisão de Desireè?
Desireè pode ser presa a qualquer momento. Mas o que significa sua prisão dentro da política de encarceramento em massa promovida pelo Estado brasileiro?
Moscou perturba o consenso global
Acusado de ser um instrumento do Kremlin, o canal RT retoma os códigos, e os defeitos, dos canais de informação 24 horas. O forte crescimento de sua audiência nos Estados Unidos e na Europa deve-se a uma linha editorial abertamente crítica em relação às políticas ocidentais, modulada em função das regiões
O poder de morte da PM-SP – Parte I: Mandato policial
A PMSP é reconhecidamente uma das forças públicas de segurança mais letais do mundo. Como esse padrão se manteve mesmo com a transição entre o regime ditatorial para o democrático? Trata-se de um problema jurídico-político complexo, em que a morte dos “bandidos” não pode se perpetuar como paradigma de segurança e “justiça”
O poder de morte da PM-SP – Parte II: Mecanismos de controle do uso da força
A partir da transição democrática no Brasil, como se tratou o problema da violência policial nas políticas de segurança pública do estado de São Paulo? Mesmo sendo signatário de acordos internacionais, a violência nas ações policiais é um problema constatado no Brasil como um todo. Quais são os limites de ação de grupos internos e externos de controle frente às instituições e às condições de atuação das forças policiais?
O poder de morte da PM-SP – Parte III: Controle externo e controle interno
É possível controlar o uso da força policial? O uso da força pela polícia, destarte a legalidade do mandato, tem servido como instrumento de morte num virtual combate ao “crime”. Ainda que denúncias, pesquisas e movimentos sociais se articulem contra a violência promovida pelo Estado, o problema se mantém. Quais são as possibilidades perante a permanente “exceção” da ilegalidade da ação policial?
O desmonte do Estado de proteção social
O governo Temer poderá, em pouco tempo, colocar em prática um conjunto de reformas que significará uma revisão do papel do Estado brasileiro, que, em lugar de combater desigualdades, prestar serviços públicos de qualidade e formular políticas públicas de interesse social, se voltará para garantir o direito de propriedade, assegurar o cumprimento de acordos e honrar os compromissos com os credores das dívidas interna e externa
Um país repartido
Os partidários do impeachment, como se sabe, venceram folgadamente nas duas Casas Legislativas, na opinião pública e, é bom que fique claro, nas ruas. Mas o que aconteceu com as duas posições e seus argumentos quase um ano depois daquele 12 de maio em que Dilma foi afastada da Presidência da República?
Serão felizes as mães?
O dia das mães representa um momento chave da sociedade do espetáculo centrado na imagem das mercadorias. Mães felizes ganhando perfumes, chocolates, alimentos, cosméticos. Como se o presente fosse o único sentido objetivo de materialização do afeto condicionado pelo dinheiro
Participe do debate sobre os impactos do governo Temer na cultura do país
O jornal Le Monde Diplomatique Brasil, a Editora Veneta e o Instituto Pólis reúnem artistas para discutir Cultura em tempos de golpe
As condições de mulheres com deficiência e idosas na prisão
Se o sistema já é inadequado e impeditivo de tantos direitos para as mulheres de uma forma geral, o gravame é ainda mais acentuado para aquelas com deficiência e idosas, cada qual com as suas especificidades.
“Ultrapassar fronteiras é uma questão humana”
A saúde das populações refugiadas que atravessam fronteiras em busca de sobrevivência traz consigo imagens que lembram as da Segunda Grande Guerra; são imagens de êxodo, de pessoas se deslocando se movendo, enfrentando muros, arames farpados, acampando à beira da estrada, sem atendimento, a não ser aquele oferecido por organizações da sociedade civil, com todos os limites de recursos que elas possuem.
Por que trabalharemos até morrer?
Devido às características do mercado de trabalho brasileiro, a capacidade de contribuição dos trabalhadores é bastante limitada. Consideremos apenas o alto nível de informalidade, a rotatividade elevada e a baixa remuneração. Isso implica que, ao chegar aos 65 anos, parte das pessoas não terá atingido os 25 anos de contribuição exigidos e não poderá se aposentar
Reforma trabalhista: um tiro pela culatra
A tutela do Poder Judiciário serve para que as abissais desigualdades econômicas entre patrões e empregados, como as observadas entre consumidores e empresas, não desequilibrem a relação entre as partes perante o direito. Usar esse argumento para retirar direitos, no sentido de reduzir a intervenção do Estado, é se aproveitar da situação de pobreza da grande maioria dos trabalhadores deste país para restringir o acesso à justiça
Nenhum hectare a menos
Sob Temer, interesses privados e paroquiais instalados no Congresso e no Executivo passaram a operar sem nenhum filtro, freio ou contrapeso. Todos os sonhos dos ruralistas começam a se realizar; nenhuma proposta é ousada demais.
Trudeau, “progressismo” do século XXI
Charmoso e comunicativo, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, seduz sindicalistas e patrões. Advogando pela abertura econômica e cultural, ele alega encarnar a renovação do campo progressista e aparece como antítese de Donald Trump. Contudo, como seu homólogo norte-americano, ele faz parte de uma modificação das divisões políticas tradicionais
Funai vive uma ditadura, diz presidente exonerado
“Nós estamos prestes a instalar nesse país uma ditadura que a Funai já está vivendo. Uma ditadura que não permite o presidente da Funai executar as políticas constitucionais. Isso é muito grave, o povo brasileiro precisa acordar”
Militarização tipo exportação: o perigo da Indústria Humanitária brasileira.
Em 15 de Outubro de 2017 terá fim a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Implementada para durar apenas seis meses, a missão chefiada por generais brasileiros prolongou-se no tempo, sendo renovada anualmente ao custo de U$ 400 milhões por cada mandato
Rumo a uma nova política partidária
A insatisfação popular criada pela falta de alternativa de políticas públicas, em particular de política econômica, oferecida pelo Centro Radical poderá ser apaziguada pelo marketing político de Macron somente em curto prazo
Onde foi parar o nosso dinheiro?
Não há nenhuma razão técnica para esta catástrofe em câmara lenta. Produzimos o suficiente para todos, cerca de R$ 11 mil de bens e serviços por mês por família de quatro pessoas, número que vale tanto para o mundo como para o Brasil: estamos exatamente na média mundial
Terceirização e suas consequências no Brasil
Com a generalização da terceirização, o aniquilamento do mercado interno de trabalho poderá ser uma realidade, com o desaparecimento das ocupações de classe média assalariada, salvo na condição de PJ. As consequências são consolidação da situação de economia de baixo salário, elevada instabilidade nas relações de trabalho e ampla polarização social
Trump encarna o senhor da guerra
Como já repetido diversas vezes, espera-se de Donald Trump uma política externa imprevisível; e o bombardeio de uma base do regime sírio, de fato, surpreendeu bastante as chancelarias. O ataque, contudo, responde a certa lógica: a de um presidente que, desde janeiro, parece convertido ao uso da força
O calcanhar de aquiles do sistema nuclear francês
Nos próximos cinco anos, 53 dos 58 reatores que formam o parque atômico francês ultrapassarão quarenta anos de funcionamento. Será necessário prorrogar esse tipo de geração de energia para além da duração prevista na concepção do sistema e substituir as centrais pela nova geração, chamada EPR, ou abandonar progressivamente a energia nuclear?
A fábrica de indesejados
O planeta tem atualmente 65 milhões de refugiados. Grande parte deles é obrigada a viver em campos, uma espécie de prisão a céu aberto em que os residentes são privados dos direitos fundamentais. Por seu número e perenidade, os acampamentos se tornaram um mercado em disputa entre ONGs e transnacionais
Dubiedade econômica da Frente Nacional
A fim de resumir os termos de seu duelo com Emmanuel Macron, Marine Le Pen celebrou a França “que protege nossos empregos, nosso poder de compra”. Em matéria econômica, a Frente Nacional situa-se de bom grado em um terreno já ocupado pela esquerda. Mas o liberalismo não lhe coloca nenhum embaraço, desde que se mantenha nacional
Na cozinha do mercado eleitoral
Contrariamente ao que sugere o teatro democrático reencenado a cada eleição, cada vez menos são os eleitores que escolhem seus representantes e cada vez mais são os partidos políticos que selecionam seu eleitorado
A culpa é do juiz!
Tensões inéditas entre juízes e dirigentes políticos marcaram a campanha presidencial francesa. Para além dos acontecimentos particulares da competição eleitoral, magistrados e eleitos interpretam uma peça antiga, mas atualizada pela ascensão da potência, via construção europeia, de uma noção ambígua: o estado de direito
Crise sistêmica
Se hoje a política é controlada pelas grandes empresas, como fazer para que a democracia controle a economia? Como limitar o poder do dinheiro na formulação das políticas? Como fortalecer os setores empobrecidos para a disputa pelos recursos públicos? Precisamos de um novo modelo de democracia, mais inclusivo, mais participativo, mais justo.
Da austeridade ao desmonte: dois anos da maior crise da história
A maior crise da história brasileira se dá em dois tempos: no primeiro, a austeridade abre o caminho para o golpe ao deteriorar a base de sustentação do governo Dilma. Já o segundo é caracterizado por um conjunto de políticas estruturais que visam desconstruir os instrumentos que sustentam o Estado indutor do crescimento e promotor das políticas sociais
A desconstituição ética, moral, cultural e institucional do Estado
A era Temer, porta-voz do 1%, de elites imediatistas, racistas, machistas, sexistas, lesbo-homofóbicas e patrimonialistas, é a rápida desconstrução, institucional e cultural, da ideia de justiça social que referenciava nosso Estado de bem-estar social. Este era frágil, incompleto, imperfeito, mas vinha progressivamente se consolidando desde a Constituição de 1988
A reforma tributária que ninguém quer saber: a que funciona
O problema tributário no Brasil não é o peso tributário ou a arrecadação em si, mas o desequilíbrio (pobres pagam mais) e a forma como se arrecada. Identificar que o problema está na forma de arrecadar
Fotografias sem Retoques do Trabalho Global
A Mostra Contemporânea Internacional de Cinema Ecofalante não poderia ter sido mais feliz em sua escolha ao destacar um tema tão crucial para toda a humanidade hoje: o trabalho
Mobilizados pela sobrevivência
Sob fortes ataques de mineradoras e do agronegócio contra seus territórios e defendendo o que resta de seus direitos Constitucionais, cerca de três mil representantes de povos indígenas de todo Brasil encontram-se no Acampamento Terra Livre para resistir à avalanche ruralista
Sindicalismo e Cooperativismo Latino Americano unidos contra retrocessos
Grandes centrais sindicais e cooperativas reuniram-se na cidade de São Paulo para discutir os desafios e encontrar novos caminhos para classe trabalhadora frente à atual conjuntura política e econômica
Desoneração tributária: um equívoco de política econômica
A aposta feitas na desonerações tributárias da União feitas por Dilma Roussef como mecanismo anticíclico para manter o nível de atividade econômica, socorrer a acumulação de capital e, quem sabe, estimular o gasto capitalista não surtiram os efeitos desejados
Hora de defender conquistas fundamentais da democracia
A noção dos direitos relativos à liberdade, à igualdade e à solidariedade, no Brasil, está cada vez mais viva no plano do discurso e da retórica, mas não corresponde à realidade prática.
A ética vitoriosa de Donald Trump
Para entender a ascensão de Trump, contextos e proporções à parte, basta acompanhar as redes digitais brasileiras. Nelas há exemplos cotidianos do crescimento de um espírito reacionário que amalgama diversos repertórios comuns
Uma viagem vigiada
Conseguir o visto de jornalista para a República Popular Democrática da Coreia levou dois anos. Essa concessão, porém, não quer dizer liberdade de movimento nem escolha do programa, muito menos conversas espontâneas na rua. Com poucas exceções, as autoridades decidem o que você deve ver. Mas não conseguem esconder tudo
Os medos do Pentágono
Acenando com a ameaça da China ou da Organização do Estado Islâmico, Donald Trump prometeu reforçar os efetivos militares, modernizar o arsenal nuclear e adquirir novos navios e aviões de combate. Ele assume assim uma estratégia da Guerra Fria ainda utilizada por Barack Obama: atiçar o medo com relação ao adversário para aumentar os gastos militares
Renda mínima, um debate desmancha-prazeres
Ao colocar a instauração de uma renda básica universal em seu programa, o socialista Benoît Hamon semeou uma confusão na campanha presidencial. A ideia, que ele adotou recentemente e apresentou de forma pouco robusta, rompe com a visão de trabalho que prevalece entre os demais candidatos. E reacende o debate no seio da esquerda
O fim dos partidos políticos?
Com uma disputa pela presidência mais aberta do que o esperado, a torpeza de François Fillon, candidato pelo partido. Os Republicanos, monopoliza a atenção em detrimento de questões mais relevantes, como a cultura. Confrontada mais do que nunca às amarras no projeto europeu, a esquerda manifesta também grande embaraço em relação à imigração. E, se os candidatos procuram se afastar dos partidos tradicionais, as organizações criadas por suas campanhas não fazem jus à renovação proclamada
Mais uma vez, a armadilha do voto útil?
O primeiro turno da eleição presidencial francesa, em 23 de abril, opõe onze candidatos bastante diferentes. Esse pluralismo é em parte eclipsado por questões jurídicas e pelo destaque da mídia às pesquisas eleitorais. Entretanto, a percepção da natureza profundamente antidemocrática das instituições francesas e europeias avança. Mas a tradução em termos eleitorais dessa nova consciência corre o risco de se perder na armadilha do “voto útil”, que opõe a extrema direita a um entusiasta da globalização
Os sortilégios da cultura
Figura obrigatória dos programas eleitorais, os projetos relativos à cultura refletem as disposições ideológicas de cada partido. Alguns veem na matéria um campo identitário, outros a enxergam como uma bagagem educativa a ser distribuída para cada um. Seu papel-chave na transformação social parece, entretanto, esquecido
Imigração constrange a esquerda
A estratégia conservadora de fomentar a oposição entre os mais pobres fez da imigração uma questão decisiva para numerosos franceses. Como uma vantagem inesperada a mais para a direita, essa situação impõe para a esquerda a necessidade de caminhar sobre um campo minado, além de dividi-la
Maioria social, minoria política
A radiografia dos blocos políticos: É estranha a democracia francesa: há trinta anos, os programas dos grandes partidos não correspondem às expectativas das classes populares, que, contudo, representam mais da metade do eleitorado. Diferentemente das ideias em voga sobre o esfacelamento das divisões ideológicas, as aspirações dos trabalhadores configuram um bloco social de esquerda
Obstinação europeia
Em período eleitoral, fala-se frequentemente de “reorientar” a União Europeia. O projeto é louvável, mas mais vale ser instruído pela experiência…
A reunificação das Coreias é possível?
Após 63 anos do fim da guerra que dividiu a Coreia, nenhum acordo de paz foi assinado para normalizar as relações entre os países. No Sul, políticos conservadores ruminam uma absorção do Norte segundo o modelo da reunificação alemã, operada pelo nocaute do regime comunista.
Em nome da lei americana…
Companhias europeias tiveram de pagar aos Estados Unidos mais de US$ 40 bilhões nas últimas décadas. A justiça norte-americana as acusa de não respeitar sanções determinadas por Washington (e não pelas Nações Unidas) contra determinados Estados. O direito torna-se então uma arma para absorver ou eliminar concorrentes
O futuro do Brasil nas operações de manutenção da paz da ONU
Em 2012, o país chegou a ocupar a 12ª posição no ranking de países contribuintes de tropas e policiais, e hoje está na 21ª colocação. Com o término da Minustah e a gradual retirada de todas as tropas, aliados à conjuntura econômica e política desfavorável no plano doméstico, é de se esperar oscilação quanto ao número de tropas brasileiras, o que deixaria o país em torno da 50ª posição
A doutrina de choque temerária
Está longe de ser uma mera coincidência o fato de, mais uma vez, o país encontrar-se sob um vigoroso avanço da agenda neoliberal neste momento. A terapia de choque temerária prospera precisamente por conta do atual ambiente brasileiro, resultado de um processo de impeachment extremamente polarizado e contestado, para ser eufemístico
Um assassinato cruel
Condena-se a sociedade às incertezas do mercado em todas as dimensões da vida social, da educação e saúde até a previdência social, o trabalho e a assistência social. O país perderá gerações – presentes e futuras –, que não terão nem condições de disputar a xepa da feira para sua sobrevivência imediata, enquanto poucos reinarão no mundo da ostentação vazia
Watch Dogs 2 e a retórica dos games: a interdependência entre dois mundos
À medida que a realidade virtual se aproxima, pouco a pouco, estética e discursivamente do mundo real para “existir de forma concreta”, este, por sua vez, usa cada vez mais a realidade virtual para funcionar. É uma via de mão dupla, em que uma interdependência se fortalece
O liberalismo de cócoras da elite brasileira em geral, e da paulista em particular
Em recente pesquisa, a Fundação Perseu Abramo levantou dados nas periferias de São Paulo com objetivo de qualificar e de aprofundar a compreensão e o debate sobre as classes populares, por sua vez, jornais, institutos e intelectuais ligados ao pensamento liberal tentaram colocar na boca e na cabeça do povo aquilo que eles não disseram e aquilo que eles não pensaram
Por que racializar o discurso da esquerda
Publicamos nesta edição o segundo texto da série “Racismo na mídia e na esquerda”, cujo objetivo é diagnosticar, problematizar e combater esse tipo de opressão presente nesses setores. A seguir, confira artigo da historiadora Suzane Jardim, que pesquisa a estereotipação do negro nas mídias e atua como educadora em periferias de São Paulo
Aborto na Corte
O primeiro habeas corpus da história da jurisprudência brasileira na Corte Suprema iniciava um percurso de permanentes provocações sobre a questão do aborto
Dores de um parto incerto
Pela frente, um desafio enorme. De muitas maneiras, o segundo governo Dilma e o governo Temer revelaram algo complexo, mas já sabido: o país tem mais de um projeto de nação
A Constituição contra Donald Trump
Imigração, direitos das mulheres – desde que assumiu a presidência, Donald Trump enfrenta resistência de todos os lados, ainda que a base eleitoral lhe permaneça fiel. Alguns contestadores decidiram utilizar as possibilidades de resistência oferecidas pela Constituição, concebida pelos Pais Fundadores com o objetivo do equilibrar os poderes
A armadilha da dependência se fecha sobre o México
Os Estados Unidos não declararam guerra ao México; eles apenas querem renegociar o acordo comercial que têm com seu vizinho. A ideia, contudo, apavora o parceiro latino-americano. Desde os anos 1980, os mexicanos ataram sua economia aos Estados Unidos. Uma virada de 180 graus ao norte do Rio Grande não deixaria de provocar tormentas ao sul
Erdogan prevê fim do “modelo turco”
Entre controvérsias com os líderes europeus, o presidente turco, Recep Erdogan, que busca fortalecer seu poder, aproxima-se da Arábia Saudita e da Rússia. Essa mudança de foco reflete a situação delicada da Turquia em seu ambiente regional. O tempo em que ela aparecia como um dos grandes beneficiários da Primavera Árabe parece ter ficado para trás
Por onde andam os Pontos de Cultura?
A Cultura Viva morreu? De maneira alguma. Ela segue viva como sempre seguiu e, inclusive, em um novo e mais poderoso patamar. Vários Pontos de Cultura se empoderaram nesse processo, se equiparam, avançaram na consciência política, saindo do estágio do “em si” para o “para si”
As grandes empresas e a corrupção
O foco das notícias, propositalmente, é nos servidores públicos e políticos que praticaram os ilícitos. Apenas recentemente, em razão de vários escândalos e denúncias, é que começa a surgir o papel das grandes empresas nesse processo todo.
O mundo segundo Donald Trump
“A América primeiro!” Martelado por Trump, o slogan sugere que esta será sua política externa. Uma mistura de unilateralismo – desdenho pelos acordos internacionais –, brutalidade – aumento dos orçamentos militares – e mercantilismo – subordinação dos demais objetivos ao interesse comercial norte-americano. E uma boa dose de imprevisibilidade…
O Primeiro de abril e o “País da Mentira”
O Cordão da Mentira se apresenta como um bloco carnavalesco de intervenção estética que, de modo bem humorado e radical, versa e canta sobre temas cruciais para uma real transformação da sociedade brasileira.
Os riscos da MP que muda a estrutura fundiária no Brasil
A MP 759, que transita no congresso, coloca em risco os regimes jurídicos que regem: a regularização fundiária rural, a regularização fundiária urbana, regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal e regime sobre os imóveis da União em especial sobre o regramento da alienação de imóveis da União
Vietnã, o polo industrial da vez
Em menos de quarenta anos, o Vietnã impulsionou um crescimento dinâmico que permitiu uma vida melhor para o conjunto da população. A fome desapareceu; os jovens se conectaram às redes sociais; as famílias assistem a séries sul-coreanas e japonesas na TV… Contudo, as condições de trabalho permanecem muito duras e a economia está cada vez mais dependente
Carne brasileira sob a lupa dos portos europeus
Em entrevista, o porta-voz da Agência Federal pela Segurança da Cadeia Alimentar (Afsca) da Bélgica, Philippe Houdart, afirma que houve reforço no controle da União Europeia sobre as importações de carne brasileira e até toparia comer um churrasco com carne do Brasil em Bruxelas, sede das instituições europeias.
Crime e Estado no Amazonas
A avalanche de informações sobre a “criminalidade” no Amazonas compõe uma grande narrativa que colabora para reproduzir situações de morte. Para escapar disso e elaborar outras narrativas, é preciso situar o pensamento numa gigantesca zona de fronteira entre dispositivos de poder e movimentos do crime
Ondas eletromagnéticas, poluição invisível
Enquanto a sociedade industrial gerava perturbações que podiam ser percebidas pelo odor ou pela vista, a poluição eletromagnética produzida pela sociedade da informação é invisível e inodora. No entanto, não se podem negligenciar os efeitos do uso maciço tanto da telecomunicação – em particular o telefone celular – como das infraestruturas e equipamentos elétricos
Negros e mídia: invisibilidades
Lançamos nesta edição a série “Racismo na mídia e na esquerda”, cujo objetivo é diagnosticar, problematizar e combater esse tipo de opressão presente nesses setores. Nas próximas edições, traremos contribuições de pesquisadores e ativistas negros sobre o tema. A seguir, confira o artigo da jornalista Ana Claudia Mielke, coordenadora do Intervozes
A história recente das organizações sociais no município de São Paulo
A falsa economia do modelo de OSS decorre do fato de os prejuízos serem suportados pulverizadamente não pelas entidades, que hoje formam verdadeiros oligopólios da saúde, mas pelos trabalhadores, que têm seus salários sistematicamente atados e jornadas de trabalho e diminuição de quadros com piora no atendimento
A devastação do trabalho na contrarrevolução de Temer
O objetivo do atual governo, no universo das relações de trabalho, é corroer a CLT – que a classe trabalhadora compreende como sendo sua “verdadeira Constituição do trabalho” – e dar cumprimento à “exigência” do empresariado, cujo objetivo não é outro senão instalar imediatamente uma “sociedade da terceirização total”
O filho dos outros
“O Filho dos Outros” é uma websérie documental sobre a redução da maioridade penal, em 4 episódios, produzida pelo Coletivo Rebento.
Crise financeira dos estados: um sintoma
Crise dos estados? Não, crise das finanças públicas e do federalismo fiscal no Brasil, em que pesem as especificidades de cada um dos entes federativos e a idiossincrasia de cada gestão. Provocada pela desaceleração econômica? Não, apenas agravada por ela
Quando Le Corbusier redesenhou Paris
Classificada como patrimônio mundial pela Unesco em 2016, a obra de Le Corbusier é celebrada como uma contribuição excepcional ao movimento moderno. Megalomaníaco, fascinado pela ordem, o arquiteto era também um urbanista doutrinário que sonhava em reduzir o tamanho dos apartamentos e pôr abaixo o centro das cidades. Paris escapou desse projeto
Neopentecostais e o projeto de poder
A luta pela pauta moral intensificou nos evangélicos a consciência, ou inclinação, para a construção de um Estado cristão e para uma possível hegemonia amparada pelo crescimento sistêmico e exponencial de sua Igreja no país. Não poucos líderes começaram a vislumbrar a possibilidade, e a necessidade, desse Estado evangélico
Democracia, Princípio 10 e Sustentabilidade
O Brasil sediará, pela primeira vez, na próxima semana uma rodada oficial de negociações deste acordo, que foi lançado em 2012, durante a RIO+20, e é baseado no Principio 10 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, documento final da Eco92
A volúpia do sangue
Quando em 1897 o irlandês Bram Stoker inventou, com seu romance Drácula, o arquétipo do vampiro, príncipe da escuridão, seja da noite, seja dos desejos inconfessáveis, o tempo estava nervoso: atentados anarquistas, prodígios tecnológicos (início da aviação), agitação operária. Talvez o retorno atual dos vampiros acompanhe distúrbios comparáveis
A Ciência está matando as mulheres?
Ao relatar as consequências das desigualdades de gênero nas áreas médica e farmacêutica, Londa Schienbinger demonstra como o patriarcado influenciou de tal forma a ciência que levou pesquisadores a supor que as doenças de homens e mulheres eram semelhantes, quando de fato não eram; ou que as doenças de homens e mulheres eram diferentes, quando de fato eram semelhantes. Desta forma, inúmeros aspectos da saúde das mulheres têm sido pouco estudados ou até mesmo negligenciados.
Brasileiros na Guerra Civil Espanhola
Ainda que o real impacto e importância das Brigadas na guerra sejam um debate em aberto entre estudiosos, o simbolismo criado por elas é inegável.
O mundo de Pepetela
Aos 75 anos, escritor angolano fala sobre as nuances de seu país, política, literatura e egoísmo. Vencedor do Prêmio Camões em 1997, o autor de “Mayombe”, “Geração da Utopia” e ”Se o Passado não Tivesse Asas” faz duras críticas às relações entre Angola- Brasil – Portugal, países membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e afirma que o egoísmo é o grande mal dos nossos tempos.
“A América primeiro!”
E adeus acordos multilaterais, sobretudo comerciais. Moldado por suas memórias escolares dos anos 1950, o novo ocupante da Casa Branca repete há décadas a fábula de que a América sempre se comportou como um bom samaritano.
Convulsões sociais
Com o corte nas políticas sociais praticado pelo governo federal e o ajuste imposto aos governos estaduais e municipais obrigados a cortar salários e previdência dos servidores públicos o conflito está aberto. A insensibilidade do governo sem voto pode levar o País para um período de convulsões sociais
Negação prova existência do racismo
Confira o terceiro artigo da série “Racismo na mídia e na esquerda”, cujo objetivo é diagnosticar, problematizar e combater esse tipo de opressão presente nesses setores. Nesta edição, quem escreve é a relações públicas e escritora Gabriela Moura, especialista em sociopsicologia
As pequenas coisas que decidem eleições
Faltou pouco para o candidato apoiado pelo presidente equatoriano, Rafael Correa, vencer as eleições presidenciais já no primeiro turno. Contudo, o fato é que a direita ganha terreno na América Latina, inclusive contando com as engrenagens democráticas que ela havia trabalhado para desacreditar. Conheça um dos arquitetos dessa renovação estratégica
O enigma peronista
Muitos se perguntam sobre a validade da oposição entre direita e esquerda. Na Argentina, uma especificidade local complica a equação. A mesma corrente política reúne defensores do livre-comércio e protecionistas, submissos aos Estados Unidos e à Europa, e soberanistas, neoliberais e partidários de um Estado forte: o peronismo
Ebulição antissistema
Nada de celebrações pelo sexagésimo aniversário do Tratado de Roma e do Mercado Comum, em 25 de março. O estandarte europeu perdeu seu brilho enquanto as políticas da União se revelaram desastrosas. Movimentos antissistema florescem em toda parte. Em certos países, eles situam-se à esquerda. Mas muitos deles fazem da xenofobia seu principal combustível
Doenças do Norte migram para a África
Sinal das transformações em curso na África, as doenças ditas de “países desenvolvidos”, como diabetes e problemas cardiovasculares, se propagam por todo o continente. Se os novos hábitos alimentares estão também em questão, essa degradação da saúde da população origina-se na urbanização acelerada e nas práticas da agroindústria
Democracia na China, só quando o povo amadurecer…
Em Pequim, a imprensa oficial ironizou as eleições dos Estados Unidos e sua contestação pelos próprios norte-americanos – uma chance para insultar o sistema político ocidental. Se há muita divergência entre os intelectuais chineses sobre as vias democráticas que imaginam para o país, todos concordam sobre um aspecto: o povo não está pronto
A cena rock’n’roll de Pequim
Foi-se o tempo em que os jovens amantes da música ocidental precisavam trocar escondido os discos de grupos vindos da Europa ou dos Estados Unidos. Os roqueiros mais conhecidos são cada vez mais oriundos da própria China e produzidos na cena internacional. Após se tornarem muito criativos, eles descobrem as alegrias do mercado, mas sem permanecer ao abrigo da censura
Da colonização à anexação
Apesar da nova condenação no Conselho de Segurança da ONU em dezembro de 2016, o governo israelense continua encorajando o confisco de terras palestinas. Um recente projeto de lei em discussão no Knesset abre as portas para a incorporação definitiva de postos avançados das colônias. Sua adoção compromete gravemente os objetivos dos acordos de Oslo de 1993
10 medidas contra a corrupção e a seletividade penal
Ou como as medidas propostas pelo Ministério Público podem contribuir para aumentar o encarceramento em massa de parcela da população e deixar impunes aqueles a quem supostamente se destinam…
A luta de classes do graffiti
O que incomoda na prática do graffiti é sua oposição a essa tese elitista: ela coloca a arte na rua, sai das periferias, invade os bairros nobres, apropria-se da cidade sem pedir licença. Os artistas de uma arte que se faz pública entendem que os espaços urbanos são “de todos” e que, portanto, devem ser ocupados por aqueles que usufruem do meio.
Prostituição, os clientes devem ser punidos?
No dia 1º de janeiro de 1999, a Suécia tornou-se o primeiro país a criminalizar a compra de serviços sexuais em nome do combate à violência contra as mulheres. Enquanto isso, outros, como a Alemanha, em 2001, escolheram legalizar as casas de prostituição. Com quinze anos de perspectiva, é possível observar os efeitos dessas diferentes abordagens
Chuva de críticas sobre os capacetes azuis
Questionada na Síria, a ONU finalmente recebeu do Conselho de Segurança a autorização de enviar observadores para supervisionar a evacuação de Aleppo. A entidade parece mais fraca do que nunca e mesmo as operações de paz suscitam críticas, como em Ruanda (1994), na Iugoslávia (1995) e mais recentemente na República Centro-Africana. Como reformá-las?
O que não fazer?
Partidos de esquerda, movimentos sociais e grupos alhures tentam canalizar a revolta ao passo que o capital anseia pelo sucesso destes para que possam abrir um novo processo de modernização com prazo de validade vencido. É por tudo isso que é melhor se concentrar seriamente no que não fazerDouglas Rodrigues Barros
Ousar pensar mais além
Construir uma nova sociedade, novas relações de produção e consumo, novas formas de convivência social, uma democracia radical onde os cidadãos possam se reapropriar do governo e do poder em seus territórios e produzir uma convivência harmoniosa entre os seres humanos e deles com a natureza.
Silvio Caccia Bava
“Existe o processo, a condenação, e depois… mais nada”
No momento em que os benefícios do simples encarceramento são cada vez mais controversos, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anuncia a construção de dez novas prisões. Contudo, outras soluções têm se revelado interessantes, especialmente as que envolvem as vítimas. Grande inovação da lei de 2014, a justiça restLéa Ducré e Margot Hemmerich
O colapso da democracia brasileira
O afastamento da presidente Dilma Rousseff possui subterfúgios que emprestam a aparência de legalidade ao processo, mas está longe de ter a substância que deveria nortear o impeachment, ou seja, o crime de responsabilidade.Carlos Henrique Vieira Santana
Sociedade e barbárie
A barbárie é, antes da ação, o discurso violento escondido por trás do moralismo falso: na TV, com seus programas sensacionalistas apresentados por vedetes do espetáculo; na fala de políticos que, na câmara, prestam homenagens a torturadores; nos filmes onde se aplaude a torturaAndré Rosa
O triunfo do estilo paranoico
Trump finalmente se tornou bilionário não em decorrência de seu talento como homem de negócios, mas graças ao reality show. Ao mesmo tempo produtor e astro dos programas The Apprentice [O aprendiz] e depois The Celebrity Apprentice [O aprendiz celebridades], ele fez entrevistas de emprego com candidatos e confiou-lhes missões, sem deixar de humilhá-los.Ibrahim Warde
Cuba e a propriedade privada
São muitos os dilemas do socialismo cubano atual. No centro deles está a questão da propriedade privada.Joana Salém Vasconcelos
Salve os malditos!
Um senhor de setenta anos, mais jovem e atual que tantos outros, Jards Macalé é uma das poucas vozes no cenário musical que se faz ouvir contra os desmandos atuaisValéria Guimarães
Venezuela, as razões do caos
Em novembro, manifestações populares e tentativas de desestabilização intensificaram as convulsões políticas que a Venezuela já conhece bem. Ao longo de todos os anos 2000, contudo, as conquistas – sociais, geopolíticas e culturais – da revolução bolivariana suscitaram o entusiasmo dos progressistas estrangeirosRenaud Lambert
Nas coxias do cárcere
O que pode se perceber na coxia do cárcere é que a orientação e os rumos adotados pelo Estado brasileiro tendem a agravar ainda mais a situação lamentável em que vive parte significativa da população do país. Aposta-se cada vez mais na lógica policialesca, de encarceramento em massa, de guerra às drogas, bem como no desmonte de políticas e na fragilização delasBruna Angotti, Catarina Pedroso, Fernanda Machado Givisiez, José de Ribamar de Araújo e Silva, Lucio Costa e Thais Lemos Duarte
Como perder uma eleição
Um adversário rejeitado por seu próprio campo, uma evolução demográfica favorável, meios financeiros consideráveis: os democratas tinham todas as cartas na mão para vencer a eleição presidencial. Ao final, foram derrotados, vítimas de sua estratégia desastrosaJerome Karabel
A insurreição está a caminho na República Democrática do Congo?
Após meses de manifestações duramente reprimidas, um primeiro-ministro pertencente à oposição, Samy Badibanga, foi empossado no dia 17 de novembro. Mas a transição política na República Democrática do Congo permanece incerta, uma vez que o presidente Joseph Kabila poderá disputar o terceiro mandato nas eleições de 2018Sabine Cessou
Em 2030, teremos várias potências globais
Longe de sofrer um declínio em hard power, os maiores estados nacionais continuam reforçando suas capacidades militares. A lista dos dez países que mais gastaram com defesa em 2015 inclui Estados Unidos, China, Rússia, Índia, Japão e AlemanhaRobert Muggah
“Raça” é sempre o outro
Esse jogo hegemônico de opostos ainda pode parecer evidente num contexto de memória escravagista. Nunca se falou, por exemplo, num “continente amarelo” (como se fala desde sempre num “continente negro”): a persistência classificatória do “negro” é um álibi para a coincidência histórica entre a África e o tráfico escravagistaMuniz Sodré
O que espera a América Latina
A morte de líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro, aprofundou as aflições de grande parte dos progressistas latino-americanos. Da Argentina à Venezuela, uma direita colonizada e liberal acumula vitórias. Ela deveria também alegrar-se com a chegada ao poder do novo presidente norte-americano Donald Trump?Alexander Main
Tráfico de influência na África
Quase despercebida, a IV Cúpula Afro-Árabe aconteceu em Malabo (Guiné Equatorial) nos dias 23 e 24 de novembro. O encontro traduziu o interesse crescente dos países do Golfo pela África e, no caso desta, uma diversificação inédita de seus parceiros. Os países situados ao sul do Saara redefinem sua inserção, até então submissa, na geopolítica mundialAnne-Cécile Robert
Irã e Turquia: aliados ou concorrentes?
Desde a chegada ao poder, em 2003, Erdogan adotou uma diplomacia conciliadora tanto com seu parceiro histórico alemão como com seu rival ancestral iraniano. Entretanto, desde a Primavera Árabe e da guerra na Síria, assim como dos fracassos do processo de adesão à União Europeia, tensões opõem de maneira recorrente Ancara e TeerãMohammad-Reza Djalili e Thierry Kellner
Matteo Renzi perde o paraíso
Enquanto processos por corrupção de multiplicam em torno da prefeita de Roma, do Movimento 5 Estrelas, este aparece como o grande vencedor do referendo organizado pelo primeiro-ministro Matteo Renzi. Os eleitores não somente rejeitaram a reforma constitucional: eles condenaram a política colocada em prática desde fevereiro de 2014Raffaele Laudani
Governo Temer como restauração colonialista
Não haverá superação do racismo – como uma relação de poder – sem a reforma das instituições. E essas reformas não são alcançadas – pelo menos em países de economia periférica como o Brasil – sem choro e ranger de dentes e muita luta socialFábio Nogueira
Da subjetividade
A disputa em defesa de um novo projeto de sociedade, fundado em novos paradigmas, não pode olhar pelo retrovisor e buscar restaurar experiências anteriores.Silvio Caccia Bava
Kung-fu e luta de classes
Longe de se resumirem a uma simples diversão, muitos filmes de artes marciais chineses falam acima de tudo de justiça e dignidade – de um indivíduo, de uma classe ou de um povo oprimido que eleva a cabeça, esfrega o nariz e dá uma surra merecida num tirano mais bem armado.Daniel Paris-Clavel
O grande retorno da China-mundo
A China só pode fazer valer sua reivindicação de uma universalidade diferente daquela do Ocidente recorrendo ao álibi culturalista e brandindo a bandeira dos “valores asiáticos”, ou “confucionistas”, diante dos “direitos humanos”, dos quais os ocidentais são os campeões
O belo Danúbio negro
Qual é a identidade nacional húngara? Com base em uma leitura particular da história, os dois grandes partidos da direita a definem cada um ao seu modo. Seus programas políticos e sociais inspiram-se nela para propor um conjunto de valores, ao qual uma “contracultura” – de shows de rock a exibições equestres – ofereceEvelyne Pieiller
A PEC do Estado mínimo
O Estado deixa de cobrar impostos da parcela rica da sociedade e de investidores estrangeiros, e passa a pegar empréstimos com esses mesmos ricos a juros exorbitantesLeandro Farias
A desorientação da intelligentsia
Deixado de lado pela mídia conservadora, mas apoiado pela da “direita alternativa” , Donald Trump deve sua vitória aos estados do Rust Belt (Cinturão da Ferrugem), que abandonaram Hillary Clinton, considerada distante pelos operários rancos e desprezada pelos não diplomadosSerge Halimi
A artilharia contra Bernie Sanders
Por que a mídia norte-americana, que desejava derrotar Donald Trump, torpedeou, durante as primárias, Bernie Sanders, candidato democrata que poderia ter derrotado o bilionário nas eleições?Thomas Frank
Por que fizemos opção pelos pobres (e eles pelo neopentecostalismo…)?
Se nós, católicos, pretendemos atrair os pobres aos nossos templos e comunidades, só nos resta um caminho: evitar qualquer combate às Igrejas evangélicas, como estigmatizá-las com a pecha de “seitas”; dialogar ecumenicamente com seus fiéis e pastores; recriar espaço pastorais onde os pobres se sintam em casa como anteFrei Betto
As estruturas políticas e o impeachment
Para além da associação com a corrupção estrutural, talvez o principal equívoco do PT tenha sido tentar colocar em prática um Estado de bem-estar social sem realizar as reformas que permitiriam custeá-lo e viabilizá-loLeandro Gavião e Henrique Paiva
Carta pública ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados do Brasil
Setores antidemocráticos do Parlamento brasileiro querem calar a voz do único deputado gay assumido do Brasil, cujo mandato é referência internacional na defesa dos direitos humanos e das liberdades individuaisEugênio Raúl Zaffaroni
É necessário resistir à Cruzada anticorrupção
Logo de saída notamos que o espírito da Cruzada guarda uma contradição insanável: precisa ser inflexível na propaganda, mas tolerante na aplicação. Levada a purismos extremos, ela jamais daria conta das minúcias irregulares da vida social, das instituições públicas e do setor corporativoGuilherme Scalzilli
Não nos representam!: Os dilemas da esquerda diante de um poder em crise
Com a recusa das esquerdas no poder em querer ousar, o vácuo da indignação ao sistema vem sendo preenchido pelo surgimento de salvadores, empreendedores e justiceiros, vistos como antipolíticosGabriel de Barcelos
É possível falar sobre corrupção a partir da esquerda?
A esquerda se distanciou ainda mais do sentimento geral da população, entrando numa hipertrofia discursiva isolacionista e vitimista, na qual fala de maneira compulsiva e desesperada para cada vez menos pessoas, atribuindo seu fracasso apenas à ação de agentes externosPablo Ortellado
Militância democrática
Acreditávamos ter consolidado a democracia, por isso a questão da reforma política era discutida nos marcos de uma institucionalidade, de regras do jogo que permitiriam enunciar propostas como a de um plebiscitoSilvio Caccia Bava
O Brasil será o Paraná?
É bom nos prepararmos para tempos mais turbulentos, em que o conflito social vai tomar as ruas, vai ocupar os prédios públicos, vai pressionar os parlamentos, vai tensionar nossa democracia. Com a aprovação da PEC n. 241, o corte no orçamento das políticas públicas e a redução nos programas de pr…Silvio Caccia Bava
O austericídio fiscal e o desmonte da Seguridade Social no Brasil
Terreno preparado, as contenções e/ou cortes de recursos vieram no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO 2017) antecipando dispositivo da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 241/2016 da Câmara dos Deputados e PEC 55 do Senado) que estabelece um teto para as despesas do governo até 2036Adilson Soares, Marcos Boulos, Nelson R dos Santos
Uma etapa crucial da contrarreforma
É possível encontrar na MP n. 746/2016 semelhança com o projeto da ditadura empresarial-militar, notadamente no intento de formação profissional no ensino médio, na formação simplificada do magistério e na descaracterização das ciências sociais, naquele contexto ressignificadas como Educação Moral e CívicaRoberto Leher
A MP n. 746 no contexto de privatização da educação regional e global
É possível encontrar na MP n. 746/2016 semelhança com o projeto da ditadura empresarial-militar, notadamente no intento de formação profissional no ensino médio, na formação simplificada do magistério e na descaracterização das ciências sociais, naquele contexto ressignificadas como Educação Moral e Cívica
Nem todas as mulheres dos Estados Unidos são Hillary Clinton…
Misógino contumaz e cercado de acusações de assédio sexual, Donald Trump afastou de si boa parte do eleitorado feminino. Aproveitando-se dessa impopularidade, Hillary Clinton apresenta-se como um modelo às mulheres em busca de emancipação. No entanto, a igualdade de gênero permanece um distante horizonte nos EUAFlorence Beaugé
Haiti, o impasse humanitário
Responsável por mais de quinhentos mortos em uma semana, o furacão Matthew causou mais estragos no Haiti do que nas outras regiões pelas quais passou. O país mais pobre do Caribe estaria condenado a ter infinitas recaídas apesar da ajuda recebida?
Por que os colombianos rejeitaram a paz
Todas as pesquisas davam o “sim” como ganhador com uma margem confortável. No entanto, em 2 de outubro, os colombianos rejeitaram o acordo de paz entre o governo e as Farc, que orquestrava o fim de um conflito que já dura mais de meio século. Outra coisa estranha: a participação só atingiu 37,4%.Gregory Wilpert
Moscou entra na decisiva batalha por Alepo
O envolvimento militar direto na Síria permitiu a Putin alcançar um sucesso inesperado. Mais capaz que os Estados Unidos de fazer os jihadistas recuarem, a Rússia se impôs no Oriente Médio como um ator determinante, ditando a ordem do dia. Por outro lado, a iniciativa de intervir na Batalha de AlepoJacques Lévesque
A insurreição alemã contra o livre comércio
Ao se recusar a aprovar o Acordo Econômico e Comercial Global (AECG) entre o Canadá e a União Europeia, o Parlamento da Valônia, na Bélgica, atraiu para si a fúria dos dirigentes europeus e dos editorialistas da mídia comercial. Agora, esse tratado alimenta uma forte contestação popular, especialmente na Alemanha
A agonia do “extremo centro”
O Partido Socialista Operário Espanhol decidiu, em 23 de outubro, deixar o conservador Mariano Rajoy formar um governo. A decisão põe fim a dez meses de bloqueio institucional. Ela também dá forma a uma “casta” denunciada pelo Podemos: um campo político preocupado em manter o status quo
Aborto, o obscurantismo polonês
Diante da mobilização maciça das polonesas em outubro, o partido Direito e Justiça (PiS), atualmente no poder, renunciou ao projeto de estender a proibição do aborto aos casos de estupro e má-formação. A Polônia já tinha anulado a liberdade de escolha em 1993.
Entre o autoritarismo e a esperança democrática
Enquanto a agitação política e a guerra varrem o Oriente Médio, Argélia, Marrocos e Tunísia podem parecer um polo de estabilidade no mundo árabe. Isso se deve à natureza homogênea de seu poder e de sua população.Moulay Hicham
As ocupações se espalham… e as estratégias de repressão também
A nacionalização da tática das ocupações colocou um desafio aos dispositivos de repressão e aos governos de diferentes estados, que reagem de acordo com certos padrões que parecem se repetir. Em São Paulo, o aprendizado da derrota de 2015 representou para o governo uma sofisticação e um endurecimento do autoritarismo
Trabalhadores em educação resistem
As ações da CNTE e de entidades parceiras na luta contra a reforma do ensino médio – e contra a imposição do projeto neoliberal derrotado nas urnas – têm sido as mais diversas, com foco na conscientização das categorias de trabalhadores e no enfrentamento das pautas reacionárias nas ruas, no Congresso e no JudiciárioRoberto Franklin de Leão
Brasil: uma política educacional fundamentada em mitos?
Há vários mitos sobre a educação cuja aceitação é bastante ampla. Como consequência, tem-se um entendimento equivocado da realidade, que leva grande parte da população a julgar positivas propostas totalmente inadequadas. Desconstruir esses mitos é fundamentalOtaviano Helene, Marcelo T. Yamashita e Lighia B. Horodynski-Matsushigue
Uma política na contramão do trabalho
Diferentemente de seu passado recente, em que estavam amarradas ao investimento, hoje as desonerações são utilizadas muito mais para reduzir os custos de produção, assegurar a taxa média de lucro, dar folga no fluxo de caixa das despesas financeiras e comprar ativos no mercado financeiroJuliano Giassi Goularti
Masoquismo eleitoral
Em 2012, o “voto útil” conduziu adversários do neoliberalismo a escolher Hollande já no primeiro turno a fim de garantir o fracasso de Nicolas Sarkozy. Sabemos no que deu: as orientações principais do presidente vencido foram confirmadas por aquele que se elegera contra ele e a Frente Nacional virou o principal partidoSerge Halimi
Punk, anarquista e prefeito
Antes uma capital desanimada ao cair do dia, Reykjavík se tornou, com a explosão do turismo, uma cidade viva, alegre, dinamizada por diversos eventos culturais e um sentimento de segurança cujo efeito é contagioso. Acusados frequentemente de destruir a natureza, os visitantes tornaram a cidade mais ecológicaGerard Lemarquis
O quebra-cabeça norte-americano em Mossul
Devastadoras, as guerras no Iraque e na Síria implicam cada vez mais as potências estrangeiras. Após hesitar por muito tempo, Washington finalmente deu sinal verde para o Exército iraquiano e seus aliados retomarem o controle de Mossul, grande cidade do país comandada pela Organização do Estado Islâmico desde 2014Akram Belkaïd
Planos de saúde populares, desmonte do SUS e a arapuca Qualicorp
Se a nossa constituição traz a saúde como um direito de todos e dever do Estado, devendo este fornecer condições para o seu total acesso, por que existe o mercado de planos de saúde?Leandro Farias
Estados Unidos brincam com o perigo
Uma candidata tão experimentada e assessorada como Hillary Clinton pode ser derrotada por um homem brutal e controverso, inclusive dentro de seu campo político, como Donald Trump? Mesmo que não seja a mais provável, essa possibilidade, que dependerá do voto de uma América esquecida, não pode ser excluídaSerge Halimi
Piratas tomam a Islândia de assalto
Fortemente atingida pela crise financeira e pelo colapso de seu sistema bancário em 2008, a Islândia exibe hoje uma saúde econômica resplandecente. Se por um lado esse pequeno país conseguiu rapidamente se recompor afastando-se da ortodoxia liberal, por outro as promessas de refundação do contrato social ainda precisamPhilippe Descamps
Israel e a religião da segurança
Após os sangrentos atentados na França, muitos políticos apresentaram como modelo a gestão das questões de segurança realizada por Tel-Aviv. Porém, eles nem sempre falam dos efeitos negativos nos planos político, econômico e social. Na sociedade israelense, a resposta militar ao terrorismo já mostrou seus limitesGideon Levy
Gazprom, uma gigante sem controle
Maior companhia de gás do mundo, a Gazprom representa uma arma geopolítica importante para o Estado russo, mas a concorrência em seu mercado é cada vez maior, tanto no exterior como no interior do país.Catherine Locatelli
Os impactos da especulação com terras agrícolas no Brasil
O capital financeiro promove a “terceirização” dos negócios com terras, em analogia ao trabalho terceirizado predominante no corte de cana. De forma semelhante, fundos internacionais se isentam de responsabilidade por impactos causados com a especulação, já que não são proprietários diretos das terras, mas sóciosFábio T. Pitta e Maria Luisa Mendonça
Quem matou Berta Cáceres?
O assassinato de Berta Cáceres em 3 de março em Honduras provocou uma onda de indignação. A morte se junta à de numerosos militantes ameríndios e ecologistas contrários às barragens hidrelétricas que proliferam na América Central.Cécile Raimbeau
Novo desafio, nova perspectiva
Que atitude tomar diante do golpe parlamentar e da destruição de um legado civilizatório, construído em décadas de inúmeras parcerias entre as agências de cooperação internacional, como representantes de suas respectivas sociedades, instituições e governos, e os movimentos sociais e entidades da sociedade brasileira?Paulo Maldos
A irrelevância do direito
A irrelevância que a argumentação de crime de responsabilidade teve durante o processo de impeachment revelou que a nova ordem se impõe sob a irrelevância do direito, das instituições e da ConstituiçãoMarta Rodriguez de Assis Machado
Percepções e fatos sobre o autoritarismo no Sudeste Asiático
O que há de comum entre a ícone birmanesa Aung San Suu Kyi e o sulfuroso presidente filipino Rodrigo Duterte? Sua apresentação caricata pela mídia ocidental pronta para tomar partido de acordo com considerações morais. Já os povos do Sudeste Asiático normalmente mostram-se menos sensíveis às acusações de autoritarismoÉric Frécon
Como Erdogan domou o Exército
A estratégia de contenção de Erdogan para enfrentar o tradicional domínio dos militares sobre a vida política turca não impediu o golpe de julho. Vitorioso após essa prova de força, o presidente lançou uma vasta operação de expurgo para consolidar seu poder.Sümbül Kaya
Perigo amarelo na França?
Os investimentos franceses na China são seis vezes maiores que os chineses na França. Porém, enquanto em Pequim ninguém se preocupa com uma “invasão europeia”, a cobiça oriental assusta diversos comentaristas em Paris. Esse fluxo de capital estrangeiro, seria impossível na presença de uma política industrial ambiciosaMartine Bulard
Gibraltar, última colônia da Europa
Ao votarem maciçamente contra o Brexit, os habitantes de Gibraltar mostraram seu vínculo com a União Europeia, que lhes concede diversos privilégios e funciona como mediadora com a Espanha. Com superfície equivalente à de um bairro, o território é um dos mais ricos do mundo e o último a ser descolonizado na EuropaLola Parra Craviotto